25 de Abril: 50 Anos depois!

Marcha da Liberdade

Professores e alunos na Avenida da Igreja. Foto: 22/03/2024

No dia do Agrupamento de Escolas, professores e alunos do 2º. Ciclo da Escola Básica Eugénio dos Santos resolveram comemorar da melhor forma, os 50 anos da Democracia em Portugal, com uma marcha na Avenida da Igreja. Foi uma manifestação de enorme simbolismo, numa altura que se multiplicam na freguesia e no país o número dos inimigos da liberdade, igualdade e da fraternidade entre os povos.

Alvalade na História

A freguesia de  Alvalade está intimamente ligada aos acontecimentos que levaram ao derrube da ditadura no dia 25 de Abril de 1974. O Jornal da Praceta não podia ficar alheio às comemorações dos 50 anos sobre este dia incontornável na história recente de Portugal . 

.O 25 de Abril passou por aqui (1974).

A revolta dos alunos dos liceus contra a ditadura (1973)

De Alvalade à Capela do Rato (1972)

Revolta dos Estudantes em 1962-1974

A Resistência à Ditadura em Alvalade

Semáforo do Campo Grande na Madrugada do 25 Abril de 1974

1971: Luiz Villas-Boas

Londres 1973: a derrocada da ditadura

O 1º. de Maio de 1974

O Povo saíu à Rua. O Jornal da Praceta quando passavam 30 anos sobre o derrube da ditadura publicou vários textos evocativos. Em 2004  a Câmara Municipal de Lisboa estava mergullhada num caos. O desvario era total: compadrios, corrupção e uma sucessão interminável de escandalos que pareciam não ter fim. Em muitos meios de comunicação social o negro período da ditadura (1926-1974) era abertamente branqueado, sob o pretexto de que "no tempo de Salazar" nenhuma das situações noticiadas aconteciam. Esqueciam-se da censura. Aguns dos texto que então publicamos foram escritos pela nossa antiga colaboradora Manuela Simões e o seu filho Eduardo Simões, moradores em Alvalade, cada um a seu modo destacou-se  no combatente pela liberdade, lutando contra a apatia e a resignação fatalista que a maioria da população vivia na ditadura.

Largo do Carmo. 25 de Abril de 1974. A população de Lisboa saiu à rua e participou activamente com os militares no derrube da ditadura. Foto: D.R.

O Largo do Carmo onde se refugiou o ditador Marcelo Caetano foi cercado por uma multidão, como registaram  Carlos Gil,  Alfredo Cunha, Eduardo Gageiro, João Antunes, Guilherme Silva, Félix do Nascimento Esteves e outros fotografos.

Largo do Carmo. 25 de Abril de 1974. Militares formaram, a custo, um cordão para permitir a circulação das suas viaturas. Ao fim da tarde entrará numa delas o último ditador de Portugal - Marcelo Caetano -, que se encontrava refugiado no quartel da GNR neste largo de Lisboa. Ninguém arredou pé enquanto não foi comunicada a sua rendição. Fotografia icónica.

Milhares de pessoas nas ruas, acompanhavam os militares nas suas diversas operações incentivando-os e aplaudindo-os com visível alegria. A participação do povo foi decisiva no derrube da ditadura e na transformação de um golpe militar numa revolução. Fotografia icónica.

Indiferentes ao perigo, os putos de Lisboa, a seu modo,  participaram também no derrube da ditadura. Foto: Alfredo Cunha

"Desde o Arco (da Rua Augusta) ao Quartel do Carmo as mulheres de Lisboa tomaram a seu cargo o abastecimento dos soldados em acção. Foram o povo e os soldados os heróis dos dias da libertação". Portugal Livre, Editorial O Século, Lisboa, 1974. As comemorações do 1º. de Maio de 1974 constituíram um marco na cidade de Lisboa. O povo saiu à rua para manifestar a sua firme determinação em defender a Democracia. Imagens como esta percorreram mundo. Mais

25 de Abril de 1974 - 25 de Novembro de 1975

Derrubada a Ditadura, seguiram-se anos de profunda transformação social resultantes de uma mudança de  mentalidades, descolonização e uma lenta consolidação de uma frágil democracia. Um processo complexo em que se destacaram antigos e actuais moradores de Alvalade, nem sempre pelos melhores motivos. Mais

 

A Arte na Rua

Pintura mural. 1975

Os artistas plásticos entre 1974 e 1977 elegeram as ruas como um dos locais predilectos de acção, antes de se recolherem de novo às galerias e aos salões de exposição.

Pintura mural realizada por populares na cidade de Viseu.1974. Foto Alfa..

As ruas encheram-se de murais e inscrições de todo o tipo. Muitos destes murais, pelo seu estilo, lembravam os executados durante a Revolução Cultural na China nos anos 60 do século XX.O MRPP, um partido de inspiração maoista, tornou-se particularmente conhecido como um partido de pintores de paredes, devido à quantidade e dimensão dos murais que executou em Lisboa.Muitos artistas plásticos organizaram-se em grupos para realizaram intervenções em espaços públicos. Entre eles destacam-se dois grupos:O Grupo Acre (Alfredo Queiroz Ribeiro, Clara Meneres, Lima Carvalho),em Agosto de 1974, pelas suas intervenções na ruas de Lisboa e Porto; o Grupo Puzzle (João Dixo), Carlos Carreiro, Albuquerque Mendes, Dario Alves, Armando Azevedo, Graça Morais, Jaime Silva, Pedro Rocha, Pinto Coelho, Gerardo Burmester), em 1975, pelas acções que realizou nas ruas do Porto. 

A Poesia Está na Rua. Cartaz de Helena Vieira da Silva. 1974

 

O 25 de Abril e o fim da Censura em Portugal

A Censura fez parte integrante da nossa História - raros foram os períodos em que ela não imperou, constituindo uma arma de defesa da Igreja e do Estado na luta contra as subversões doutrinárias ou políticas. Nos 48 anos do Estado Novo, esteve sempre activíssima em todas as vertentes culturais: literatura, teatro, cinema, música... Na imprensa periódica, onde ficou conhecida por "lápis azul" suprimia, alterava, adiava a saída de notícias com evidente prejuízo para jornais e revistas. Mais 

A Explosão da Imprensa: A população estava ávida de notícias, facto que fez disparar o número de edições e títulos dos jornais. Mais

Portugal: 1974 - 2004

Ao longo de 48 anos de ditadura os portugueses tornaram-se num povo triste e miserável que frequentemente se envergonhava si próprio. O único orgulho que diziam que possuía era o de ter um vasto império colonial, sustentado por uma guerra onde morriam, desde 1961, milhares de portugueses e combatentes pela libertação das antigas colónias.Muito se avançou em 30 anos, mas muito mais teria sido possível não fosse o desinteresse que se instalou entre a população pela vida política e a mediocre qualidade da maioria dos políticos. Estatísticas Comparativas: 1974 - 2004 : O que mudou em 30 anos? Avalie as profundas transformações que ocorreu no país em três décadas de democracia. Mais

Casamento do Pide no Pote de Água

Gaspar Santos, nosso colaborador, foi testemunha de um hilariante episódio que se passou em 1973 no Largo Frei Heitor Pinto. Dotado uma memória prodigiosa, pedimos-lhe para contar o que presenciou. O resultado é um texto que ilustra um tempo que por estes lugares muitos andam saudosistas. Mais

Recordatório: Exposições Alvalade 2024

"Existem pedras nos olhos", exposição de Alice Geirinhas. Quadrum, 21/02-28/04/2024

A partir da apropriação de publicações, videos e outros materiais esta artista propõe-nos uma reflexão  sobre a condição feminina, o seu tema de eleição. O título da exposição cita um poema de Maria Teresa Horta, editado em 1971, proibido e retirado das livrarias pela PIDE/DGS. Um video da RTP, mostra-nos algumas mulheres do Movimento de Libertação das Mulheres que se manifestram no Parque Eduardo VII, no dia 13 de janeiro de 1975. Através de uma encenação (performace) pretendiam chamar à atenção para as diversas formas de exploração das mulheres. Foram perseguidas por milhares de individuos, assumidamente machistas, que as tentaram violar. Uma jovem que por ali passava, alheia ao evento,  foi completamente despida e salva de ser violada por um jornalista indignado. Um jornal, publicado 8 anos depois do 1º. referendo sobre o aborto (1988), a artista coloca em destaque os números oficiais à pergunta: "Concorda com a despenalização da interrupção da gravidez, se realizada por opção da mulher nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?". Os resultados foram os seguintes: Abstenção: 5.786.586 (58,12%); Sim: 1.308.130; Não: 1.356.754; Brancos: 29.057; Nulos: 15.562. (sublinhados nossos). A exposição não se esgota nestas apropriações  e referências, mas tem nelas a sua dimensão mais inquietante.