<  
 
 

   

Casas Devolutas

Panorama em Alvalade

Uma importante petição

(a questão é demasiado relevante e actual para ser esquecida)

Regular os cabos de comunicação nas nossas cidades

"As cidades portuguesas estão infectadas por uma autêntica praga visual intitulada "cabos selvagens" ou seja, por milhares de Kms de cabos de comunicação que se estendem pelas nossas fachadas tornando mais feias as nossas cidades perante a inércia das nossas autarquias locais e a falta de enquadramento legislativo nítido", do texto da petição.

Requalificação do Bairro de São João de Brito

Vivenda a requalificar. Foto: 12/093/2021

Mesmo em frente do Aeroporto Internacional de Lisboa e a cerca de 500 metros da Junta de Freguesia de Alvalade fica uma das maiores lixeiras de Lisboa e um dos últimos bairros clandestinos.

Nas eleições autárquicas de 2017 a questão da requalificação da zona foi a mais discutida. O PS prometeu a sua rápida legalização e requalificação do Bairro de S. João de Brito (junto à "Rotunda do Relógio".) Os restantes partidos falaram na requalificaçção e legalização de toda a zona, incluindo a Quinta do Correio-Mor, Quinta do Alto e Rua das Mimosas.

A CML comunicou aos moradores do "Bairro São João de Brito" (6/06/2017) que iria aprovar a sua legalização e requalificação. O processo foi facilitado devido à ANA-Aeroportos de Portugal ter levantado as restrições sobre o espaço (9,13 hectares). Este "bairro" era constituido por 118 construções ilegais, onde habitavam 345 pessoas. Algumas destas construções serão demolidas, a maioria serão enquadradas numa malha urbana que se pretende com dignidade. A CML depois das eleições autárquicas  previa então gastar mais de 2 milhões para começar a lavar a cara e arrumar este espaço caótico.

Entretanto foi elaborado um projecto que procurou compatibilizar as construções existentes com as exigências mínimas urbanísticas. Com base neste projecto de loteamento foram criados 110 lotes municipais para habitação. No dia 7 de Junho de 2018 foram feitas as primeiras escrituras para a venda de lotes. O processo de requalificação deste "bairro" de génese ilegal entrou numa nova fase. Em março de 2021 iniciaram-se as obras de infra-estruturas que se prevê durarem 2 anos, com um custo de 3,7 milhões de euros. Mais

Devolutos

Rua de Entrecampos, um dos vários edificios abandonados.

Em Lisboa continuam a faltar casas para arrendar a preços acessíveis. No entanto, num levantamento que fizemos na freguesia de Alvalade o que não  faltam são edificios (prédios  e vivendas) devolutos. Nova Rubrica

"Programa Renda Acessível"

Quem desce a Avenida dos EUA até Entrecampos ou passa na Avenida da República, não pode deixar de reparar em enormes telas que cobrem dois edifícios onde funcionavam serviços da Segurança Social. A Câmara Municipal de Lisboa promete colocar no mercado de arrendamento casas que as pessoas podem pagar, sobretudo os mais jovens. O Programa foi lançado em 2017. A CML adquiriu à Segurança Social 11 prédios (vários em Alvalade) por 57 milhões e investiu 30 milhões na sua recuperação e adaptação. Os resultados por enquanto são insignificantes face às necessidades, esperemos que no futuro não seja tudo só propaganda. Fotos: 24/10/2019

Três Importantes Projectos Camarários em Alvalade

Após longos anos de discussão a Câmara Municipal de Lisboa em 2017 e 2018 decidiu avançar para a concretização de três projetos com grande impacto em Alvalade: a urbanização dos terrenos da antiga "Feira Popular de Lisboa", a ligação do Campo Grande- Calvanas à Alta de Lisboa e o Loteamento e Requalificação do Bairro de S. João de Brito.

Ligação do Campo Grande - Calvanas á Alta de Lisboa

A CML decidiu retomar este "velho" projeto de ligação do Campo Grande à urbanização da Alta de Lisboa. No dia 12 de Julho de 2018, pelas 18h00, no auditório do Centro Cívico Edmundo Pedro, foram apresentados e discutidos em assembleia os projectos de reabilitação desta zona. O projecto entrou, entretanto, no limbo.

Operação Integrada de Entrecampos

Após anos de indecisão a Câmara Municipal de Lisboa, em Junho de 2018, apresentou e colocou à discussão pública os projectos para uma vasta área em Entrecampos, cujo núcleo central são os terrenos da antiga Feira Popular de Lisboa. Nota positiva: a reservada de uma significativa área para os espaços verdes. Mais

Marquises 

Avenida de Roma. Dois prédios com a mesma fachada, um com marquises (branco) e outro livre delas (verde). Veja a enorme diferença.

As marquises desfiguraram completamente o Bairro das Estacas, uma das mais excelentes obras urbanísticas e arquitetónicas de Portugal. O bairro começou a ser construído em 1952, com base num projecto dos arquitetos Ruy Jervis d`Athouguia e Sebastião Formosinho Sanchez. Foi premiado na Bienal de São Paulo em 1954, recebendo também o prémio municipal nesse ano. 

A cidade de Lisboa está completamente desfigurada pelas marquises ou barracas que adornam as fachadas ou telhados dos edifícios. Excelentes obras de arquitectura são diariamente vandalizados perante a inércia de uma Câmara Municipal cuja única razão para existir é o pagamento dos ordenados dos seus dirigentes e funcionários. 

Os muitos milhares de turistas que visitam diariamente a cidade, podem comprovam que Lisboa tem mais semelhanças com um bairro degradado da cidade do Cairo (Egipto), do que com qualquer capital europeia.

Não choca por isso algumas não-notícias: Moradores do Campo Grande manifestam-se publicamente contra a destruição das fachadas dos edifícios de Lisboa. Reclamam o fim da transformação das varandas em "galinheiros". Face à indiferença da CML perante a degradação urbanística em curso, estes moradores levaram o caso a tribunal. É caso para perguntar: - para que serve esta câmara?  Mais ..

Há sempre alguém que resiste ao degradação arquitectónica das fachadas pelas marquises, como acontece neste edifício na Avenida dos EUA. Esta avenida foi concebia em 1941 como uma circunvalação da cidade de Lisboa. A sua divisão em lotes data de 1951, com edifícios perpendiculares à via e com logradouros ao longo do lado norte. Os magníficos edifícios no cruzamento com a Avenida de Roma, foram concebidos por Filipe Figueiredo e Jorge Segurado, sendo concluídos em 1953. Excelentes arquitectos trabalharam na concepção dos edifícios desta avenida, os quais apresentam atualmente um aspecto irreconhecível. 

Janelas Floridas em Alvalade

A moda de fechar as varandas com marquises nos anos 80 do século XX, quase destruiu por completo o gosto de decorar com flores as amplas varandas do Bairro de Alvalade. Mas, como em tudo,  há sempre alguém que resiste e persiste em manter viva a tradição em Alvalade. Mais

Urbanismo  ou Atentados Urbanos? 

O "bairro de Alvalade" obra de uma ditadura foi e é uma referência mundial de um urbanismo integrado e integrador dos vários grupos sociais. Os espaços públicos foram valorizados, disseminaram-se as praças, as pracetas, os pequenos jardins e os amplos passeios. As varandas  nos edifícios permitiam  e suscitavam a comunicação.

O paradoxo disto tudo ocorreu em 1974 com a implantação do regime democrático. Os espaços públicos em vez de serem valorizados foram criminosamente abandonados: praças, jardins, passeios, equipamentos municipais, etc. As varandas, um dos símbolos de Alvalade foram fechadas com marquises, com o único objectivo de acumularem lixo e cortarem a comunicação com o espaço público.

A CML permitiu a construção avulso de construções que destruíram a relação das pessoas com o bairro. Por todo o lado, passaram a proliferar barracas, anexos e construções clandestinas. Avenidas que em tempos eram consideradas das mais bonitas de Portugal estão hoje transformadas em verdadeiros atentados urbanos. Os políticos e dirigentes camarários pela sua incompetência, depois de 1974, tornaram-se desta forma inimigos do própria democracia ao atentarem contra o espaço público. 

Manuel Salgado, um "iluminado"? 

Entrou para a CML em 2007 pela mão de António Costa, que lhe deu a vice-presidência e toda a área do urbanismo. A sua nomeação foi saudada por muitos, o Jornal da Praceta rasgou-lhe enormes elogios. Não tardou um ano já estava envolvido nas teias das máfias da negociatas que dominam a CML, como neste jornal na altura o demonstrou. António Costa, após as eleições de 2009 ganhas pelo PS, confiou-lhe apenas o pelouro do urbanismo, ficando Marcos Perestrello com a vice-presidência, mas quando este renunciou ao cargo, de novo o mesmo foi dado  a Manuel Salgado a vice-presidência.

Após as eleições de 2013, a vice-presidência foi dada por António Costa a Fernando Medina. Quando Costa saiu da Câmara, Fernando Medina assumiu a presidência e deu a vice-presidência a Duarte Cordeiro, e confiou a Manuel Salgado o pelouro do Urbanismo e Planeamento Estratégico, o que não é pouco.   

Manuel Salgado, como desde 2008 demonstramos, sofre do mal da esmagadora maioria dos "urbanistas" que trabalham para a CML: Lisboa está reduzia a uma folha de papel sobre a qual traçam uma cidade imaginária, construída com base em concepções ideológicas  e nos pareceres de técnicos que nunca foram aos locais, mas que são sempre devidamente aconselhados por quem conhece. Com o tempo acabam por se distanciar de tal modo do real, que imaginam que a única cidade que existe é a que riscaram no papel.

 

 

Bairro Social das Murtas

Foi em tempos uma das zonas mais problemáticas da cidade de Lisboa, contribuindo para fecho de muitos estabelecimentos comerciais e mudança de moradores da zona. Os assaltos e o tráfico de droga eram uma constante.

O antigo bairro de barracas foi demolido e no seu lugar surgiu um bairro social, em 2002, numa iniciativa do Centro Paroquial do Campo Grande, sendo financiamento assegurado pela CML. A Igreja Católica do Campo Grande realizou uma notável obra ao promover a construção destas habitações.

Apesar deste investimento a CML não teve o cuidado durante muitos anos de limpar o local e de criar parques infantis para as crianças, etc. As "Murtas", como é popularmente conhecido o local,  permaneceu até 2016 rodeado por uma autêntica lixeira.

Conhecendo a mentalidade dos dirigentes camarários, aquando da inauguração do bairro, publicamos a carta de um morador que apelava à limpeza da zona.

A Polícia Segurança Publica (PSP) resolveu, anos depois criar no Bairro das Murtas um parque para viaturas rebocadas, aproveitando das garagens existentes nos blocos (Rua José Santa Camarão à Azinhaga das Murtas). As instalações policiais foram colocadas numa posição de grande destaque. A presença dos agentes da autoridade, apesar dos seus constantes lamentos, foi um importante contributo para a segurança na zona. O parque acabou por ser encerrado (1/2/2013), segundo nos informaram porque a polícia não aguentou a pressão envolvente. Voltou a abrir depois, mas numa posição recuada, muito discreta. Mais

 
 

 

Lisboa: a destruição da memória

 

É caso único na Europa, mesmo em Portugal é difícil de descobrir uma cidade onde ocorra esta prática de destruição da memória dos seus escritores e ilustres figuras do país. É impressionante a obra de devastação do município lisboeta. Mais  

  

 

Salvaguarda das Moradias da Av. Almirante Gago Coutinho

A antiga avenida do Aeroporto conserva um vasto conjunto de moradias ds melhores arquitectos portugueses do século XX, como Cassiano Branco. Infelizmente muitas delas estão ao abandono ou estão a ser totalmente desfiguradas por obras avulso, como aconteceu a belos edificios no Bairro de Alvalade. É urgente a criação de um plano de salvaguarda deste importante património da cidade que o dê a conhecer e estimule a sua reabilitação pelos seus proprietários. Mais.

Não faltam moradias abandonadas ou em ruina da Av. Almirante Gago Coutinho . Foto:21/02/2020

Ao abandono junta-se o caótico estacionamento na avenida alvo de uma recente intervenção camarária.

Uma das típicas moradias construídas nos anos 40 e 50 na antiga Avenida do Aeroporto.Foto:21/02/2020

Avenida do Brasil 

 
 

Bairros de Barracas em Alvalade

Os bairros de barracas foram até ao século XXI um dos elementos omnipresentes na paisagem de Lisboa, nomeadamente na área da atual freguesia de Alvalade. Deixaram marcas na paisagem e criaram uma tradição.

Em Alvalade ficaram na memória de todos pela sua dimensão e problemáticas, antigos bairros de barracas como os da "Quinta do Narigão", "Bairro das Murtas", quintas das "Fonsecas" e da "Calçada" ou o do "Bairro de São de Brito".

As barracas, embora ainda longe de terem sido erradicadas da freguesia de Alvalade, tem hoje uma dimensão sem paralelo com a que tinham até finais dos anos 90 do século XX.

Bairro da Quinta do Narigão

Antiga quinta agrícola (1), no século XX, foi explorada para areeiro e saibreira até finais dos anos 50, quando se transformou num enorme bairro de barracas.

O Bairro da Quinta do Narigão nasceu e cresceu, nos anos 50, com a construção do "Bairro de Avalade". Ficava situado nas traseiras da atual Escola Secundária Padre António Vieira, na parte sul do Parque de Alvalade. Em 1963 ocorreu um deslizamento de terras que obrigou uma parte dos seus moradores a mudarem-se para a a zona da Musgueira (atual Alta de Lisboa). O número de barracas não parou de aumentar, segundo um levantamento datado de 1965 seriam já 808.

As condições miseráveis em que ali viviam milhares de pessoas (2), mesmo nas traseiras de algumas das mais elegantes avenidas de Lisboa, como a Av. Gago Coutinho ou da Av. Dom Rodrigo da Cunha, levou que o regime construísse, em 1967, um bairro social para realojamentos no local (Rua Professor Veiga Beirão), mas que se mostrou muito insuficiente. Em 1972 surge o primeiro projecto camarário de requalificação do espaço, mas desde logo inviabilizado pela sua ocupação com construções precárias.

Dada a dimensão do bairro, mas também do seu vizinho Bairro do Relógio, toda a zona passou a ser afectada por gravíssimos problemas de violência, marginalidade e drogas. A consequência imediata foi o seu abandono da zona por parte da classe média e a degradação de equipamentos e espaços públicos, como ocorreu na Av. Gago Coutinho e em várias escolas publicas.

Ocupações

No principio dos anos 70 na "zona I de Chelas" começou a ser construído um bairro destinado a funcionários do Porto de Lisboa e da PSP, conhecido por Bairro das Amendoeiras. Após o 25 de Abril de 1974, centenas de pessoas do Bairro do Narigão ocupam muitas das suas casas. A maioria dos seus moradores veio a ocupar todavia o Bairro dos Loios (zona II de Chelas) da autoria de Gonçalo Byrne e António Reis Cabrita (1972), conhecido por "Pantera-cor-de Rosa". O processo de ocupação arrastou-se até princípios dos anos 80, mas aos poucos a área da antiga Quinta do Narigão foi ficando liberta de barracas. 

Mata de Alvalade/Parque José Gomes Ferreira

Desde os anos 80 que muitas tem sido as ideias para o espaço da antiga Quinta do Narigão. O inqualificável Pedro Santana Lopes, quando esteve à frente da CML, pensou instalar no local a "Feira Popular" e realojar os moradores das barracas do "Bairro de São João de Brito" (2005). Para bem da cidade com o tempo a "Quinta do Narigão" foi sendo incorporada no Parque de Alvalade, o seu espaço natural. Em 2006 foram realizados no parque importantes obras de beneficiação.

Em 2013, o vereador da CML - José Sá Fernandes - mandou limpar as lixeiras que persistiam no local. A manutenção de toda a Mata de Alvalade, incluindo a Quinta do Narigão foi confiada, em 2014, à Junta de Freguesia de Alvalade . Neste mesmo ano, através de uma parceria com o Lisboa Racket Center foi criado o "Parque Aventura" (Racket Adventure), abrangendo uma área de 8,5 hectares.  Com alguma pompa e circunstância foi inaugurado em Abril de 2014, mas no final de 2015 todos os seus equipamentos já estavam votados ao abandono. Mais

Carlos Fontes

(1) A Quinta do Narigão era um das três quintas desta zona, sendo as restantes a Quinta de Santa Luzia (a sul) e a Quinta da Charca (a norte).

(2) Leitão, Leonoreta - Era uma vez uma boina. Edições Colibri,2015. Reúne alguns depoimentos sobre as condições miseráveis deste bairro, semelhante a tantos outros que existiam na cidade.ar

Quinta do Narigão em 1968

Uma reportagem fotográfica realizada em 1968 por Fernando Cardeira mostra-nos as condições miseráveis do bairro deste barracas em Alvalade. Era o lado escondido de um bairro que então primava pela sua modernidade.