À Conversa com José Amaral Lopes
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O ponto de encontro, no dia 17/09/2021, pelas 16h30, não podia ser mais significativo: o Café Luanda. Natural desta cidade angolana, católico e militante do PSD desde 1982, como fez questão de sublinhar, considera que está numa freguesia que pertence pela sua "natureza" ao PSD e CDS. A conversa, como se verá, pairou sobre sobre a psicologia do povo português, ética e filosofia da política, os seus contactos internacionais, terminando na necessidade de recuperar os antigos "guardas nocturnos". Mais
Síntese da Campanha da Rua
O dia 18 de Setembro (sábado) marcou o inicio efectivo da campanha de rua em Alvalade com as tradicionais "arruadas". O PS e o PSD/CDS trouxeram as suas "figuras mais mediáticas", mas não foram os únicos que estiveram na rua. Mais
A coligação Mais Lisboa - Mais Alvalade (PS, Livre), com os incansáveis António José Borges e José Ferreira percorreram toda a freguesia num contacto directo com os moradores, associações e instituições. Nestas eleições decide-se a sua continuidade à frente da Junta de Alvalade. Mais
A CDU (PCP, Os Verdes) nestas eleições para a Assembleia de Freguesia centrou a campanha na necessidade de retirar o Aeroporto de Lisboa e num contacto com os trabalhadores e moradores . Mais
A Coligação Novos Tempos (PSD, CDS e outros) depois do dia 18/09/2021 praticamente reduziram a campanha à distribuição de panfletos na rua, caixas do correio e parabrisas. Assinalamos a entrevista com José Amaral Lopes ao Jornal da Praceta , aqui.
O Bloco de Esquerda tendo à frente em Alvalade um ativista ambiental e um médico de saúde pública, percorreram todas as ruas da freguesia. Um facto inédito. Lutam pela eleição de dois lugares na assembelia de freguesia. Mais
O PAN viu a sua campanha prejudicada em Alvalade quando Helena Costa, cabeça de lista foi obrigada a ficar retida em casa. Registamos o seu texto sobre as razões que a motivaram a concorrer à Assembleia de Freguesia. Mais
Mudar Alvalade, uma candidatura liderada por Nuno Lopes, empenhou-se a fundo a divulgar o o seu programa eleitoral para a freguesia. Mais
Programas Eleitorais
Na freguesia de Alvalade de acordo com o último censo vivem 33 mil pessoas, um número que supera muitos dos concelhos de Portugal. É reconhecidamente uma freguesia com boas infraestruturas e equipamentos públicos. Não lhe faltam potencialidades a desenvolver e naturalmente problemas a resolver. As eleições autárquicas por envolverem questões que são muito próximas dos eleitores os programas eleitorais são supostamente mais facilmente avaliados.
A sua análise permitem-nos avaliar, por exemplo, o conhecimento que os candidatos tem de todo o território que se propoem gerir, as soluções concretas que apresentam e os interesses públicos ou outros que defendem. Analisando as várias candidaturas a Alvalade é possivel desde já afirmar que algumas não conhecem a freguesia, limitando-se a apontarem situações particulares em locais muito centrais. O que andam à procura estas candidaturas partidárias ? A resposta mais imediata é pretendem conquistar ou garantir posições no xadre politico da Lisboa, ou assegurarem o seu eleitorado. Na prática nenhum contributo trazem para mellhorar a vida de quem aqui vive ou/e trabalha.
Os programas que até agora foram apresentados (6/09/2021) podem ser hierquizados de acordo com o grau de conhecimento que revelam da freguesia (território, situações concretas, perspectivas de desenvolvimento, etc). Um factor a ter em conta é a residência dos candidatos. Não faltam listas de "paraquedistas".
- O PS (Mais Lisboa-Mais Alvalade), Mudar Alvalade e Bloco de Esquerda foram até agora as únicas candidaturas a apresentarem programas com propostas concretas para a freguesia. O PAN fez-nos chegar apenas no dia 16/09/2021 o seu programa, com duas ou três propostas concretas na freguesia.
- O PSD/CDS (Novos Tempos) limita-se a repetir, com algumas pequenas alterações o Programa de Carlos Moedas para Lisboa. O objectivo é centrar as atenções no candidato à Câmara Municipal de Lisboa. Trata-se de uma "economia" de meios progandisticos, mas revelada de um total desprezo pelos problemas especificos de cada freguesia. A "arruada" no dia 18/09/2021, como constatamos, confirmou esta estratégia: o candidato à presidência da Junta de Alvalade foi complemente ignorado. A Iniciativa Liberal apresenta um programa com propostas igualmente vagas.
- O PC, seguiu a mesma estratégia do PSD/CDS de modo a promover a candidatura de João Ferreira à CML. O programa enviado no dia 18/09/2021 corrige em parte esta orientação.
- O Chega não apresentou nenhum programa eleitoral para a freguesia.
O conhecimento destes programas não elimina a eleição de candidatos que são uma verdadeira fraude. Ainda no mandato anterior, assistimos as candidatos que uma vez eleitos foram logo substituídos, outros que nem sequer compareciam nas assembleias de freguesia, outros ainda que remeteram a um profundo silêncio esquecendo os seus públicos compromissos. O mais grave é todavia quando para uma Junta é eleito um "bando" de incompetentes, cuja nefasta ação se prolonga ao longo de anos.
Podemos Entrar?
Não é nosso hábito, muito menos em eleições fazer o que fizemos. Preservamos a total independência do jornal, mas o dever de informar exige que agarremos as oportunidades. Estando na sede da Junta para tentarmos obter um exemplar de "Paredes Meias", sem pedir licença, entramos no gabinete do José Borges, atual presidente da Junta de Alvalade, munidos de um telemóvel. Como a nossa presença não provocasse quaisquer reação, aproveitamos para saber como é o dia-a-dia do presidente da Junta enquanto decorre a campanha eleitoral. A resposta assertiva foi esta:"O trabalho de Presidente de Junta de Freguesia não cessa mesmo em tempos de campanha eleitoral. A gestão do dia a dia continua a ter de ser feita: infraestruturas, espaço público, higiene urbana ou ação social continuam a precisar de atenção e acompanhamento diários. É por isso que mesmo agora estamos a preparar a reunião pública de executivo do mês de setembro e que terá uma extensa ordem de trabalhos. Paralelamente, estamos no terreno, apresentando e discutindo as propostas para o futuro continuando ser o Presidente que a Freguesia precisa. E depois, como continuaremos a implementar o nosso projeto para Alvalade durante os próximos quatro anos, estamos já a trabalhar para que no dia 27 de setembro apresentemos ao Presidente Fernando Medina as nossas propostas para os Contratos de Delegação de Competências. Logradouros do Bairro das Caixas, Praça de Alvalade verde e demais espaços verdes, mobilidade, cultura, desporto, educação, higiene urbana, atenção ao comércio local e continuar o apoio ao comércio e famílias no âmbito da pandemia para a superar. Estes serão alguns dos eixos em torno dos quais mais investiremos no próximo mandato." (texto adaptado). Foto: 15/09/2021
Grave atentado contra a Liberdade dos Cidadãos
Em plena pandemia e de forma discreta, a Assembleia da República, em Agosto de 2020, aprovou uma alteração à Lei que regula a eleição dos titulares dos orgãos autárquicos (Lei Orgânica, nº1.- A/2020, de 21 de Agosto). O objectivo, como a Provedoria da Justiça confirmou, é impossibilitar as candidaturas de grupos de cidadãos independentes às Juntas e às Câmaras Municipais. Trata-se de um grave atentado à liberdade dos cidadãos.
47 anos depois do 25 de Abril de 1974, os atuais "democratas" pretendem voltar a repor o monopolio da gestão da "coisa pública" pelos partidos políticos. Os cidadãos independentes entre 1976 e 2001 só podiam candidatar-se às juntas de freguesia, abrindo-se então a possibilidade de o fazerem às câmaras e assembleis municipais, embora com enormes limitações face aos partidos políticos.
Em Portugal, como é sabido, regista-se uma crescente abstenção nos diversos atos eleitorais, fruto da descrença no atual sistema politico (opaco e partidarizado). Os cidadãos foram afastados da politica, mesmo a local. Nas últimas eleições autárquicas, em 2017, a nível nacional a abstenção foi de 45%. Na freguesia de Alvalade foi de 46%, ligeiramente inferior para a Assembleia de Freguesia do que para a Câmara ou a Assembleia Municipal. Se estes números colocam a questão da letimidade dos eleitos, as alterações feitas à Lei denunciam um ataque à minguada Democracia no país.
Que temem os partidos políticos? A resposta está no avanço dos movimentos de cidadãos à margem dos partidos, apesar de todos os constrangimentos legais e manobras que procuram impedir à sua participação. Nas eleições autarquicas de 2017, nos 308 concelhos foram eleitos 17 presidentes de câmara independentes e nas 3.092 freguesias 403 de presidentes. Dir-se-á que é pouco, mas já é o bastante para gerar uma ofensiva contra a cidadania.
Após o protesto por parte de alguns movimentos de cidadãos, na assembleia da Republica foi decidido recuar na mudança da lei eleitoral (em maio de 2021). O PCP foi um dos partidos que se opôs a este recuo. |