25 de Abril: 50 Anos depois!

Alvalade na História

A freguesia de  Alvalade está intimamente ligada aos acontecimentos que levaram ao derrube da ditadura no dia 25 de Abril de 1974. O Jornal da Praceta não podia ficar alheio às comemorações dos 50 anos sobre este dia incontornável na história recente de Portugal . 

.O 25 de Abril passou por aqui (1974).

A revolta dos alunos dos liceus contra a ditadura (1973)

De Alvalade à Capela do Rato (1972)

Revolta dos Estudantes em 1962-1974

A Resistência à Ditadura em Alvalade

25 de Abril: 30 Anos depois!

O Jornal da Praceta quando passaram 30 anos sobre o derrube da ditadura publicou vários textos evocativos. Em 2004  a Câmara Municipal de Lisboa estava mergullhada num caos. O desvario era total: compadrios, corrupção e uma sucessão interminável de escandalos que pareciam não ter fim. Em muitos meios de comunicação social o negro período da ditadura (1926-1974) era abertamente branqueado, sob o pretexto de que "no tempo de Salazar" nenhuma das situações noticiadas aconteciam. Esqueciam-se da censura. Aguns dos texto que então publicamos foram escritos pela nossa antiga colaboradora Manuela Simões e o seu filho Eduardo Simões, moradores em Alvalade, cada um a seu modo destacou-se  no combatente pela liberdade, lutando contra a apatia e a resignação fatalista que a maioria da população vivia na ditadura. 

Largo do Carmo. 25 de Abril de 1974 A população de Lisboa saiu à rua, participando activamente com os militares no derrube da ditadura. foto: C.Gil.

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Lisboa. 25 de Abril de 1974. 

Milhares de pessoas nas ruas, acompanhavam os militares nas suas diversas operações incentivando-os e aplaudindo-os com visível alegria.

Largo do Carmo. 25 de Abril de 1974. Militares foram um cordão para permitirem a circulação das viaturas militares. Pouco depois sairá numa delas o último ditador de Portugal - Marcelo Caetano -, que se encontrava refugiado num quartel neste largo de Lisboa.

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Lisboa. 25 de Abril de 1974.FA participação do povo no derrube da ditadura, acabou por transformar um golpe militar numa revolução. Foto: João Antunes.

25 de Abril de 1974

 

" Desde o Arco (da Rua Augusta) ao Quartel do Carmo as mloulheres de Lisboa tomaram a seu cargo o abastecimento dos soldados em acção. Foram o povo e os soldados os heróis dos dias da libertação". Portugal Livre, Editorial O Sécu. Lisboa, 1974

.O Povo Saiu à Rua

No dia 25 de Abril de 1974 as ruas Lisboa e depois as de todo o país foram tomadas pela população. Durante os quatro ou cinco anos seguintes as ruas foram os locais privilegiados para a manifestação das diferentes posições políticas, mas também importantes espaços de convívio e criatividade.

Capa da revista O Século Ilustrado, de 4 de Maio de 1974

As comemorações do 1º. de Maio de 1974 constituíram um marco na cidade de Lisboa. O povo saiu à rua para manifestar a sua firme determinação em defender a Democracia. Imagens esta percorreram mundo.A mudança de regime político em Portugal marcou também o inicio da derrocada de muitas ditaduras em todo o mundo: Grécia (1974), Espanha (1975), Peru (1980), Argentina (1982), Uruguai (1983), Brasil (1984), Filipinas (1986), Coreia do Sul (1987), etc. A revolta, a partir dos anos 80, em muitos países controlado pela ex-União Soviética, acabou por conduzir ao seu colapso e ao fim de muitos outros regimes totalitários por todo o mundo. Em 1990 foi a vez de cair do regime ditatorial e racista da África do Sul.

Lisboa. 1 de Maio de 1974.

A alegria pelo fim da ditadura espelhava-se no rosto dos milhões de portugueses que saíram às ruas para festejaram o fim da ditadura.

Cartazes para todos os gostos. Desenho de Manuel Vieira. Jornal A Mosca. 22 Junho de 1974. As contínuas manifestações nas ruas eram um dos alvos preferidos dos humoristas.

Manifestação a favor da Independência das colónias e o regresso dos soldados. Algumas manifestações provocaram verdadeiros tumultos na cidade de Lisboa. Umas vezes era pelo número dos seus manifestantes, outras pelas razões que originavam os protestos. No dia 14 de Julho de 1974, a repressão policial de uma manifestação que exigia o regresso dos soldados das colónias originou um morto e vários feridos. Não se tratou de um caso único..Foto de C.Gil.15/7/1974.

 

Lisboa.1974

A alegria estava estampada nos rosto de todos os portugueses. O presente era incerto, as condições de vida miseráveis para a maioria da população, mas todos acreditavam que o futuro seria muitíssimo melhor num país onde o medo deixara de existir. As ruas de Lisboa transbordavam esta energia contagiante. 

Capa da revista Flama.29 de Agosto de 1975

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Um ano depois do 25 de Abril, a rua era agora palco de continuas manifestações a favor ou contra os vários modelos de organização política que estavam em confronto na sociedade portuguesa.   

Manifestação anarquista. Lisboa, Praça da Figueira.1975. As ruas tornaram-se em Lisboa rapidamente num forum de análise e discussão política.

A coisa pública despertava acesas discussões nas ruas, originando frequentes manifestações pró ou contra as teses em confronto. Todos sentiam a obrigação cívica de intervir nas decisões sobre o rumo do país. 

A Arte na Rua

Pintura mural. 1975

Os artistas plásticos entre 1974 e 1977 elegeram as ruas como um dos locais predilectos de acção, antes de se recolherem de novo às galerias e aos salões de exposição.

Pintura mural realizada por populares na cidade de Viseu.1974. Foto Alfa.

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As ruas encheram-se de murais e inscrições de todo o tipo. Muitos destes murais, pelo seu estilo, lembravam os executados durante a Revolução Cultural na China nos anos 60 do século XX.O MRPP, um partido de inspiração maoista, tornou-se particularmente conhecido como um partido de pintores de paredes, devido à quantidade e dimensão dos murais que executou em Lisboa.Muitos artistas plásticos organizaram-se em grupos para realizaram intervenções em espaços públicos. Entre eles destacam-se dois grupos:O Grupo Acre (Alfredo Queiroz Ribeiro, Clara Meneres, Lima Carvalho),em Agosto de 1974, pelas suas intervenções na ruas de Lisboa e Porto; o Grupo Puzzle (João Dixo), Carlos Carreiro, Albuquerque Mendes, Dario Alves, Armando Azevedo, Graça Morais, Jaime Silva, Pedro Rocha, Pinto Coelho, Gerardo Burmester), em 1975, pelas acções que realizou nas ruas do Porto. 

A Poesia Está na Rua. Cartaz de Helena Vieira da Silva. 1974

 

O 25 de Abril e o fim da Censura em Portugal

A Censura fez parte integrante da nossa História - raros foram os períodos em que ela não imperou, constituindo uma arma de defesa da Igreja e do Estado na luta contra as subversões doutrinárias ou políticas. Nos 48 anos do Estado Novo, esteve sempre activíssima em todas as vertentes culturais: literatura, teatro, cinema, música... Na imprensa periódica, onde ficou conhecida por "lápis azul" suprimia, alterava, adiava a saída de notícias com evidente prejuízo para jornais e revistas. Mais 

A Explosão da Imprensa: A população estava ávida de notícias, facto que fez disparar o número de edições e títulos dos jornais. Mais

Portugal: 1974 - 2004

Ao longo de 48 anos de ditadura os portugueses tornaram-se num povo triste e miserável que frequentemente se envergonhava si próprio. O único orgulho que diziam que possuía era o de ter um vasto império colonial, sustentado por uma guerra onde morriam, desde 1961, milhares de portugueses e combatentes pela libertação das antigas colónias.Muito se avançou em 30 anos, mas muito mais teria sido possível não fosse o desinteresse que se instalou entre a população pela vida política e a mediocre qualidade da maioria dos políticos. Estatísticas Comparativas: 1974 - 2004 : O que mudou em 30 anos? Avalie as profundas transformações que ocorreu no país em três décadas de democracia. Mais

Casamento do Pide no Pote de Água

Gaspar Santos, nosso colaborador, foi testemunha de um hilariante episódio que se passou em 1973 no Largo Frei Heitor Pinto. Dotado uma memória prodigiosa, pedimos-lhe para contar o que presenciou. O resultado é um texto que ilustra um tempo que por estes lugares muitos andam saudosistas. Mais