Jornal da Praceta


Informação sobre a freguesia de Alvalade

(Alvalade, Campo Grande e São João de Brito )

Câmara Municipal de Lisboa

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Carmona Rodrigues

(2002-2005)

Um Percurso Ruinoso na CML

Ajudante de Santana: Janeiro de 2002 - Abril

António Pedro de Nobre Carmona Rodrigues era uma das figuras que maior seriedade inspirava, em Dezembro de 2001, na equipa de Santana Lopes. Tinha aquilo que se chama um currículo técnico e científico. Experiência política não tinha nenhuma. Tudo isto não impediu que Santana Lopes, seu amigo desde o Liceu, o nomeasse para seu vice-presidente na CML.

Pelouros na CML

Carmona Rodrigues entre Janeiro e Abril de 2002, exerceu as funções de vereador do Planeamento urbanístico, Infra-Estruturas viárias e saneamento. Toda a gente concordava que tinha uma boa preparação na área do ambiente, mas ninguém duvidada que pouco percebia de questões relacionados com o planeamento urbanístico e as infra-estruturas viárias.  

Não era caso único nas nomeações de Santana Lopes. Entre os diversos das suas nomeações tipo roleta, consta a de um técnico superior das finanças, José Menezes e Teles, para chefiar o Departamento de Planeamento Urbanístico. No currículo deste técnico de finanças - um verdadeiro mouro de trabalho - não constava nenhuma passagem por áreas afins ao urbanismo ou vagamente aproximadas.    

Santana Lopes, a de 29 de Abril de 2002, resolve baralhar de novo as cartas e redistribui os pelouros. Carmona Rodrigues, para além dos anteriores, ganha numa assentada os pelouros do trânsito, património, protecção ambiental, manutenção de equipamentos electromecânicos e eléctricos.

Um homem especializado no ambiente, torna-se por artes mágicas, próprias de espectáculos circense, especialista em viaturas, parques de estacionamento e outros problemas afins. Carmona Rodrigues não pode dizer que não ao amigo, e passa a ter 9 pelouros. 

Embrulhadas

A actuação de Carmona Rodrigues na CML foi neste período marcada pela discrição, embora apareça sempre envolvido em verdadeira trapalhadas. Era um pau mandado de Santana Lopes para executar as mais diversas negociatas.

Os resultados da sua acção na CML, não tardaram a aparecer, revelando em muitos aspectos uma preocupante linha de continuidade, por exemplo,  com um anterior vereador do PS ( Machado Rodrigues ). As decisões são tomadas de improviso e ao sabor dos interesses imediatos. Dir-se-ía que as suas opções políticas são as mesmas, ou então que já está totalmente dominado pelos lóbies há muito instalados na CML.  

Negociatas com Clubes de Futebol. As câmaras de televisão mostraram-no contentissimo na distribuição da "Sorte Grande" aos clubes de futebol. Nenhum clube de futebol de Lisboa ficou a perder (Sporting Lisboa e Benfica, Sporting Club de Portugal, Os Belenenses, etc.). Todos foram amplamente contemplados com dinheiro e património público, através de uma complexa obra de engenharia financeira. Carmona é apresentado como o autor destas negociatas ruinosas para Lisboa.

Acumulação de Vencimentos. Á semelhança de Santana Lopes, Pedro Pinto ou Helena Costa, Carmona não tardou também em acumular dois vencimentos completos na CML (Vice-Presidente-vereador e de membro da administração de uma empresa municipal). Se seguir o seu mestre, não tarda em acumular também reformas no Estado

 

A proliferação de parques de estacionamento sem planeamento e medidas adequadas, não resolve os problemas do transito de Lisboa, antes os agrava.  

Imagem, ao fundo, do Parque de Estacionamento na Av. dos EUA, no Campo Grande, em Lisboa. O parque está praticamente vazio, ainda faltando vender diversos lugares, mas os automóveis continuam a amontoarem-se nos passeios, bloqueando a entrada das casas e por vezes do próprio parque de estacionamento !  

 

Caos no transito. A sua acção à frente do pelouro do trânsito não podia ser pior. Em vez de introduzir medidas restritivas para impedir a entrada de mais automóveis  na cidade, lança-se em obras megalómanas para atrair mais automóveis. Foi durante este período o grande promotor do Túnel das Amoreiras

Carmona mostra-se incapaz de impor qualquer restrição de circulação em certas áreas (A Rua Garret é neste aspecto um exemplo paradigmatico). É curioso constatar que foi só depois da  sua saída da CML, que foram adoptadas algumas medidas de restritivas no transito em bairros históricos.

Licenciamentos Automáticos. Neste período os empreiteiros e especuladores imobiliários esfregaram as mãos de contentes. Santana Lopes prometera que em meia dúzia de meses, durante 2002, todos os  projectos que estavam a ser analisados na CML seriam resolvidos num curto espaço de tempo.

Os serviços da propaganda municipal falaram de um programa informático que daria vazão aos processos acumulados. "É tudo automático, como as máquinas no Casino do Estoril", garantia-nos na altura um funcionário da CML. Um exemplo paradigmático destes  licenciamentos automáticos foi o do Parque de Estacionamento da Rua José Lins do Rego: os moradores nem sequer foram  ouvidos, ninguém parece ter lido o processo, ou se preocupou com impactos ambientais e possíveis alternativas. Foram inclusive ignorados os anteriores compromissos com os moradores. O processo foi simplesmente deferido de cruz.

Santana Lopes, apoiado em Carmona Rodrigues, em Janeiro de 2003, veio para a comunicação social falar de uma limpeza geral que havia feito nos processos que existiam na CML. Mais tarde percebeu-se a dimensão das embrulhadas sob a responsabilidade directa de Carmona Rodrigues.

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Lisboa à Noite

Carmona Rodrigues aos que o criticavam por autorizar licenciamentos sem visitar os locais, afirmou que fazia as visitas à noite de mota !

A propaganda municipal repetia sem cessar que tudo estava melhor no transito na cidade de Lisboa. Esta afirmação  tinha contudo um limite: a realidade, os factos constatados diariamente pelos munícipes.

 Ora, os factos são insofismáveis: ao longo de 2002 e 2003, os problemas no transito não só não diminuíram mas inclusive agravaram-se. Carmona  Rodrigues , responsável pelas infra-estruturas viárias, transito, estacionamento e parques de estacionamento revelou neste domínio uma total inépcia. 

Sem ideias definidas para combater os problemas que enfrentou, limitaram-se a prosseguir  o pior que herdou da gestão anterior, dado que era também o mais simples que podia fazer: Praticou uma política de improviso e submissão aos lóbies da venda de automóveis, de gasolina, do betão, etc.  No fim terá a recompensa.

Os seus objectivos e os de Santana Lopes, como se verá, reduziram-se a três coisas:

1º. Grandes obras sobretudo mais túneis, para permitir que sejam despejados mais carros diariamente na cidade.

2º. Novos locais para encher tudo quanto é sítio com automóveis (Carmona fala num "défice" de 200 mil novos lugares de estacionamento). Neste capítulo, não recua perante nada, traindo mesmo compromissos assumidos durante a campanha eleitoral (2001), nomeadamente que não seriam destruídos jardins públicos para construir parques subterrâneos de estacionamento.

3º. Medidas restritivas ao transito nas zonas históricas. Embora pontualmente estas sejam concretizadas, logo de seguida são abandonadas, como aconteceu na Rua Garrett ( a interdição ao transito confinou-se a 10 metros).

Estamos perante uma actuação desastrada, que já se revelou no passado recente altamente lesiva da fraca qualidade de vida dos habitantes de Lisboa. 

Níveis de Poluição Atmosférica e Sonora ultrapassam todos os limites. Foi durante este período a poluição atmosférica e sonora bateram todos os recordes, colocando em risco a saúde pública. Lisboa transformou-se numa cidade irrespirável, tendo como vice-presidência do município um especialista em ambiente...

Pau para Toda a Colher

Carmona ao fim de um ano de mandato, assumia já plenamente as funções que Santana Lopes lhes havia destinado: - salvá-lo de todas as enrascadas em que se metia, por manifesta falta de tempo e incompetência. A gestão da CML era feita nesta altura nos intervalos que conseguia arranjar entre os comentários desportivos e políticos na televisão, na rádio ou nos jornais. 

Em finais de 2002, Santana Lopes, cada vez mais envolvido com a sua candidatura à Presidência da República  já nem sequer queria ouvir falar sobre os assuntos da CML. Quem mandava na bagunça em que tornara a CML era de facto Carmona Rodrigues.

 

Substituto de Isaltino: Abril de 2003 - Julho de 2004

Em Abril de 2003, Durão Barroso utiliza Carmona para ocupar o lugar de ministro das obras públicas, em consequência da remodelação provocada pelo escândalo do então ministro do ambiente Isaltino Morais, apanhado nas malhas da corrupção e tráfico de influências. Carmona é um autêntico pau mandado. `A frente do Ministério das obras públicas acaba por não decidir nada e empata todos o processos onde mete as mãos. 

Na CML, em consequência da sua nomeação, o seu lugar é ocupado por José António Moreira  Marques (membro do conselho nacional dos TSD e o candidato que se seguia na lista do PSD). 

Quando Santana regressar à CML (Março de 2004), este será o único a protestar no PSD. Este regresso implicava o fim do seu tacho! 

Algo de incrível acontece em Portugal: Santana Lopes é nomeado primeiro-ministro. A deriva no país é total.

Carmona a mando de Santana deixa o governo e assume a presidência da CML. Uma vez na Câmara, Carmona Rodrigues retoma a ideia de destruir o Jardim da Rua José Lins do Rêgo, realizando a negociata que havia congeminado com o Padre dos Olivais. Na Assembleia Municipal reclama a autoria de toda a trama ( Consultar ). 

Ao longo destes meses, pouco mais fez do que aumentar o défice da CML. Os problemas da cidade foram-se agravando, numa gestão ao sabor dos interesses do momento. Quando Santana  perdeu as eleições (20 de Fevereiro de 2005), Carmona nunca pensou que ele regressasse à CML. Não esperava esta desfeita do seu amigo e mestre.  

Lisboa e a CML está num processo de acentuada degradação. Carmona Rodrigues, em privado, aponta o dedo à acção nefasta dos vereadores escolhidos por Santana Lopes e à enorme corte de incompetentes e corruptos que os acompanham.

Do Editorial

(reflexões de um período conturbado)

(3 ) Confirma-se a Política do Vale Tudo. Lisboa, reflexo do estado calamitoso em que o país vive, não foge à regra: está entregue à bicharada !. Mais

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(2) Regresso ao passado. Mal se soube que Santana Lopes seria substituído na presidência da CML por Carmona Rodrigues, uma nova onda de pânico voltou a apossar-se dos lisboetas. Os lisboetas andam também confusos: Afinal qual é o regime político que existe em Portugal? República ou monarquia feudal?  Mais 

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(1) Oh não ! O país entrou em estado de choque, com a mera possibilidade de ter como primeiro-ministro Pedro Santana Lopes Mais

 

Humilhação: Março e Abril de 2005

O regresso de Santana Lopes à CML (14 de Março de 2005) foi feito de forma humilhante para Carmona Rodrigues. Num dia para o outro deixou de ser presidente da edilidade, sem sequer ser ouvido nem achado em todo o processo. Carmona não se demitiu e durante dois longos meses sofreu calado e suportou a chacota da imprensa, dos lisboetas, de Santana Lopes, dos vereadores, funcionários, etc. 

A opinião unanime era que não tinha carácter, verticalidade e continuava a ser um pau mandado como sempre fora na autarquia e no governo. (consultar )

A verdade é que Santana Lopes mal chegou à CML não tardou a reclamar para si os louros de todo o trabalho feito na autarquia desde Janeiro de 2002. As ideias e  os projectos eram dele. Carmona limitou-se a seguir as suas indicações. A única coisa de que fora autor foi a da negociata do citado jardim na Rua José Lins do Rego (Consultar ). Um crime na história da cidade de Lisboa.

Os vereadores ligados a Santana Lopes, em privado acusam-no de não ter sabido gerir a CML na sua ausência. Cada um fazia o que queria, os serviços camarários estavam praticamente paralisados.  

Vingança: Maio-Outubro de 2005

Carmona assumiu o papel da vítima de Santana Lopes e dos seus comparsas.  A vingança não tardou a surgir.

Marques Mendes, ao vencer o Congresso do PSD (10 de Abril) tornou-se o novo líder deste partido. Desejoso de marcar as distâncias em relação a Santana Lopes e seus apoiantes decidiu promover Carmona. Ele era o homem certo para o fazer. 

O alvo da chacota pública, em segredo, aceita o convite para ser candidato a Lisboa. Quando o caso foi tornado público (21 de Abril ) as reacções não tardaram. Santana sentiu-se traído. Os vereadores do PSD na CML acusam-no de não ter consideração por quem o promoveu e lhe deu tudo o que agora tem. Era um ingrato.

A candidatura de Carmona à CML surge assim, como um acto de vingança, num total vazio de obra realizada. Não pode reclamar para si uma obra que pertence a Santana. Carmona percebe a situação é trata de se apresentar como o técnico que melhor sabe estar na CML ao serviço de outros. É um técnico, não um político. Um pau mandado, não um decisor. 

O significado profundo desta candidatura é de natureza psicanalítica: Carmona é um homem ofendido, humilhado pelo seu antigo colega de escola. Foi usado e abusado.

A vingança começou quando apresentou a sua candidata à presidência da Assembleia Municipal (Paula Teixeira da Cruz). Virando-se para os jornalistas, classificou de forma breve e sucinta Santana Lopes como um artista de circo (1/8/2005).  A vingança completou-se quando recusou a integrar na sua lista para a Câmara os artistas circenses ligados a Santana Lopes.  

Para mostrar que estava disposto a tudo, prometeu transformar a CML e as suas empresas municipais num verdadeiro "self service" para todo o tipo de clientelas, desde que estejam ao seu lado e se oponham a  Santana Lopes. 

 

 Self Service Camarário

Carmona está por todas para arranjar apoios. Aos membros do Partido da Nova Democracia (PND), ofereceu-lhes cargos em empresas municipais no caso de ser eleito (Expresso,13/8/2005).

Ao líder do  fantasmagórico Partido Popular Monárquico (PPM), ofereceu-lhe um lugar na EGEAC (Empresa Municipal de Gestão e Animação de Equipamentos Culturais) (O Independente, 12/8/2005)

Os sobreviventes são de certa forma protegidos da sorte. Carmona pode considerar-se um verdadeiro sobrevivente do enorme desastre que foi a gestão de Santana Lopes em Lisboa e no país. 

Quis a sorte que o PS, tenha escolhido para seu adversário nas eleições autárquicas, o pior dos seus candidatos a nível nacional. Manuel Maria Carrilho, embora tenha um programa excelente, uma equipa com elementos muitos competentes, produz anti-corpos por onde passa. Se ele é a sorte grande para Carmona Rodrigues, para Lisboa significa a continuação da deriva iniciada com Santana Lopes.

Durante a campanha eleitoral, os vereadores do PSD fiéis a Santana, procuraram por várias formas boicotar a sua acção. No dia 9 de Outubro de 2005 Carmona conquistou a CML. Meses depois começou a mais inacreditável sucessão de casos de corrupção, peculato e tráfico de influências que jamais Lisboa conheceu.

Continuação

   
   





 

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