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Perguntas
com Resposta Em 2001 os moradores
colocaram à CML um conjunto de questões. 14 anos depois
continuam sem resposta. Fica aqui o registo de algumas destas perguntas
e das respostas que os próprios moradores encontraram.
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Foi
realizado qualquer estudo para uma mais adequada localização do
parque? -
Não. Lendo
a Deliberação 500/CM/94, é evidente que legislador apenas
equacionou a questão de interesses locais difusos. |
Foram
apresentadas outras alternativas para a sua localização?
-
Sim. Pelo menos desde 1997 que grupos de moradores, têm vindo a
apresentar de forma sistemática outras alternativas. Recorde-se que
a 20 de Abril de 1998, cerca de 100 moradores enviaram ao Presidente
da CML, Dr. João Soares e ao Presidente da Junta de Freguesia, um
abaixo assinado manifestando-se contra a construção do
parque naquele local e propondo outras alternativas.
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Foram
ponderadas pela Administração Pública as alternativas
apresentadas pelos moradores ?
-
Não. Os serviços camarários e a Junta de Freguesia do Campo
Grande ignoraram sempre nas parcas informações que prestaram aos
munícipes as propostas alternativas dos moradores. |
Quais
as grandes vantagens das alternativas propostas pelos moradores?
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São inúmeras as vantagens das alternativas dos moradores:
a)
Legais.
As alternativas apresentadas reunem o largo consenso dos moradores,
ao contrário da "solução" aprovada pela CML que
contraria o disposto na Deliberação
500/CM/94.
a)económicas:
permitiam construir um parque de muito maiores dimensões e a custos
muito mais reduzidos;
b) ambientais:
permitiam preservar o actual jardim, e requalificar zonas degradas
envolventes;
c)logísticas:
permitiam construir um parque que servisse conjuntamente outras
artérias da zona;
d) tráfego: permitiam
desconcentrar as áreas de estacionamento;
f) sociais
e culturais: permitiam manter e consolidar marcas da identidade
do local, evitando a sua rápida descaracterização;
g) segurança:
permitiam ultrapassar riscos de deslizamentos de terrenos,
alterações de percursos dos lençóis freáticos da zona,
eventuais fissuras nos prédios circundantes, etc; que um parque
construído no meio de uma praceta necessariamente envolverá;
h) estéticas: permitiam criar
barreiras vegetais entre prédios situados a curta distância, e
diminuir a sensação de enclausuramento que a vegetação rasteira
não deixará de provocar;
i)
equilíbrio social: permitiam ultrapassar fracturas
sociais, resultantes nomeadamente do facto dos elevados custos dos
lugares disponíveis impedirem a sua aquisição pela maioria dos
moradores;
j)educativas: evitariam
o exemplo negativo que o Estado está a dar, ao promover a
destruição de jardins para os substituir por silos para
automóveis e aumentar o betão armado em zonas densamente povoadas.
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O
parque é público?
-
Não.A câmara cede a uma entidade privada terrenos públicos
(2.493,04 m2), pelo valor de 1000$00/ano (mil escudos ano ou 5 euros),
para que esta os use e explore como silo de automóveis.
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O
parque é residencial ?
- Não. Para se ser sócio
deste parque de estacionamento, dito residencial, não é preciso
ser-se morador na zona, nem sequer em Lisboa. |
Quantos
moradores da Rua José Lins do Rego adquiriram lugares no
referido parque?
-
A informação disponível é escassa, apenas se conhece o nome do
actual Presidente da denomina Associação Auto-Parque e do seu
secretário.
A
Junta de Freguesia do Campo Grande, em carta datada de 10/7/2001,
informa que desconhece tudo sobre o assunto. A CML por várias
vezes confirmou que desconhece a identidade e morada dos sócios da
Associação.
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Os
vereadores Machado Rodrigues e Fontão Carvalho consultaram os
moradores antes de assinarem a Proposta Nº82/2000 ?
-
Não. Apesar da CML, ter conhecimento que a esmagadora
maioria dos moradores eram contrários à localização do parque no
jardim, apressou-se a dar 2.493,04 m2 de terrenos públicos a uma
entidade privada, pelo valor de 5 euros ! A CML desconhecia, como
ainda desconhece, os sócios desta entidade privada. |
Conhecem-se
estudos técnicos sobre o impacto do parque no tecido urbano e
social, que tenham fundamentado esta decisão?
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Não.
A CML não fez nenhum estudo prévio sobre a implantação do parque.
A questão central não era a resolução dos problemas de
estacionamento no bairro, mas a rápida transferência de
património público para um grupo (anónimo) de privados. |
Conhecem-se
estudos que tenham sido feitos sobre os eventuais riscos que a
construção do parque possa comportar para as populações e que
tenham ajudado a fundamentar a citada proposta?
-
Não. |
A
Câmara Municipal de Lisboa, compromete-se perante os moradores a
garantir o prosseguimento das obras, no caso de ocorrem rupturas
financeiras na actual Associação e que venham a interromper a sua
conclusão?
-
Não |
Foram
efectivamente preenchidos todos o requisitos legais antes da
atribuição da licença de construção?
-
Não. A
título de exemplo, podemos referir o ponto 2.1.das disposições
que constam na Deliberação nº.500/CM/94, a saber: a obrigação
da Junta de Freguesia a realizar uma "consulta formal a cada um
dos agregados familiares, profissionais liberais, comerciantes e
empresários residentes ou sediados na área de influência directa,
que é, composta pelo conjunto de edifícios que delimitam o espaço
seleccionado, no sentido de se saber se estão ou não interessados
em associarem-se para a construção e exploração do parque de
estacionamento". |
Conhecem-se
o nome do associados do referido parque?
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Não. A Associação Auto-Parque Lins do Rego não divulga o nome,
morada e número de lugares adquiridos pelos seus associados, o que
impede a verificação das disposições constantes nos pontos
2.1, 2.2, 2.3, 2.4, 2.5, e após a construção a verificação dos
pontos 2.6.,2.7 e 2.12.
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Perante
esta ilegalidade qual foi a posição assumida pelos presidentes da
CML?
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Tem variado ao longo dos anos.
João
Soares, em 2001, quando soube do caso, mandou suspender de imediato
o inicio da construção do Auto-Parque.
Santana
Lopes começou por o autorizar o auto-parque, por razões que nunca
explicou. Na Assembleia Municipal, em 2004, acabou por abandonar o
projecto.
Carmona
Rodrigues, desde 2002, apareceu envolvido no apoio ao negócio do
Auto-Parque. Nunca desistiu da ideia. Retomou-a sozinho, em 2004,
mas a Assembleia Municipal chumbou-a. Em segredo continuou as
negociações.
António
Costa. Começou por afirmar que Carmona Rodrigues, em 2007, deixara
o projecto praticamente aprovado. Alertado para o facto, em 2008,
assumiu o compromisso público de o suspender, e de procurar
alternativas tendo em vista contemplar os "direitos
adquiridos" (ilegamente) pela Associação Auto-Parque. Em
Dezembro de 2010, em total segredo, acabou por aprovar a sua
construção. Em Julho e Agosto de 2011, atirou as culpas para
cima dos vereadores Manuel Salgado e Fernando Nunes da Silva.
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Qual
a posição dos partidos políticos?
Não
existe uma posição consensual.
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O PSD está dividido. O grupo dos seus autarcas, envolvidos em
negócios de especulação imobiliária, defende a construção do
parque. A maioria, em privado, manifesta-se contrária à sua
construção.
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O CDS-PP não tem posição definida. Em 2001, propuseram aos
moradores apoiar a sua luta, em troca do apoio aos seus candidatos
nas eleições autárquicas. Os
autarcas do CDS-PP que vieram à Praceta manifestarem-se sempre contra a
localização do parque.
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O PS é "contra". Desde 2001 que assumiu uma frontal
contra a localização do parque na Praceta.
-
O PCP é contra. Desde 2001 tem mantido uma posição coerente
contra a localização do parque na Praceta.
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Os Verdes, Bloco de Esquerda e Cidadãos por Lisboa (Helena Roseta)
são contra, por motivos idênticos.
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Estamos
perante um caso de corrupção?
-
Os moradores ao longo de 14 anos reuniram e divulgaram uma vasta
documentação que comprova de forma clara, que estamos perante um
caso paradigmático de apropriação de património público, que
só foi possivel através de sucessivas ilegalidades, abuso de poder
e tráfico de influências.
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Quem
beneficia com este caso, segundo os moradores?
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Os sócios da
Associação Auto-Parque Lins do Rego, que por apenas 5 euros,
durante 99 ano, ficaram com 2.493,04
m2 de terrenos públicos, incluindo um jardim público.
-
O jornal Público, em 2001, revelou as ligações do vereador
Machado Rodrigues, o mentor deste negócio de parques residenciais,
a empresas de concepção e construção de parques de
estacionamento. Este vereador foi alvo de um processo por
práticas lesivas do património público, enquanto autarca. Fontão
de Carvalho, o outro autarca que esteve na génese deste processo,
anos mais tarde foi também acusado de práticas lesivas na CML.
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Qual
a opinião dos especialistas em casos de corrupção?
-
O caso
do Auto-Parque Lins do Rêgo é, segundo estes especialistas, faz
parte de uma golpada de génio ao património público.
A
CML, entre 1997 e 2001, cedeu a preços
simbólicos ( 5 euros), dezenas de jardins públicos a entidades
privadas para a construção de alegados parques residenciais. Como
acontece neste caso, ninguém sabe a identidade dos sócios das
"associações" que ficaram com os terrenos
públicos.
Os
proprietários destes terrenos podem ser os próprios autarcas da CML,
os seus familiares, amigos ou membros dos respectivos partidos. O
secretismo deste processo garante-lhes a protecção contra
acusações de corrupção.
Devido
à enorme contestação que foi alvo, esta apropriação dos terrenos
públicos está adormecida, mas não morta. É por isso que é
importante concluir o caso da Rua José Lins do Rego, de modo a
legitimar os outros casos.
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Alguns especialistas defendem que o que está em jogo é o
negócio das contrapartidas. A CML reconhece que errou, mas não tendo
dinheiro para pagar indemnizações às várias associações, começa
a dar em troca terrenos noutras zonas da cidade, etc, etc. Sem
desembolsarem um cêntimo, os sócios das várias associações podem
ganhar uma fortuna chantageando a CML. Uma vez que não estão
identificados, podem ser sempre os mesmos a negociar com a CML.
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Estranhas
ligações?
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Ao longo dos anos, os moradores têm observado com
estupefacção as ligações deste negócio. Estas não se limitam
ao Campo Grande, ultrapassam a própria cidade de Lisboa.
Em
2004, por exemplo, a construção do parque na Rua José Lins do
Rêgo, envolvia uma estranha permuta com o padre de Santa Maria dos Olivais,
terrenos na zona do Parque das Nações e uma empresa da Cova da
Piedade. Os negócios do padre, ao que consta, não estão encerrados...
Durante
anos esteve afixado no estaleiro do auto-parque, na Rua Afonso Lopes
Vieira, o nome da empresa construtora do parque, cuja sede era fora de
Lisboa. Os moradores, a PSP e a CML vieram a constatar, em 2007, que a
mesma não existia.
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Requerimento
modelo para solicitar junto dos serviços da Administração Pública
o acesso aos "dossiers" que contenham informação que
possa pôr em causa os seus interesses.
Requerimento
Exmo.
Senhor Presidente,
(nome.....),
morador na Rua......, nº......, na Freguesia ....., em Lisboa, vem
requer a Vª. Exa., que lhe seja faculdado o acesso ao processo
referente a ...................
Fundamenta
o seu pedido, no disposto no artigo 2º., nº.1 do artº.37º., nº.2
do artº.48º e pressupostos do artº.268º., em especial do nº2,
da Constituição da República Portuguesa, e ainda no Código de
Procedimento Administrativo, artº61º. e seguintes, e por último
na Lei nº65/93, de 26 de Agosto.
Lisboa,
2001 / ---- / ----
Pede
deferimento
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(assinatura)
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