Jornal da Praceta
Informação sobre a freguesia de Alvalade

(Alvalade, Campo Grande e São João de Brito )

 

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Encerramento

da Unidade de Alcoologia de Lisboa (UAL)

A UAL revela evidentes sinais de abandono. É deprimente a falta de cuidado com o espaço envolvente, onde não faltam bancos partidos e o estacionamento caótico. Foto: 05/07/2021

O drama vivido por dependentes de álcool levou a Associação de Amigos da Unidade de Alcoologia de Lisboa a lançar um apelo: reabram a Unidade de Alcoologia de Lisboa (UAL).

Com o surgimento da pandemia, o serviço de internamento foi encerrado em março do ano passado, não reabrindo desde então. Em agosto de 2020 foi anunciada a reabertura em setembro, mas tal não se verificou e desde então não se perspetiva que tal venha a acontecer em breve. Seria dramático que o SNS perdesse este serviço.

O eventual fecho definitivo do internamento terá um impacto devastador.  A grande mais valia desta unidade é oferecer internamentos curtos e de eficácia comprovada menos disruptivos para a vida ainda minimamente estruturada  do doente, tendo assim acesso a um programa médico e psicoterapêutico especializado de relativa curta duração, que de outro modo só é acessível em centros privados com elevadíssimos custos que um número elevado de pessoas não pode suportar, perdendo assim uma oportunidade de se tratar. Na vertente puramente económica este internamento tem custos muito mais reduzidos para o SNS quando comparados com os valores envolvidos para subsidiar programas de longa duração.

Inaugurada a 2 de abril de 1967, no atual Parque da Saúde, em Alvalade, desde a sua fundação que se dedicada ao tratamento de doentes com problemas de dependência de álcool sendo atualmente a única entidade da ARSLVT dedicada exclusivamente a este tipo de doentes. A UAL faz parte da estrutura da DICAD – Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e das Dependências que sucedeu ao IDT – Instituto da Droga e Dependência. O tratamento é feito em regime ambulatório e de internamento quando este é indicado pela equipa médica.

O internamento tem a duração de 28 dias durante o qual o doente, sempre que possível com o envolvimento da família, é levado a entender o seu problema como uma doença progressiva e crónica com uma dimensão física, psicológica, social e espiritual. Durante e após o tratamento os doentes são aconselhados a frequentar grupos de autoajuda, especialmente os grupos de Alcoólicos Anónimos e são ainda acompanhados pela UAL em programas pós-alta cuja duração é de cerca de 2 anos, embora muitos doentes procurem este acompanhamento durante mais tempo.

Este modelo de tratamento revela-se particularmente eficaz para quem ainda mantém alguma estrutura familiar de apoio. Para quem não dispõem deste suporte familiar as comunidades terapêuticas oferecem uma resposta com programas que podem variar de 3 a 24 meses.

O serviço de internamento tem tido sérias dificuldades ao longo dos últimos anos a nível de disponibilidade de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar tendo o seu funcionamento estado em risco por diversas vezes. O número de internados há muito que tem estado aquém da capacidade que as instalações dispõem. As próprias instalações têm sofrido alguma degradação, apenas colmatada com intervenções pontuais.

Neste momento a ARSLVT tem em funcionamento a Unidade das Taipas, que faculta um programa de desintoxicação de 10 dias, e a Unidade Terapêutica do Restelo, com um programa de longa duração. Ambos os serviços estão neste momento sem qualquer capacidade de resposta, mas mesmo que essa capacidade existisse não serviria para muitas pessoas, pelas razões já descritas acima.

Face a esta situação é pois urgente dar prioridade à reabertura do serviço de internamento da UAL.

Traseiras da Unidade Alcoológica de Lisboa, cujo espaço envolvente se encontra ao abandono.Foto:05/07/2021.

 

   
 
 

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