Início - CNL - Ferroviário - ANL - Treinos- Passeios - Regatas - Remadores
 

Descida do Guadiana

(8, 9,10 e 11 de Junho 2024)

 

Rio Guadiana.

Nasce na província espanhola de Ciudad Real, percorre 744 km até desaguar no Golfo de Cádiz entre Vila Real de Santo António e Ayamonte (Espanha). Em dois troços do seu percurso, 502 km correspondem a território espanhol, 140 km a português e cerca de 100 km a zona fronteira. Demarca a fronteira entre os dois países, primeiro da confluência com do Rio Caia até à ribeira de Cuncos e depois do Pomarão (confluência do Rio Chança) à foz. No primeiro troço, a fronteira não está demarcada devido ao lítigio de Olivença, uma vila portuguesa ocupada pela Espanha em 1801, e nunca devolvida. O rio é navegável desde o Pomarão, numa extensão de 60 km.

Nome: Cheias: Entre as cheias que ocorreram, uma está particularmente  assinalada em Mértola e Alcoutim: 1876 

Dia 8. Mértola. Clube Naval

Mértola. Mirtílis romana, Mirtolah árabe e Mértola portuguesa assim foi denominada este povoação, cujos vestígios de ocupação remontam ao neolítico. Foi um importante entrepostos comercial fenício, cartaginês e romano. Estes deixaram aqui muitos testemunhos da sua presença, como um cais acostável. Exploraram na zona minas de cobre. Passava por Mártola a via romana de ligava a Paz Júlia (Beja), a Baesuris (Castro Marim), e dali derivava para Balsa (Tavira), Ossónoba (Faro), ou para Ilipula (Niebla), Itálica (Sanlucar la Mayor) e Hispalis (Sevilha). Da ocupação visigótica temos também vários achados. No período muçulmano (711- 1238), o seu porto fluvial teve grande importância económica. No século XI foi capital de emirato, Taifa de Mértola. Data desta época a sua singular mesquita, com o mihrab indicando a direcção de Meca. A reconquista de Mértola no reinado de D. Sancho II, em 1238, deve-se a Paio Peres Correia, cavaleiro da Ordem de Santiago e futuro mestre peninsular.

A Ordem de Santiago foi fundada em Cáceres em 1170, com apoio de Fernando II de Leão, entrou em Portugal em 1172, assumindo um papel de destaque na guerra dos cristãos contra os muçulmanos. Como recompensa pela sua acção, D. Afonso Henriques dou-lhes Alcácer do Sal (1175).Tendo aí estabelecido a sua primeira "sede" em Portugal, Foi destruida em 1191 pelos muçulmanos e restabelecida em 1217 com a reconquista definitiva de Alcácer neste ano. Paio Peres Correia, comendador-mor, empreendeu a partir desta povoação uma acção militar da qual  resultou na conquista de Aljustrel (1235), Mértola, e no Algarve de localidades como Castro Marim, Cacela, Estombar, Alvor, Tavira, Silves e Aljezur e, com D. Afonso III, Faro. Em Espanha teve grande destaque na conquista de Sevilha. Mértola, como posto avançado na guerra, passou a ser a sede da Ordem (c.1245- c. 1303), regressando a sede a Alcácer até que em 1482 foi transferida para Palmela. Como reconhecimento pela sua acção militar na reconquista, Paio Peres Correia foi eleito mestre geral de toda a Península (1242-1275). No reinado de D. Dinis a Ordem em Portugal tornou-se finalmente independente. Na Torre de Menagem de Mértola, sobre a porta, numa inscrição, pode ler-se: “Esta torre mandou fazer Dom João Fernandes primeiro mestre (da Ordem de Santiago) que houve em Portugal. Era de 1330” (1292). 

Desde meados do século XIX, as minas de são Domingos alimentavam a economia local, com o fim da sua actividade, assistiu-se à decadência desta região. Nos anos oitenta do século XX, Mértola voltou a adquirir grande visibilidade graças ao seu "campo arqueológico" (Cláudio Torres).

Dia 9. Pomarão. Puero de la Laja. Alcoutim

Pomarão.  A região está inserida na chamada Faixa Piritosa Ibérica, pelo menos desde os tempos da presença romana neste território era extraídos de minérios como ouro, prata e cobre neste território. Em 1854 a empresa britânica Mason & Barry iniciou a sua actividade nas jazigos da Mina de S. Domingos, onde extraiu grandes quantidades de cobre, zinco, chumbo e enxofre. Entre 1859 e 60, construiu em Pomarão dois cais de embarque para o transporte por via fluvial de manganés, cobre e chubo. O cais estava ligado à mina por uma linha férrea com 17 km de extensão. A extracção manteve até 1968.

 

Alcoutim. Subsistem vestígios da sua ocupação desde o neolítico (5000 a.c, os mais antigos artefactos). A presença dos romanos está assinalada no século II. Nas proximidades, a mina de Cortes Pereira tem vestigios de mineração romana. Os muçulmanos entre os séculos IX e XIII. Foi conquistada no reinado de D. Sancho II. Em 1272, como integrava o termo de Cacela, passou para a posse da Ordem de Santiago. D. Dinis mandou povoar o local, dando-lhe foral em 1304. O castelo novo foi erguido no tempo de D. sancho II, reedificado por D. Dinis (1304), sendo sucessivamente melhorado devido à sua importância estratégica. Durante a guerra de restauração (1640-1668) a sua defesa foi reforçada. Tem duas linhas de muralhas, a última a meio da encosta protegia uma pequena povoação. O castelo velho (muçulmano), edificado no século IX, situa-se mais a norte, não foi totalmente abandonado tendo recebidoi obras no século XIII. A Igreja de São Salvador (matriz) é uma das primeiras construções renascentistas do Algarve (1538-1554), um brasão dos senhoras da vila: os condes de Alcoutim. Capela de Nª. Srª. da Conceição, sobranceira à vila, tem um portal manuelino. A Igreja da Misericórdia data do século XVI, cujas várias cheias do Rio Guadiana provocaram grandes estragos nos seu património. Junto ao rio, nas proximidades, encontra-se a povoação do Montinho das Laranjeira (vila romana, basilica visigótica).

 

Dia 10. Castro Marim. Vila Real de Santo António

Castro Marim. Do castelo mouro, conquistado em 1242 por Paio Peres Correia, subsistem vestígios no interior do castelo mandado erguer por D. Afonso III, com um estrutura semicircular. Foi reparado e aumentado em 1640. Dentro do castelo encontrava-se a Igreja de Santiago, matriz até 1755, quando ruiu. No século XVIII foi edificada a Igreja de Nª. Srª. dos Mártires que passou a servir de matriz. Foi a primeira sede da Ordem de Cristo (1319-1334), que sucedeu à Ordem dos Templários. A sua presença visava consolidar o sistema defensivo do Reino do Algarve e situado na fronteira marítima com Marrocos e nas proximidades do Reino de Granada. Pertenciam à Ordem na região Junqueira e Monte Gordo. O Infante D. Henrique, recorde-se, em 1417, foi nomeado governador e regedor da Ordem de Cristo. Para além do castelo, D. João IV, mandou edificar o Forte de S. Sebastião, no serro do cabeço.

O rio a partir daqui extravasa par as margens, inunda os campos, numa mistura de sapais e salinas. No sapal de Castro Marim, reserva natural, nadifica o perna-longa.

Vila Real de Santo António. Antes de 1755 nenhuma povoação se assinalava neste local, apenas mais a sul destacava-se a povoação piscatória de Monte Gordo, com cerca de 5 mil pescadores e as suas famílias. Marquês de Pombal decidiu erguer de raiz uma vila iluminista frente a Ayamonte (Espanha. Tomada em 1239 por D. Sancho II). Os engenheiros militares secaram os terrenos, e o próprio Reinaldo dos Santos, assessor de Eugénio dos Santos em Lisboa, se encarregou dos planos da construção da vila.

Exigiu que os habitantes de Monte Gordo se mudássem para a sua vila, mas estes recusaram-se a obedecer às ordens do marquês, preferindo emigrar. Foi aqui instalada uma paróquia, comarca, alfandega, a Companhia das Reais Pescarias, etc. Foi construido um porto, plantou-se pinhais e amoreiras para alimentar a construção naval, tudo o que era necessário para criar uma florescente povoação. Com o afastamento do poder do marquês, a vila foi abandonada. A partir de finais do século XIX a situação mudou. A abundância de atum atraiu novos barcos de pescas e industriais. Um deles foi Angelo Parodiu, de Génova. Em 1879 instalou aqui a primeira fábrica de conserva - a Fábrica Santa Maria. Outras se lhe seguiram de atum e sardinha.

No lado português, os pinheiros mandados plantar por marques de pombal chegam até à água.

Dia 11. Regresso

 

Início - CNL - Ferroviário - ANL - Treinos - Passeios - Regatas - Remadores