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1º. de maio de 1974

 

 

Capa da revista O Século Ilustrado, de 4 de Maio de 1974

As comemorações do 1º. de Maio de 1974 constituíram um marco na afirmação da volnade popular. O povo saiu à rua para manifestar a sua firme determinação em defender a Liberdade e a Democracia. Imagens que percorreram mundo.

A mudança de regime político em Portugal marcou também o inicio da derrocada de muitas ditaduras em todo o mundo: Grécia (1974), Espanha (1975), Peru (1980), Argentina (1982), Uruguai (1983), Brasil (1984), Filipinas (1986), Coreia do Sul (1987), etc. A revolta, a partir dos anos 80, em muitos países controlado pela ex-União Soviética, acabou por conduzir ao seu colapso e ao fim de muitos outros regimes totalitários por todo o mundo. Em 1990 foi a vez de cair do regime ditatorial e racista da África do Sul.

Lisboa. 1 de Maio de 1974.

A alegria pelo fim da ditadura espelhava-se no rosto dos milhões de portugueses que saíram às ruas para festejaram o fim da ditadura.

A alegria estava estampada nos rosto de todos os portugueses. O presente era incerto, as condições de vida miseráveis para a maioria da população, mas todos acreditavam que o futuro seria muitíssimo melhor num país onde o medo deixara de existir. As ruas de Lisboa transbordavam com esta energia contagiante.

No Estádio do INATEL, em Alvalade, assistiu-se a alguns momentos simbólicos de unidade entre as várias forças políticas, nomeadamente os protagonizados por dois líderes políticos: Mário Soares (PS) e Álvaro Cunhal (PCP), na manifestação e na tribuna. Um ano depois o confronto era total.

Regresso a Alvalade 

As comemorações do 1º.de Maio em Lisboa estão intimamente ligadas à fregusia de Alvalade. O célebre 1º. de Maio de 1974 teve o seu ponto alto no Estádio 1º. de Maio. Voltou à actual freguesia em 2004, 2005 e 2006,  com a concentração na Alameda da Universidade de Lisboa.

 

 
 

 Av. Brasil. 2006

 Av. do Brasil. As vivendas ao fundo foram entretanto demolidas. 1/04/ 2006

1ª. de Maio de 2006. O Campo Grande voltou a ser o ponto central das comemorações do 1 Maio em Lisboa. Largas dezenas de milhares de pessoas reclamaram por mais emprego e maior dignidade no trabalho. O Jardim foi desta vez poupado á destruição que ocorreu em anos anteriores. A polémica "Feira" foi realizada junto á cantina da Cidade Universitária.

Av. do Brasil, 2005 

 Av. do Brasil, 2005

Campo Grande, 2005

1ª. de Maio de 2005. O Campo Grande voltou a ser o centro das comemorações do 1 Maio em Lisboa. A Alameda da Cidade Universitária foi pequena para albergar muitos milhares de pessoas que reclamaram por mais emprego e justiça social. Paralelamente, o Jardim foi de novo invadido por um grande número de feirantes, os quais perante a complacência da polícia, vandalizaram o que resta deste parque à muito abandonado pela CML. 

1º de Maio de 2004. 30 anos após o derrube da ditadura em Portugal, as comemorações do 1 Maio, em Lisboa foram marcadas uma impressionante manifestação entre o Estádio 1º.de Maio (na antiga Freguesia de S.João de Brito) e a Alameda da Cidade Universitário. Desde manhã bem cedo, que a animação era enorme no jardim do Campo Grande. Largas centenas de vendedores ambulantes, onde predominava os de etnia cigana, instalaram as suas tendas, bancas, carrinhas, etc., na relva e no que restava de canteiros de flores. Aqui se podia encontrar de quase tudo à venda. A impressão geral era de uma verdadeira feira, em tudo idêntica às descrições da antiga Feira do Campo Grande. Na parte da tarde, quando as largas dezenas de milhares de manifestantes vindos do Estádio 1º.de Maio , chegaram ao Campo Grande percorrendo parte da Avenida do Brasil, formou-se um imenso mar de pessoas, que de formas diversas faziam ouvir os seus protestos, em particular contra o desemprego e a política do actual governo, chefiado por Durão Barroso. Entre as organizações presentes, para além dos sindicatos, destacavam-se as organizações de apoio e solidariedade com os imigrantes, o povo Basco e o povo da palestina e do Iraque. Sinal dos novos tempos: as vozes das mulheres, ao longo do desfile, eram as que mais sobressaiam, não apenas gritando palavras de ordem, mas cantando canções de protesto. O palco para os discursos foi montado na Alameda da Universidade junto à reitoria. 

Av. do Brasil,  2004 

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Av. Brasil, 2004

 Av.do Brasil, 2004

 Av. Brasil, 2004

 Av. Brasil, 2004

Av.do Brasil, 2004

 Av. do Brasil, 2004

Alameda da Universidade , 2004 

Os jardins do Campo Grande, ruas e passeios foram transformados num enorme mercado ambulante, com as habituais tascas de comes e bebes.O resultado foi desastroso. 2004

Origem do 1º. de Maio

O dia 1º. de Maio está desde o século XIX intimamente ligado à luta dos trabalhadores por melhores condições de vida. Esta dia assinala uma série de greves, realizadas em 1886, nos Estados Unidos, com o objectivo de conquistar o dia de oito horas de trabalho. A 20 de Agosto de 1866, no Congresso Operário, em Baltimore, fora aprovado um documento que reivindicava a redução dos horário de trabalho. A luta dos trabalhadores americanos culminou nas greves de 1886.

Neste ano, em Chicago, as greves foram violentamente reprimidas, tendo no dia 3 de Maio, causado um morto e muitos feridos. A polícia, a soldo do patronato, acusou os trabalhadores pelo sucedido e prendeu os principais dirigentes operários. A 20 de Agosto de 1886, oito militantes operários compareceram ante o tribunal de Cook County, tendo sido julgados e condenados à morte. A dois deles, Fielden e Schward, foi a condenação comutada em prisão perpétua e a um terceiro a 15 anos de prisão. A sentença cumpriu-se a 11 de Novembro de 1887 sobre quatro dos detidos já que o outro, Ling, se suicidou na véspera do enforcamento.

Em 1893, e após um longo inquérito, o governador do Estado de Illinois reconheceu a inocência das vítimas de Chicago. Na cidade de Paris, em 1889, diversas organizações internacionais de operários consagram o dia 1º. de Maio como o dia internacional de solidariedade e luta dos trabalhadores, passando a ser comemorado na Europa no ano seguinte. Em Portugal, em 1887, o jornal anarquista Revolução Social relatava os acontecimentos de Chicago e iniciava uma campanha de solidariedade com os trabalhadores americanos. Em 1890 o dia 1º. de Maio passa a ser também comemorado em Portugal. Apenas em 1919 foi estabelecida em vários sectores económicos a jornada das oito horas de trabalho.

Pouco depois do derrube da ditadura a 25 de Abril de 1974, o 1º. de Maio foi declarado feriado nacional. Neste ano assistiu-se em todo o país a impressionantes manifestações. Em Lisboa mais de um milhão de pessoas participaram numa manifestação que percorreu a Av. Almirante Reis e terminou no Estádio da FNAT, que então passou a ser designado Estádio 1º. de Maio.