Caminhada com Médico

Está de volta a Alvalade esta iniciativa do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa(CHPL). Acompanhados por duas médicas (Miriam Garrido e Inês Pereira) e guiados por António Cabral participamos no dia 17 de maio de 2022 na primeira caminhada com um simpático grupo. Numa sala do edificio central foi dada uma curta explicação sobre o projecto e dos seus objectivos. "Walk with a Doc" nasceu em 2005 por iniciativa de um cardiologista americano. O seu objectivo é a promoção da actividade física na comunidade, e neste caso, desfazer alguns dos mitos associados à saúde mental. O CHPL, através do Núcleo de Literacia, juntou-se em Agosto de 2019 a este movimento internacional, interrompido em 2020 devido à Pandemia, e foi agora retomado. O primeiro percurso definido por António Cabral foi curto: Avenida de Roma, Avenida da Igreja, Avenida Rio de Janeiro, atravessamento do complexo desportivo do Inatel e de novo na Avenida de Roma rumo ao Parque da Saúde de Lisboa. Pelo caminho foram sendo contadas pequenas histórias que marcaram os diferentes locais visitados.

Dia 21 de Junho (terça-feira) às 17h30 foi organizada mais uma caminhada. O ponto de encontro como é foi junto ao portão principal do Parque de Saúde. Em Julho havia mais.

Perspectiva

(2001-2024)

Nestes últimos 23 anos não se registaram grandes mudanças na oferta de serviços públicos e privados de saúde na freguesia. A cobertura na freguesia continua muito ampla e diversificada, aumentando todavia o seu número de serviços (farmácias, oculistas, consultórios, etc). Nestas páginas tem sido dado maior atenção ao Hospital de Santa Maria e ao Parque de Saúde de Lisboa, em especial o Centro de Saúde e ao Hospital Júlio de Matos pelo seu impacto na freguesia. Não foi esquecido neste capítulo a Clinica de São João de Deus. O envelhecimento, saúde mental (iniciativas e casos), alcoolismo, tabagismo, os sem-abrigo e a Pandemia (2020-2021) destacam-se entre outros assuntos abordados. MP

Saúde da População

Os médicos do Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos em março de 2021 alertaram para o agravamento dos problemas de saúde mental provocados pela Pandemia. O isolamento forçado da população, aumento da pressão familiar e profissional ou o desemprego são factores que estão a gerar crises de ansiedade, depressão, insónias e outros sintomas preocupantes. Entre os grupos sociais mais atingidos estão os jovens adultos e as mulheres. Nos adolescentes aumentou a tristeza, o medo, a raiva e outros sintomas depressivos.

Pavilhão de Consultas Externas do CHPL. Foto: 5/11/2021

A "Rainha" Pediu e o CHPL Respondeu

A história começa assim. Os alunos da Oficina de Antropologia da Escola Secundária Rainha Dona Leonor elegeram os reflexos da pandemia na saúde mental como tema prioritário a ser abordado. A ideia rapidamente se propagou pela escola. A indicação de quem o podia abordar foi precisa: a Drª. Luisa Coelho, psicóloga clínica do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (antigo Hospital Júlio de Matos). Com uma longa experiência de mais de 36 anos a lidar com problemas mentais, nomeadamente forenses, depois de uma passagem de 20 anos no Hospital Miguel Bombarda, veio para o CHPL onde está há 15. Logo no primeiro contacto a disponibilidade revelada para o apoio à comunidade foi total. Pedidas as respectivas autorizações, seleccionadas 12 questões a abordar, a sessão realizada no dia 3 de Novembro foi um êxito. O auditório da escola estava repleto. Durante noventa minutos nenhuma questão ficou por abordar.

Inquirimos: - Qual foi a questão que já esperava ? "O Bullyng e como reagir perante a violência, mas também a compreensão das suas causas". - A menos esperada das questões: " A contradição entre o que os adultos consideram ser o comportamento normal e saudável dos jovens e a forma negativa como os mesmos o reprovam". - O que seria desejável que acontecesse ? "Uma boa articulação entre as várias entidades, como o CHPL e as escolas, de modo que sessões como esta fizessem parte da sua rotina, num verdadeiro trabalho em rede". Na escola não tardou a surgir uma lista para uma nova sessão, constituida por alunos, professores, auxiliares educativos, encarregados de educação. Haja disponibilidade.

COVID - 19

Informação relevante Aqui

Apartamentos Transformados em Pombal

Quem passa na Rua Dr. Gama Barros e observa no edificio nº 69, não pode deixar a reparar nos pombos poisados no 2º. e 3º. andares. Não raro são às centenas. A proprietária dos apartamentos há cerca de dez anos resolveu transformá-los num pombal. Os outros moradores há anos que se queixam à PSP, CML e Delegação de Saúde Regional sobre este caso de saúde pública sem que nenhuma medida seja tomada. Uma situação semelhante ocorreu na Rua Afonso Lopes Vieira, nº54-2º.Dt. O problema arrastou-se durante largos anos e só se resolveu com a morte natural do morador... Esperemos que neste caso não seja necessário esperar tanto tempo. Foto: 2019

A situação pouco se alterou entretanto. O edificio está cada vez mais degradado. Foto: 17 de Agosto de 2021, pelas 10h00.

Observador Atento da Cidade

Muitos confundem-no como um sem-abrigo a vaguear por Alvalade. Arrasta um "carrinho de supermercado" no qual se aninha a sua inseparável cadela. Não gosta dos cães porque são porcos, mijam para as paredes e as rodas do carros. As cadelas são mais asseadas não alçam a perna. O sr. Fernando Santos, assim se chama, recolhe metais que são atirados para a rua. Encontra de tudo inclusive mealheiros no seu percurso habitual entre a Quinta da Bela Vista (Areeiro) onde mora e o Bairro de Angola (Camarate, Loures) onde vende o que encontra. Num desfiar de conversa de circunstância sempre nos foi relatando o que observa desde a superior inteligência dos melros aos diferentes tipos de aviões que aterram na Portela. Foto:7/02/2020

"Há cinco ou seis anos que vivo aqui..."

Entre as monumentais colunas do número 116 da Avenida do Estados Unidos reencontramos o senhor Manuel. Tem a ideia que vive aqui há cinco ou seis anos, talvez sejam sete anos. Não se recorda bem, o tempo passa muito depressa. Gosta de viver onde vive. Não precisa de comida nem de rouba. A sua maior necessidade é de um local onde pudesse tomar banho. Foto:3/02/2020

Insólito em Alvalade ou Talvez Não

É dificil imaginar uma situação mais insólita entre a Avenida dos Estados Unidos e a Avenida Gago Coutinho: um separador de faixas de rodagem e de um parque de estacionamento transformado numa horta onde não falta todo o tipo de legumes. Mais

Como se Chama ?

Desde Maio de 2003 que tem instalado o seu local trabalho num dos passeios da Avenida da Igreja, mesmo junto à Praça de Alvalade. Ninguém pode dizer que não o conhece, mas como se chama ?.

António Fernandes, 51 anos, sem-abrigo há mais de 30 anos

Morador num barraco junto ao Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Lisboa

Não há candidato à assembleia de freguesia de Alvalade que não venha ao "Bairro de São João de Brito" em Alvalade. Todos prometeram até agora lutar pela legalização todas as casas e barracas aqui existentes, muitas das quais devolutas. O senhor António Fernandes vive mesmo em frente do Terminal nº. 2 do Aeroporto de Lisboa, também ele espera que a sua barraca seja igualmente legalizada. O problema é que não consegue viver nela há bastantes anos, pois os ratos ocuparam-na. Mais

Conhece o Luis Carlos ?

Morou durante um ano à porta dos ateliês do Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus, em Alvalade.

O Luis Carlos, 23 anos de idade, lisboeta de nascimento, pai de uma menina de oito anos e dono de uma cadela, não sabe precisar há quanto tempo vive rua. Na escola não passou do oitavo ano, mas no trato revela uma educação muito superior. Naquele recanto dos Coruchéus, atrás de um secretária, onde pernoita, confunde-se facilmente com um recepcionista de um qualquer serviço público. De manhã bem cedo, meticulosamente arruma as suas coisas antes sair para um giro pela cidade. Garante que todos o conhecem (2017).

 

Hospitalização Domiciliária do SNS

O modelo está em prática desde 2018 e voltou a ser notícia em 2020. Para situações graves mas que não seja necessário internamento hospitar é a solução recomendada. As vantagens são muitas, nomeadamente reduz-se os riscos de infecções hospitalares e permite o envolvimento e a proximidade familiar. Assenta numa unidade móvel de apoio domiciliário com uma equipa constituída por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais e outros elementos que, caso a caso, sejam necessários. O modelo foi regulamentado pelo Despacho nº.9323 -A/ 2018, publicado no dia 3/10/2018 ao qual aderiram 20 hospitais do SNS. No Centro de Saúde de Alvalade funcionou durante largos anos um modelo semelhante.

Descentralizar o Centro de Saúde de Alvalade?

A união das três freguesias (Campo Grande, São João de Brito e Alvalade) em 2013, tornou mais evidente a enorme distância onde vivem muitos moradores do Centro de Saúde de Alvalade.Com uma população de 31 mil habitantes justificava-se que o Centro tivesse vários polos (consultórios) na freguesia, nomeadamente nos locais mais afastados do Parque de Saúde de Lisboa, onde o mesmo está instalado. Alguns médicos defendem outra solução: a generalizado das USF- Unidades de Saúde Familiar, devido à sua maior mobilidade. Uma questão que, como dissemos, esteve ausente na campanha eleitoral de 2017. Desconhecimento ?

Clínica São João de Deus

Não faltam Clínicas em Alvalade clínicas, uma delas se destaca pela sua dimensão e qualidade de serviços prestados: a Clínica São João de Deus na Rua António Patrício, 25. Serviço de atendimento domiciliário de medicina, enfermagem e fisioterapia. Anote o telefone: 808 203 021

Centro de Saúde de Alvalade

Contacto: aqui

Encerramento da Unidade de Alcoologia de Lisboa (UAL)

O drama vivido por dependentes de álcool levou a Associação de Amigos da Unidade de Alcoologia de Lisboa a lançar um apelo: reabram a Unidade de Alcoologia de Lisboa (UAL) . Mais

Parque de Saúde de Lisboa

Edificio-Sede da Infarmed

O comum dos lisboetas identifica este parque como o Hospital Júlio de Matos, mas uma simples visita ao mesmo descobre-se um mundo de instituições e coisas inesperadas. Alberga múltiplas instituições: Hospital Júlio de Matos, Centro de Saúde de Lisboa, Infarmed, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa entre outras Mais 

 

Segredos do Júlio de Matos

Hospital Julio de Matos

O Parque de Saúde de Lisboa / Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos guarda os seus segredos. Nesta casa, por exemplo, viveu entre 1942 e 1975 o psiquiátra e diretor do Hospital Júlio de Matos - Henrique João de Barahona Fernandes. Aqui viveu também, os últimos anos de vida, o seu sogro, pianista e compositor José Vianna da Mota entre 1945 e 1948.

Hospital Júlio de Matos

Histórias e terapias contadas por Gaspar Santos

Hospital Júlio de Matos abriu com enfermeiros suiço

Confederal Helvética em 1942 autorizou que viessem 14 enfermeiros para Portugal. Tinham como objectivo criarem uma escola de enfermagem psiquiátrica oinde seriam aplicados novos métodos terapeuticos. O hospital acabara de ser inaugurado a 2 de Abril. É um caso excepcional se tivermos em conta que o mundo estava mergulhado numa guerra mundial, onde os recursos humanos na área da saúde eram escassos e vitais. O que terá levado a Suiça a esta decisão diplomática?.

Gaspar Santos

Centro Dr. António Flores

(Centro de Alcoologia de Lisboa António Flores)

Gaspar Santos e José Teixeira  

Hospital de Santa Maria

Um mundo que vamos desvendar

Inaugurado em 1953, está hoje integrado no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Alguns números dão-nos uma ideia da sua real dimensão: 1361 médicos, 6312 funcionários, 2160 estudantes, 240 estudantes de doutoramento, 351 estudantes de mestrado, 600 docentes (2019).

 

 

Envelhecimento da população e a vida dos bairros

O envelhecimento da população está a afectar não apenas o país, mas também a mudar profundamente a vida nos bairros lisboetas. Alvalade e o Campo Grande espelham estas mudanças.

Percorrendo as ruas de Alvalade ou do Campo Grande é fácil descobrir atrás de uma qualquer janela um vulto cujo olhar se fixa sobre o que se passa na rua. Este é o principal entretém para muitos dos idosos da cidade de Lisboa.

O envelhecimento da população portuguesa reflecte-se a todos os níveis da sociedade, e em particular na vida dos bairros, conduzindo ao encerramento de escolas e à extinção de muitos dos pólos da vida citadina, como os tradicionais clubes recreativos e desportivos.

As mudanças são todavia mais profundas e carecem de um estudo mais amplo que conduza a adopção de medidas concretas.    

O envelhecimento da população nos bairros é inevitavelmente   acompanhado por uma diminuição do poder de compra. Facto que se repercute negativamente em áreas como o comércio e a restauração. A tendência é para o aparecimento de lojas de artigos de baixo custo e fraca qualidade.  

Os investimentos na melhoria ou recuperação das habitações são igualmente afectados. A tendência é para manter tudo o que está e só investir em melhorias em situações excepcionais. O que se traduz num estado de completa decadência de muitas das habitações e áreas circundantes.

As saídas à rua tornam-se mais raras, o que agrava a situação do comércio e serviços existentes no bairro, e também contribuiu para aumentar a desertificação das ruas e o sentimento geral de insegurança.   

Outra das situações mais graves, diz respeito à diminuição da intervenção cívica. Isolados nas suas habitações, a população idosa tende a resignar-se às situações com que se depara mesmo que as ache injustas. Falta-lhe energia para defender as suas razões e direitos. Desta forma torna-se presa fácil de todo o tipo de vigaristas, falsários, assim como de serviços públicos dirigidos por incompetentes ou corruptos. 

Não é fácil também neste contexto, organizar ou sequer mobilizar os moradores destes bairros para a defesa de causas comuns. As pessoas que os constituem  tendem a assumir atitudes pessimistas e a manifestarem-se avessas a enfrentarem situações incertas como são todas as lutas sociais.  

Agravantes

Dir-se-á que estas situações são o reflexo de uma velhice mal "preparada". Na velhice tende a fazer-se aquilo que sempre se fez , sem as actividades laborais. Quem nunca frequentou um café ou nunca assistiu a um espectáculo só em condições muito excepcionais o fará após a reforma. A tendência é para ficar em casa a lamentar-se de não ter nada para fazer, até ao momento de nem sequer esta questão se colocar.

Os espaços públicos em Lisboa fazem as pessoas idosas sentirem-se ainda mais velhas. 

Os cafés expulsam-nas quando chega a hora dos almoços. 

Os passeios estão, frequentemente, atulhados de carros.

Os pequenos jardins de bairro estão na sua maioria abandonados ou vandalizados. 

Os espaços públicos deixaram de ser locais propícios para passear e muito menos para conviver.

Muitos poucos espaços alternativos têm sido criados para os mais idosos, nomeadamente para lhes dar uma ocupação criativa. 

Tudo se passa como se os idosos não existissem, a não ser nas épocas eleitorais para os candidatos a uma qualquer gamela na CML ou na Junta. Dir-se-á, mais uma vez, estamos perante uma cultura que tende a associar os idosos à inutilidade. A simples constatação não resolve o problema. É preciso  mudar esta situação, para que Lisboa volte a ser uma cidade mais viva. 

Carlos Fontes

O envelhecimento das população raramente é tido em conta em questões tão simples como o tempo programado nos semáforos para atravessarem uma rua. Foto: Dez.2019

 
 

Opiniões que ficam...

Até hoje nenhuma discoteca teve a coragem de reservar mensalmente uma noite de Sábado apenas para não-fumadores.

É absurdo mas (ainda) é a realidade: o acto de dançar em público é indissociável do de inalar ar conspurcado com milhares (!) de substâncias cancerígenas, tóxicas e irritantes. Dançar com o fumo é brincar com o fogo. No entanto a nova proposta da Lei Anti-Tabaco, apesar de ter gerações de atraso, atende ainda a interesses comerciais que comprometem a Saúde Pública e permitirá o vício de fumar em estabelecimentos com mais de 100m2 o que propicia o incumprimento da lei numa pista-de-dança que todos partilham e onde, em muitos casos, a ventilação é anedótica ou inexistente!  

As discotecas e os bares que tanta contrariedade oferecem à nova lei ainda não se aperceberam da quantidade de potenciais clientes que até hoje preferiram permanecer nas suas "tocas" em prol de preservarem a limpeza das suas vias respiratórias e o estado inodoro das suas roupas. Estes estabelecimentos também ainda não vislumbraram um determinado terreno potencial, tão importante como a decoração, o som ou a iluminação, e que até agora permaneceu completamente encoberto pelo fumo: as possibilidades aromáticas que a ausência de cigarros propicia.

Até agora a festa foi dos viciados, ingenuamente iludidos de que celebram juventude. Mas dançar é algo salutar e natural que em nada se deveria conjugar com o acto destrutivo de fumar.

A adopção de comportamentos e estilos de vida saudáveis é uma sinfonia Europeia que até agora tem sido interrompida por tosse casmurra!

João Dalion, 1/06/2007