Início - CNL - Ferroviário - ANL - Treinos - Passeios - Regatas - Federação - Remadores

 

Botes Beleeiros - Açores

 

A ANL em colaboração com o Clube Nautico das Lages do Pico tem proporcionado aos seus membros memoráveis remadas nos históricos botes baleeiros dos Açores. É uma experiência única no mundo.

Regata nas festas do Bom Jesus Milagroso em São Mateus, Ilha do Pico. 5 de Agosto de 2023

Ao longo da costa de Portugal continental não faltam referências a baleias. No terceiro quartel do século XVIII, os portos açorianos, principalmente os ancoradouros da ilha das Flores e a baia da Horta passaram a receber dezenas de barcos baleeiros da América do Norte. Milhares de açorianos começaram a ser contratados como baleeiros por companhias da Nova Inglatarra (EUA). Apesar desta incorporação de mão-de-obra, a industria para a pesca e transformação dos cetáceos nos Açores só se desenvolveu no final do século XIX, em especial na Ilha do Pico. Em São Roque, em 1946, as três armações que existiam deram origem à Sociedade das Armações Baleeiras Reunidas - Vitaminas, Óleos, Farinhas e Adubos, tendo como objectivo aumentar as capturas dos cachotes e o seu aproveitamento integral. Para se ter destas capturas basta dizer que entre 1896 e 1949 foram mortas nos Açores, e em particular na Ilha do Pico, 12 mil baleias. O ano de 1955 representou o ponto máximo desta caça que terminou em 1984, iniciando-se a partir daí a conversão desta actividade e o aproveitamento do seu legado histórico.

Os construtores navais açorianos não se limitarem seguir o modelo dos botes baleeiros americanos, adaptararm-nos às condições da faina ao largo do arquipélago. Os botes açorianos são de maiores dimensões, com 11,5 metros de comprimento e 2 metros de largura usados remar e velejar. As velas eram utilizadas para chegar mais rapidamente às baleias, sendo depois arriadas e passando depois a ser usados os remos, que facilitavam maior capacidade de manobra durante a caça.

O fim da pesca da baleia foi inteligentemente aproveitado na Ilha do Pico para a conversão das antigas instalações fabris, barcos e o aproveitamento da longa experiência nesta faina para a criação de museus, centros interpretativos, empresas para avistamento de cetáceos (baleias, golfinhos...), fundação de clubes nauticos que promovem esta prática desportiva (remo e vela) e organizam um programa anual de regatas, articulado com festividades locais.

Para que conste: a regata de remo feminino em São Mateus foi ganha com o bote S. Pedro, com uma campanha do Clube Nautico Aliança Calhetense.

Na Iha do Pico, por exemplo, surgiram os seguintes clubes nauticos: Clube Nautico das Lages do Pico (1978), Clube Naval de São Roque (1989), Clube Nautico das Ribeiras/Santa Cruz (2001), Clube Nautico de São Mateus (2008), Clube Nautico Aliança Calhetence (2012) e o Clube Naval de S. João (2016).

A primeira regata de botes baleeiros nos Açores ocorreu em 1901, por ocasião de uma visita do rei D. Carlos à cidade da Horta (Faial). Nas últimas décadas foi organizado um programa anual de regatas. Entre os botes vencedores, a remo e a vela, tem-se destacado Maria Armanda do Clube Naval de Lages do Pico, sob a liderança do oficial Filipe Fernandes. Do programa da Rota dos Baleeiros de 2023 constavam as seguintes regatas: Terra Baleeira (17 de Junho), Regata de São Batista- São João (1 de Julho), Festa da Filarmónica da Calheta (8 de Julho), Cais Agosto (29 de Julho), Terra Bom Jesus- São Mateus (5 de Agosto), Semana do Mar (12 de Agosto), João Batista - Medina Ribeiras (19 de Agosto), Semana dos Baleeiros (22 de Agosto), Capelo (2 de Setembro), Ponta da Ilha (22 de Setembro).

A caça das baleias nos Açores inspirou grandes escritores como Herman Melville (Moby Dick, 1851) e pintores como Benjamin Russel (1804-1885) e Caleb Purrington (1812-1876), de cuja colaboração resultou o célebre Panorama (1846-1848).

Início - CNL - Ferroviário - ANL - Treinos - Passeios - Regatas - Federação - Remadores