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Federação Portuguesa de Remo

No dia 29 de Setembro de 2023, pelas 19h30 teve inicio 8  congresso. Começou da melhor forma com uma palestra online de Rui Alexandre Amaro sobre os grandes números do remo em Portugal no período entre 2015 e 2022. Há muito a dizer sobre os quadros apresentados, a nossa síntese é a seguinte: 

A primeira conclusão que se destacou foi a diminuição do número global de praticantes, passando de 1800 para pouco mais de 1400. O número de atletas femininas praticamente manteve e até registou um ligeiro aumento. Como foi notado verifica-se todavia que um grande número de atletas e até de treinadores  não estão inscritos na FPR !  Neste sentido, os números são indicativos, mas estão longe corresponderem à realidade.   

A segunda coclusão é sobre os vários escalões.  Os números de 2022 são muito expressivos sobre a prática do remo em Portugal: A maioria dos praticantes são veteranos (38%), seguindo-se os juvenis (16%), iniciados (13%), júnior (11%), séniores (11%), infantis (8%), benjamins (2%) e Para-Remo (1%). Com esta estrutura de praticantes  é  evidente é extrema dificuldade de organizar campeonatos, nomeadamente de juniores e séniores em todas as categorias nas provas do campenonato nacional de velocidade. Dois dos grupos cujos número de praticantes desde 2015 não tem vindo a diminuir.

A terceira conclusão  diz é sobre a distribuição distrital dos praticantes, não se registando grandes mudanças. Em 2022 os quadro era o seguinte:  O Distrito do Porto (26%) concentra o maior número de praticantes, seguindo-se Coimbra (20%), Lisboa (18%), Viana do Castelo (17%), Setubal (9%) e Aveiro (9%).      

A quarta conclusão é a fraca retenção (fidelização) dos atletas aos clubes. Todos os anos abandonam as competições mais de 30% dos atletas, o que tem sido parcialmente compensado pela entrada de novos atletas todos os anos. A rotação é enorme neste desporto. Esta conclusão gerou alguma discussão, tendo sido referido o fenómeno frequente no remo internacional. Foram igualmente referidas outras explicações para este abandono: deficiente organização dos clubes, limitada distribuição dos clubes de remo pelo país, um calendário desportivo pouco apelativo, etc.

Continua...

Para não ficarmos pelos clubes...

No final do século XIX era grande o entusiasmo pelo remo. Abel Power Dagge, em 1884, aproveita a ocasião para organizar o primeiro campeonato de remo em Portugal, cujas provas eram realizadas em Lisboa e Cascais. A ideia de um campeonato acabou por impor-se com a disputa de uma taça: a Taça Lisboa.

A mítica Taça Lisboa

Em 1904 realizou-se uma espécie de campeonato nacional - a Taça Lisboa -, para o qual foi estabelecida uma convenção entre a ANL, CNL, o Clube dos Aspirantes da Marinha e o Clube Naval Madeirense. Para aplicação das regras acordadas foi criado um "conselho permanente" base da futura Federação Porrtuguesa de Remo.

A disputada da Taça Lisboa, como dissemos, levou ao rubro as rivalidades entre o CNL e a ANL. Esta rivallidade não tardou a esbanter-se com a concorrência de outros clubes, como é notório observando a estatística dos vencedores. Nos primeiros cinquenta anos, a Associação Naval de Lisboa foi o clube com mais vitórias (9), seguido da Associação Naval 1º. de Maio da Figueira da Foz (7), Sporting Clube Caminhense (7), Clube dos Galitos de Aveiro (7), Clube Naval de Lisboa (6), Sport Clube do Porto (3), Clube Naval Madeirense (2), Ginásio Clube Figueirense (2), Clube Naval Portuense (2), Clube Naval Setubalense (1), Ginásio Clube Português (1). A Taça foi disputada em vários rios, na albufeira do Ermal (alto Minho), lagoa de Óbidos e na pista do Rio Novo do Principe (Aveiro).

Nos últimos cinquenta anos os clubes de remo do norte de Portugal somam vitórias da Taça Lisboa

A ideia da criação de uma federação de clubes de remo não tardou a surgir acompanhando a tendência de outras modalidades desportivas em Portugal e por toda a Europa.

Em 1892, perante a popularidade que o remo desfrutava, representantes da França, Suiça, Bélgica, Adriático e da Itália, decidiram fundar em Turim a Fédération internationale des sociétés d'aviron (FISA), com o objectivo de uniformizar os regulamentos para as competições de remo (comprimento da regata, composição do barco e peso das classes). Depois de 1922 a sua sede passou a ser em Lausane. Em 1893 organizou o primeiro Campeonato Europeu de Remo e em 1962 o campeonato mundial.

O remo desde 1896 que o remo passou fazer parte das modalidades olímpicas, mas reservada apenas para homens até 1976, os únicos que podiam competir.

A Federação Portuguesa de Remo foi criada em 1920, por ocasião do Congresso Nautico Português que se realizou no Porto. Sem grandes meios ou apoio, a sua primeira sede ficou no Clube Fluvial do Porto. No ano seguinte rumou para Lisboa. Primeiros clubes federados: ANL (fundado em 1856), CNL (f.1891), Clube Fluvial Portuense (f. 1876), Associação Naval 1º. de Maio (f. 1893), Sport Clube do Porto (f.1904 ) e Ginásio Clube Figuerense (f.1895 ). A estes seguiram-se pouco depois o Clube Naval Setubalense (f.1905 ), Sport Algés e Dafundo (f. 1915), Vitória Foot-Ball Clube de Setúbal (f.1910) e o Clube Escola Nautica do Porto.

Fruto deste movimento associativo, em 1922, integrou a FISA e começava a participação de clubes portugueses em campeonatos internacionais. Os resultados obtidos superam o que seria expectável, dado o fraco investimento em infra-estruturas e apoios concedidos aos atletas de alto redimento.

O Sport Clube do Porto foi o primeiro clube de remo a representar Portugal em provas internacionais.

Campeonatos europeus. Os primeiros que Portugal participou foi em Como (Itália, 1923), seguindo Lucerna (Suiça, 1926). 2010: a dupla Nuno Mendes e Pedro Fraga conquistam uma medalha de prata; 2013: Pedro Fraga- Campeonato da Europa de Indoor Pesos Ligeiros 2014: Pedro Fraga, campeão Europeu na categoria de Skiff Ligeiro (LM1X)

Campeonatos mundiais. A partir dos anos noventa do séculos XIX, começam a alcançados os primeiros resultados mundiais, tais como: em 1990 primeira medalha na Taça das Nações com tripulação feminina; 1994, a primeira medalha num campeonato do mundo (Indianapolis); em 1999, uma tripulação masculina conquista o primeiro título mundial, no Campeonato do Mundo de Juniores - Douple Skull (Bulgária). Em 2011, a dupla Nuno Mendes e Pedro Fraga, conquistam em Hamburgo a primeira medalha de sempre de Portugal numa taça do mundo de remo. Em 2013, Pedro Fraga, atleta de excepção, vence duas provas mundiais.

Nesta primeira participação olímpica, as equipas portuguesas em Shell 4 atingiram os quartos de final e em Shell 8, as meias finais.

Jogos Olimpicos. Portugal ficou de fora dos primeiros campeonatos olímpicos. Faltava uma estrutura de apoio à formação e participação do atletas em eventos internacionais. Em 1914 foram organizados os primeiros Jogos Olímpicos Nacionais em Remo. A partir de 1948 começa a participação portuguesa nos jogos olímpicos (Londres, Galitos de Aveiro e Sporting Caminhense), ficando em 5º. lugar entre 10 países participantes, coroando um longo percurso nesta modalidade desportiva. Voltou a participar em 1952 (Helsinquia), 1960 (Roma), 1972 (Munique), 1992 (Barcelona), 1996 (Atlanta), 2008 e 2012. O melhor registo foi o 8º. lugar da geral em 2008 e o 5º em 2012 (Pedro Fraga). Das precárias condições destas participações olímpicas até aos anos setenta ficou-nos o testemunho de João de Sousa d`Os Galitos (Memórias de um Remador Olímpico, Aveiro, 2000).

Portugal reune excelentes condições para a prática do remo durante os 12 meses do ano, e não faltam centros de treino e locais para o fazer. No entanto este enorme potencial está pouco aproveitado, como se infere das conclusões dos vários congressos nacionais do remo: 1985 (Figueira da Foz), 1989 (Coimbra), 1997 (Vila do Conde), 2000 (Aveiro), etc.,e o que tem sido salientado em estudos económicos sobre o turismo nautico.

Em 2021 estavam federados 31 clubes, 387 mulheres e 990 homens, sem contar com 32 treinadores e 18 arbitros. Durante o periodo da pandemia (2020 e 2021), registou-se diminuição de 237 atletas federados, sobretudo de homens.

Rankings

A conquista da Taça Lisboa desde 1904, pela sua dimensão mitica, pareceu-nos uma boa referência para avaliarmos os diferentes clubes de remo em Portugal. Manuel Pita, advertiu-nos que poderiamos estar a cometer um erro. O melhor indicador seriam os rankings estabelecidos desde 1989. A ANL surgiu em primeiro lugar neste ano e no seguinte. Não tardou muito a impor-se em primeiro lugar o nome uma grande potência do remo desde os anos sessenta: o Clube Naval Infante D. Henrique na freguesia de Valbom, concelho de Gondomar. Desde 2010 até 2022 quase sempre obteve o primeiro lugar no rankings de clubes. No segundo foi ocupado quase sempre pelo VR do Lima. A ANL, a Acad. de Coimbra ou o Caminhense tem igualmente surgido em lugares de destaque.

Centros e Pistas de Remo

Não fosse a umbilical ligação de Portugal ao mar e a prática do remo já teria desaparecido, tão poucas têm sido os apoios a esta actividade.

1. Pista da Junqueira (Lisboa)

2. Centro e Pista Internacional de Remo - Montemor-o-Velho. Medidas: 2200 metros de extensão, 135 de largura e 3,5 de profundidade.

3. Barragem do Ermal (Vieira do Minho). A barragem construída em 1938 tornou-se em pouco tempo palco de diversos campeonatos nacionais.

4. Barragem do Maranhão (Avis)/Herdade da Cortesia.

5. Centro de Alto Rendimento de Remo do Pocinho. Magnificas instalações inauguradas em 2016.

6. Lagoa de Óbidos. Em 1947 realizou-se aqui o Campeonato Nacional de Remo, temndo sido construída uma pista e diversas estruturas próximo das margens da Foz do Arelho.Tudo desapareceu. Em 1985 realizou-se nesta lagoa o Iº. Troféu Internacional de Remo, com a participação das universidades de Cambridge e Oxford. Em 1988 foi realizado uma prova do Campeonato Nacional de Velociadade.

7. Pista de Canoagem e Remo da Mina de São Domingos (Mértola).

8. Pista Olímpica de Remo e Canoagem do Rio Novo do Príncipe, em Cacia (projecto).

9. Pista de Melres (Gondomar, rio Douro)

Impressões

No dia 24 de maio de 2023, pelas 16h00 visitamos pela primeira vez a Federação Portuguesa de Remo. Não foi fácil a sua localização. O edificio, um antigo posto da Mocidade Portuguesa na Doca de Santo Amaro, não tem qualquer placa que o identifique como sede da Federação. Foi um operário que no R/C fazia obras para instalação de um clube de manutenção que nos indicou o acesso. No interior do edificio percebemos a razão de tanta discrição: Uma completa desarrumação, onde é possivel ver documentação misturada de trastes de todo o tipo. Um espaço pouco cuidado e dignificado. O cenário repetiu-se no primeiro andar, onde trabalhavam três amáveis funcionários. O nosso objectivo era obter informações sobre a Taça Lisboa. O que vimos causou-nos uma forte impressão, e logo surgiu a necessidade de encontrar uma explicação para semelhante abandono da sede de uma federação centenária.

 

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