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Nova Temporada: 2023-2024

No dia 2 de Setembro de 2023 teve início anova temporada de remo na ANL-Remo. No dia sequinte saiam de Lisboa os veleiros da Tall Ships Races 2023 que celebra a primeira viagem de circunavegação, iniciada por Fernão de Magalhães. Dois eventos a que não podiamos faltar e que nos levam a recomendar a prática do remo no Rio Tejo. Mais 

 

Treinos

As regatas de Oxford-Cambridge difundiram o remo como um desporto moderno. A sua crescente popularidade ao longo de todo o século XIX, atraindo multidões, contribuiram para o aperfeiçoamento dos barcos de remo, com os quais foi possivel atingir velocidades estonteantes para época. Desde os primeiros jogos olimpicos da era moderna, em 1896, que o remo faz parte das suas modalidades de competição.

O remo, com uma tecnologia mais rudimentar, associado ao lazer desde tempos imemoriais que é praticado. Fascinou artistas e escritores, nomeadamente para exaltarem o herocidade de remadores no socorro a naufragos, a sua bravura nas lidas da pesca ou para os pintores enquadrarem bucólicas paisagens.

É natural que os treinos para competição sejam em locais com poucas distracções, longe de vias com tráfego automóvel e de casas, dado ser preciso manter a máxima concentração dos atletas. Os treinos das classes de lazer procuram aliar a actividade desportiva à fruição daquilo que a vista alcança, proporcionando conversas sobre o que se vê ou pode ser visto. Nos três clubes de Lisboa que temos tido privilégio de desfrutar do Tejo, as experiências foram muito diferentes.

No primeiro clube, após meses de treino no ergometro, tivemos apenas um treino de água (17/02/2019) do Cais do Gás até à entrada na Doca do Espanhol. A história foi curta, mas intensa.

No segundo clube, os treinos decorreram com regularidade ao longo da "pista da Junqueira" até ao Padrão dos Descobrimentos, pontuados por treinos nos tanques e exercícios no ergometro. No percurso no Tejo destacava-se perante nós as curvas ondulantes da MAAT -Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (2016), a imponente edificio da Central de Electricidade (1909-1972), desde 1990 museu da electricidade, a Estação Fluvial de Belém (1940), edificios da Exposição do Mundo Português (1940) e o Padrão dos Descobrimentos, uma estrutura efémera criada em 1940, a actual data de 1960. Havia agora muito para contemplar a partir do Tejo. A "performance" dos atletas era a prioridade nas duas equipas que nos acolheram.

O Rio Tejo de dia ou de noite oferece cenários de enorme beleza para os remadores.ANL

No terceiro e último clube, a prioridade é o "lazer". Os treinos, sempre a partir da Doca de Santo Amaro, conforme as condições do rio o permitem, são muito variados. Outros horizontes e experiências se abriram com os novos percursos que nos tem sido proporcionados.

1. Torre do Centro de Controlo de Tráfego Marítimo do Porto de Lisboa. A partir da embocadura da Doca de Belém e do Padrão dos Descobrimentos a linha do horizonte começa a expandir-se. Destaca-se o Museu de Arte Popular (1940) e a Torre de Belém (1514-1520) que avança sobre o Tejo como uma nau de guerra. O Forte do Bom Sucesso (1780), anuncia a sucessão de fortes que defendiam a entrada de Lisboa. A silhueta da Fundação Champalimaud, (5 de Outubro de 2010), a que se segue a Torre de Controlo (2001, arq.Gonçalo Birne). A ampla foz do Tejo revela-se na sua máxima extensão.

2. Doca do Poço de Bispo. A frente ribeirinha de Lisboa, historiada por Júlio de Castilho, aparece aqui em todo o seu esplendor.

O trafego maritimo neste percurso é maior, permitindo observar de perto barcos de grande tonelagem, incluindo cruzeiros.

De dia a vista da cidade é vibrante

... mas à noite também não lhe fica atrás.

3. Outra Banda. Se quiser ver Lisboa tem que ir ao outro lado, e descobrir um ponto bem alto. O barco não permite tanto, mas a atravessia do Tejo e o percurso desde o Porto Brandão à Mutela supera as melhores espectativas.

 

Mutela

Explorando a outra margem

Lisboa em toda a sua amplitude

Timoneiros

Os timoneiros são elementos fundamentais do remo. Cabe-lhe garantir a segurança da tripulações e a navegação dos barcos. Dadas as características do remo são eles os únicos que podem orientar as manobras barco porque sabem qual a rota que o mesmo está a tomar. No rio Tejo, com bastante tráfego maritimo, com ventos e vagas inesperadas, o conhecimento dos timoneiros é fundamental. Tenho inquirido antigos remadores sobre barcos de remos que se tenham afundado. Apenas um se lembrava de lhe terem contado um naufrágio de um yole de 4,  num passeio de Lisboa a Vila Franca de Xira, sem todavia saber quando terá ocorrido. Mais "frequentes" são barcos que ficam cheios de água. Vivemos uma destas situações. O timoneiro não seguiu as recomendações para a saída da doca. As manobras na doca devem ser feitas apenas a braços. Não observou atentamente o rio, nomeadamente para avistar a aproximação de outros barcos, ou detectar grandes ondas que se tenham formado na margem contrária. Avançamos "destemidos" barra fora. A alguma distância do ponto de partida vimo-nos perante grandes ondas que avançavam na nossa direcção. Recomenda-se que nestas situações o barco deve colocar-se paralelo ou perpendicular à onda ( no caso de terem pouca altura), mantendo os  remos em "pás de chapa" para equilibrar o barco. Não o fizemos e  entramos a remar a 45 graus. Resultado, o barco rapidamente ficou cheio de água, O treino foi curto, acabamos no pontão a tirar água. 13/09/2023.

Barcos na Água

As tarefas de verificar os estado dos barcos, os colocar na água, e depois dos treinos ou passeios os retirar da água, lavar e arrumá-los são quase sempre sentidas como tarefas penosas, sobretudo no caso dos yoles de 4 e 8. Muitos dos que praticam esta modalidade desportiva encaram estas tarefas como um sacrificio, que retira grande parte do prazer que sentiram a remar. No entanto, tenho constatado que é neste  momentos em que o trabalho de equipa e o espírito de entre ajuda é verdadeiramente posto à prova. Quando a tripulação de cada barco não sabe o que fazer, nem se manifesta disposta a executar as diversas tarefas necessárias, não raro tudo se complica. A sensação é que os barcos dobraram de peso e a rampa por onde o barco sairá da água tornou-se subitamente interminável.

Férias

No mês de Agosto pára tudo... menos no remo. Na ANL é altura ideal para conhecer novas pessoas. As equipas são formadas por quem por lá aparece (sábados, segundas e quartas -feiras). No dia 15 de Agosto de 2023 tivemos a sorte de ter dois fantásticos timoneiro(a)s, a iniciante Gabriela e o veterano João Prata que marcou a cadência do yole de oito remadores com sonoras e precisas indicações: " Devagar na ida à frente. ...up! ...up! ...up! ...up! ...up!"

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