Carmona
Rodrigues na Presidência da CML (2005-2007)
Carmona em
Acção !
2005/6
A Equipa
de Carmona Rodrigues
As primeiras medidas de Carmona
Rodrigues foram aguardadas com grande expectativa. Entre Outubro a Dezembro de
2005 foi para (des)arrumar melhor a casa.
O Município de Lisboa é hoje em
Portugal um dos piores em termos eficiência. Está totalmente endividado. Os
investimentos são cada vez menores, embora as receitas não parem de aumentar.
O dinheiro sacado aos contribuintes é literalmente esbanjado nos ordenados de
uma multidão de dirigentes, assessores e funcionários cuja utilidade social é
difícil de descobrir.
O que se seguiu ao longo de 2006
mostrou que o novo presidente da CML era afinal um excelente continuador da obra de Santana Lopes.
É caso para
perguntar: Carmona ou Santana Lopes II ?
Entre as inúmeras medidas de
Carmona Rodrigues, neste ano, algumas merecem ser registadas no anais da cidade.
Elas exemplificam o caos que se tornou a CML.
A sua primeira (e simbólica) decisão
foi a de autorizar a demolição da
casa de Almeida Garrett
, um dos
maiores escritores da língua portuguesa. O que se seguiu confirmou que este
caso não era uma excepção, mas a regra.
Ao longo de 2006 sucederam-se as
polémicas em turno da destruição do património nacional autorizado pela CML:
A sede da PIDE, a antiga polícia politica da ditadura salazarista/caetanista,
na rua António Maria Cardoso, o Convento de Arroios (séc. XVII), o convento
dos Inglesinhos (séc. XVIII), etc. Se Santana não brilhava pela
cultura, Carmona parece ter melhores dotes apenas para os sistemas hidráulicos.
Placa que existia à entrada da magnifica casa de
Almeida Garrett, assinalando o facto de aí ter vivido e falecido. Um edifício
histórico e raro da arquitectura burguesa de meados do século XIX (1853). Com a
autorização expressa da CML a casa foi destruída, o património cultural de
Portugal ficou mais pobre.
A segunda medida foi a de promover uma directora municipal envolvida no processo que
conduziu à destruição do Convento de
Arroios. A criatura havia sido alvo de um processo disciplinar,
pelo anterior responsável pelo urbanismo na CML, por ter adoptado procedimentos susceptíveis de
sanção neste caso.
A terceira importante
medida foi a de pôr a leilão um carro de luxo adquirido por Santana
Lopes (110 mil euros, 17,5 litros aos 100 km). Ao que consta, Carmona, precisava
de um pretexto para comprar um carro novo.
A quarta
medida sucede-se a uma verdadeira embrulhada de Santana Lopes/Carmona Rodrigues
envolvendo a Feira Popular, Parque Mayer e a localização do Casino de Lisboa.
Depois da CML ter pago 2,5 milhões de euros ao arquitecto
Frank Gerry por um projecto para o Parque Mayer, em 2006, Carmona
decide deitar para o lixo o dinheiro dos contribuintes. O projecto é posto na
gaveta, a obra adiada para as calendas. Todo o negócio é alvo de suspeitas de
irregularidades. Em Março o vereador da oposição - José Sá Fernandes -
denuncia uma tentativa de corrupção para o silenciar, por parte de um
empresário participante nestes negócios.
A
quinta medida foi a de autorizar a
destruição do Cinema Europa, em Campo de Ourique, contrariando uma promessa
eleitoral. Este cinema era uma obra emblemática da arquitectura portuguesa do
século XX.
A sexta
decisão significativa foi a de nomear para empresas municipais antigas
vereadoras de Santana Lopes. As pobres criaturas, ao que consta, fora da CML de
Santana Lopes / Carmona Rodrigues ninguém lhes dava emprego Uma das
contempladas - a ex-vereadora Eduarda Napoleão - mal chegou a uma empresa municipal
do grupo EPUL, enquanto administradora, tratou logo de atribuir-se a si própria um prémio
pela excelência da sua gestão no valor de milhares de euros.
Em
Setembro de 2006 os lisboetas ficaram a
saber que nas empresas municipais, os seus administradores andavam a atribuir-se
prémios a si próprios pela "magnifica" gestão que praticavam. Os
prémios que recebiam eram superiores aos magros lucros obtidos pelas
respectivas empresas, os quais na maior parte eram devidos à venda de terrenos municipais
em negócios obscuros.
A
sétima foi uma autorização, decidida em cima dos
joelhos, para prosseguir a construção de um condomínio privado na Avenida
Infante Santo, onde para além de terem sido detectadas várias irregularidades faltava quase tudo em
termos de licenciamento. Esta prática voltou a ser repetida noutras
situações idênticas.
A
oitava ocorreu
ainda em Setembro, quando a CML para fazer face às enormes dívidas que
contraiu nos últimos anos, resolveu começar a pôr à venda o património
municipal que lhe foi legado por gerações de portugueses.
A listagem dos bens a alienar é enorme: palácios, casas, terrenos, quintas,
etc. Entre os edifícios
que a CML tencionava vender constam 6 palácios históricos, um dos quais é o palácio onde nasceu
Marques de Pombal e no qual o município investiu recentemente muitos milhões de euros.
Recorde-se que, em 2005, este palácio tinha sido objecto de uma pilhagem nunca
esclarecida. "Lisboa está a saque ?", era a pergunta mais ouvida na
cidade.
Quase
um ano depois de ter sido eleito, Carmona revela uma desorientação total,
está apenas preocupado em sobreviver. Não
consegue sequer passar nenhuma mensagem positiva sobre a sua gestão para o exterior. O descrédito
é enorme tanto dentro, como fora da CML. Os lisboetas olham com um misto de
espanto e apreensão para uma câmara onde os credores batem todos os dias à porta reclamando
o pagamento de dívidas em atraso. Onde as próprias piscinas municipais
não abriram durante o verão de 2006, por falta de dinheiro para comprar cloro
(P., 22/9/2006). Os monitores das aulas de complemento curricular não recebem
os seus salários, porque a CML desvia do dinheiro que recebeu do Ministério da
Educação para alimentar bandos de parasitas. Os escândalos sucedem-se. Até onde
iria isto tudo parar, era a grande incógnita. "Iremos assistir a mais um espectáculo
degradante, idêntico àquele que precedeu a saída de Santana
Lopes?", perguntavamos em fins de 2006.r
.
Maior
percentagem, menor representatividade .
Face ao crescente
desinteresse dos cidadãos, cada vez mais se ganham eleições com menos votos.
Em 2001, Santana Lopes ganhou as eleições com 41,98%, correspondentes a 131.135 votos. Em Outubro de 2005 Carmona
Rodrigues obteve 42,43% com 119.837 votos ( 536.450
eleitores estavam inscritos nos cadernos eleitorais). Conclusão: quanto maior a
percentagem, menor a representatividade. |
.
A
nona nem medida
pode ser considerada. Ocorreu nos últimos meses de 2006, quando se avolumaram
os casos de alegadas práticas de corrupção, peculato, tráfico de
influências na CML. O que é que fez Carmona Rodrigues enquanto presidente da
autarquia? Nada ! Limitou-se, como um simples moço de recados a ir à sede do
PSD pedir orientações sobre o que havia de fazer na Câmara.
A
décima veio
a público em Dezembro de 2006, quando o
director dos serviços de Urbanismo se demitiu do cargo após serem conhecidas
as suas relações empresariais com o arquitecto que projectou o polémico
loteamento da fábrica de sabões de Marvila. O que fez Carmona para evitar
estas situações? Ouviu os protestos e as denúncias dos moradores sobre os
serviços de urbanismo? A avaliar pelo que aconteceu no caso da Rua José Lins
do Rêgo ignorou tudo. ( consultar
) As Contas do Descalabro
O Relatório das Contas
referentes a 2006 espelhava o descalabro em que havia caído a Câmara Municipal
de Lisboa:
- As taxas de execução
foram as mais baixas desde 1974. As receitas arrecadadas em 2006 decaíram 40
milhões de euros face a 2005. Foram executados 66% dos valores previstos, já incluindo
as receitas relativas à operação de permuta dos terrenos Parque Mayer/Entrecampos (cerca de 55 milhões de euros).
- A taxa de execução dos
mediocres investimentos previstos não foi além de 38%.
- O passivo da CML aumentou 61 milhões de 2005 para 2006, situando-se
em 1 261, 269 milhões de euros. O aumento registou-se sobretudo nas dívidas de curto
prazo. Um aumento dificil de explicar pois a CML esteve praticamente
paralisada.
- A dívida a terceiros aumentou 24 milhões, situando-se agora nos 981 Milhões
de euros (destes, 490 milhões correspondem a dívidas a bancos e 491 milhões são de dívida a fornecedores).
2007 Pior
era impossível ! Nunca na CML,
num curto espaço de tempo, ocorreram tantos casos de alegada corrupção, peculato e tráfico de
influências.
O ano de 2007 começou logo com
um tentativa de corrupção a um vereador. A 11 de Janeiro um administrador da
Bragapaques é constituído arguido. Dias depois são reveladas escutas
telefónicas que levantam fortes suspeitas de envolvimento com a Bragapaques dos
vereadores Fontão de Carvalho, Gabriela Seara e do director dos serviços
centrais Remédio Pires. Era o começo de caso de contornos escabrosos.
No mês seguinte é a vez de
novas acusações por práticas danosas na EPUL, envolvendo desta vez a
ex-vereadora do PSD - Eduarda Napoleão (16/2/2007).
Em Março, o lamaçal das
empresas municipais torna-se insuportável. A roubalheira é completa. Na
Gebalis facções do PSD degladiam-se entre si no assalto à empresa que
gere os bairros sociais...
Em Abril de 2007, o PSD, o
partido que o escolheu e apoiou a candidatura de Carmona mandou-o para a rua por
incompetência (3/5/2007).
As dividas da CML ascendiam a 1.261
milhões de euros. O
município estava falido. O desnorte era total ! A população de Lisboa exige
que se apurem responsabilidades. |