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EDITORIAL
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Corrupção
nas Autarquias (Março / 2005)
.
"Nenhum português que algum dia teve de contactar com um serviço
municipal na área do licenciamento e construção conseguiu fazê-lo sem, em
alguma fase do processo, lhe ser sugerido que podia 'olear' a máquina. Todos têm
histórias para contar, umas vividas, outras ouvidas" . José Manuel
Fernandes, PÚBLICO, 2-3-2005.
A constatação do director do
jornal Público, feita na sequência de idênticas afirmações recentemente
produzidas por Mário Soares ou o fiscalista Saldanha Sanches, é
corroborada diariamente por todos os portugueses de norte e sul, incluindo os
residentes nas ilhas dos Açores ou da Madeira. Em Setembro de 2005, num total
de 308 Câmaras Municipais no país, mais de um terço (124)
estavam a ser ser investigadas por processos de corrupção, peculato, tráfico
de influências, destruição de documentos comprometedores, etc. Para o comum
dos cidadãos, a questão é outra: - Porque são tão poucos os casos de corrupção
nas autarquias que chegam à comunicação social?
Existe um abismo entre a percepção
quotidiana do comum dos cidadãos e o números oficiais sobre os casos de corrupção
apurados nas autarquias e no Estado. Qual a razão de fundo deste fenómeno ? A
resposta é simples: A corrupção em Portugal
é
em primeiro lugar um acto cultural. O Estado desde há séculos que não serve
os cidadãos, mas serve-se deles para alimentar vastas clientelas internas e
externas. Não está ao serviço dos cidadãos, mas estes é que estão ao serviço
dos que nele estão instalados ou o controlam. Durante séculos milhões de
portugueses foram literalmente exportados para todo o mundo para criarem e
manterem um "Império" que alimentava uma corte de parasitas
solidamente instalada em Portugal ou no estrangeiro. É por tudo isto que o cidadão olha para o Estado, não
como um agente ao serviço do Bem Comum, mas como uma máquina parasitária que
a qualquer momento lhe irá exigir sempre e sempre mais, sem lhe prestar contas
pelo que lhes extorquiu, nem lhe prestar serviços dignos desse nome. O
comum dos cidadãos julga vingar-se do Estado furtando-se
aos seus deveres de cidadania, nomeadamente não denunciando os corruptos, mas
alimentando-os. No seu entender eles também estão contra o Estado,
só que neste caso beneficiam do sistema nele instalado.
É por tudo isto que a
cultura de cidadania em Portugal é ainda muito incipiente. O comum dos cidadãos
raramente assume como um dever de cidadania publicitar os casos de
corrupção que conhece. Entre os múltiplos esquemas de corrupção autárquica,
cinco deles parecem estar amplamente generalizados.
1. Pagamentos extras. Como José Manuel
Fernandes constata é frequente autarcas, arquitectos, engenheiros, fiscais, funcionários camarários de viva
voz, ou por costume enraizado nas práticas há muito estabelecidas, solicitarem,
sugerirem ou apontarem para a necessidade de um pagamento extra em numerário,
em espécie ou através de contrapartidas, quando o munícipe quer ver mais célere um
despacho que lhe falta para a conclusão de um processo, ou quando pretende obter uma licença que
nunca mais chega.
Por uma questão
cultural, o cidadão português prefere pagar os extras que são impostos por
redes de corrupção instituídas, a ter a
"chatice" de as "denunciar". Ainda recentemente, no próprio edifício da
CML, no Campo Grande, um munícipe que esperava, como nós, a sua vez de ser
atendido, apontou-os para um funcionário camarário e disse-nos: "Aquele
tipo que ali vai, é arquitecto aqui na Câmara, para nos despachar o processo lá
do prédio tivemos que lhe entregar no ateliê um envelope com 100 contos".
Enquanto descrevia a cena, outro munícipe ia confirmando a veracidade do relato. A verdade é que quando o inquirimos sobre o local do dito "ateliê",
referiu-nos apenas de forma vaga a sua proximidade do Metro de Roma. Há medida
que insistia-mos para que nos desse mais pormenores, foi-se calando. "Não queria
chatices", a resposta que sempre ouvimos quando pretendemos
apurar factos relacionados com actos de corrupção.
2. Dois em Um. Está de tal modo
generalizado que já ninguém acha estranho que autarcas e funcionários
camarários de todos os níveis hierárquicos, sejam proprietários, trabalhem
ou angariem empresas para realizarem trabalhos para as câmaras. As empresas
ligadas a funcionários camarários desfrutam da "fama " (e do
proveito) de tornaram as coisas mais céleres nas autarquias. A justificação
é simples: "conhecem os cantos à casa", sabem como fazer as "coisas".
Embora estes expedientes possam sair mais caros, a verdade é que para os
munícipes oferecem a "segurança" das coisas chegarem a bom termo.
"Se houver algum problema, ele está lá dentro e trata do caso",
temos ouvido vezes sem conta.
3. Dupla Contabilidade. A comunicação
social vai dando conta de casos de funcionários de autarquias, mas também dos
vários ministérios que aproveitando-se da desorganização dos serviços,
falta de sistemas de controlo, organizaram um sistema de dupla contabilidade.
Numa registam as receitas apuradas pela cobrança de taxas e outros pagamentos.
Estas são as únicas declaradas e as que entram de facto nos cofres do Estado. As
outras verbas, embora tenham sido cobradas, entram apenas na contabilidade
pessoal e vão engrossando as contas particulares dos respectivos
funcionários ou dos seus familiares e amigos, para não levantarem
suspeitas.
4.Patrocínios. Parece que está
instituída também a prática de que as empresas que ganhem concursos
públicos, ou trabalham regularmente para certos serviços camarários
patrocinem iniciativas ou ofereçam presentes aos seus funcionários. Trata-se, entenda-se
de meras "atenções". Os presentes tanto podem ser almoços como
material diverso, o leque é vasto. Na já referida sala dos serviços
camarários do Campo Grande, durante a época natalícia de 2003, assisti a uma
curiosa conversa de uma senhora. Ao que depreendi seria empregada num
restaurante em zona de Cintra. Narrava a uma amiga, o almoço oferecido por uma
empresa de reabilitação urbana, imagina-se a todo o pessoal de um
Departamento Municipal, tendo sido mesmo necessário alugar uma camioneta.
Tentei colher pormenores mas, mais uma vez, as bocas fecharam-se.
5.Esmolinhas. Ao longo de todo o ano,
funcionários da CML, aproveitam os mais diversas acontecimentos (Natal,
Páscoa, 1ª. de Maio, etc), para andarem de porta em porta a pedirem uma esmola
aos munícipes. O munícipe sente-se de imediato compelido a dar "qualquer
coisinha", caso contrário fica com receio de que a CML não preste os
serviços mínimos de limpeza urbana, que outros não faz.
6. Grandes Esquemas. Os esquemas
anteriores, montados por funcionários camarários, não passam de
brincadeiras face as esquemas criados por muitos presidentes e vereadores
camarários. A este nível pensa-se em grande. Presidentes e vereadores da
Câmara fazem chorudos negócios com a própria autarquia, usando para tal
familiares ou amigos que se apresentam como supostos empresários. Chegam ao ponto de criarem
empresas municipais, para duplicarem vencimentos e regalias, empregarem amigos e
correligionários, financiarem partidos políticos, clubes de futebol,
negociarem com as suas próprias empresas, etc. Em 2005, mais de 30% das
autarquias portuguesas estavam a ser investigadas por actos ilícitos praticados
pelos seus presidentes e vereadores.
Estas práticas só são possíveis, na dimensão
que atingiram porque existem um vasto conjunto de situações que as propiciam:
a) Dirigentes que nas margens da lei se aproveitam dos cargos públicos para proveito
próprio e dos amigos, e desta forma dão o exemplo aos restantes funcionários ( "Se o
chefe se aproveita da situação, todos tem igualmente o direito de o fazer");
b)
legislação, procedimentos administrativos e estruturas orgânicas caóticas
que criam largas zonas que favorecem a arbitrariedade e a incompetência
("cada serviço, dirigente ou funcionário decide à sua maneira") ;
c) serviços públicos constituídos por verdadeiras redes familiares onde
predomina a cumplicidade ("todos se protegem"). Etc.
Face a este panorama, não admira que o director
do jornal Público, venha afirmar que é impossível existir
alguém em Portugal que ainda não tenha contactado com um esquema qualquer de corrupção
camarária. Um coisa é certa: este regabofe na administração pública
não pode continuar. É tempo de lhe pôr fim, caso contrário é o próprio
regime democrático que está em risco.
Carlos Fontes . Director do Jornal da Praceta
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O
Regresso de Santana Lopes (Março / 2005)
.
A
CML continua a ser uma caixa de surpresas. Após o regresso de Santana Lopes
(14/3/2005), passou-se rapidamente de uma comédia a uma sucessão de cenas de
mau gosto, conduzidas por uma mente que apresenta fortes sinais de
perturbação. Até Outubro, data fixada para as próximas eleições
autárquicas, é previsível que a situação se venha a agravar. Mais.
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Confirma-se a
Política do Vale Tudo ! ( Outubro / 2004 ) Lisboa, reflexo do
estado calamitoso em que o país vive, não foge à regra: está entregue à
bicharada !. O partido no poder é o mesmo, mas as decisões tomadas no
municipio seguem agora uma outra lógica: a do vale tudo ! Os compromissos
publicamente assumidos por Santana Lopes, são agora ignorados por Carmona
Rodrigues (
ver ). Não nos espanta. Este foi o cenário que apontamos, quando em Julho
se confirmou o seu regresso à CML.
Se Santana Lopes
não tinha ideias para Lisboa, Carmona muito menos as tem. Falta-lhe quase
tudo: carisma, capacidade de argumentação, notoriedade pública, etc. Para
além de tudo isto, Carmona herdou de Santana a presidência. Ninguém votaria
nele em Dezembro de 2002 para a presidência da CML, hoje também muitos poucos
o faziam. Ele sabe disso, por isso assumiu uma estratégia de pura
sobrevivência:
1.
Agarrar-se a todos os que o poderão manter na CML ( assessores, empreiteiros,
grupos partidários, etc.);
2.
Distanciar-se quanto pode da política seguida por Santana Lopes para se afirmar
como autarca independente.
Neste contexto, Carmona "vai a
todas", joga no "vale tudo", refém que está dos bandos que
dominam a Câmara Municipal de Lisboa. Lisboa, triste fado o teu !
Lisboa, 30 de
Outubro de 2004
MP - Sub-Director do Jornal da Praceta
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O Regresso
ao Passado: Carmona Rodrigues na CML (Julho / 2004 )
Afinal o que os lisboetas podem esperar de Carmona Rodrigues ? Esta é precisamente a
grande incógnita. Carmona, recorde-se, entre Dezembro de 2001 e
Abril de 2003 foi Vice-Presidente da CML e teve a seu cargo diversos pelouros. Procurou manter-se
na sombra, deixando para o seu amigo Santana Lopes as luzes da ribalta. Algumas decisões camarárias têm contudo a sua marca e são-lhe atribuídas de forma inequívoca: 1.
O projecto e condução do processo do Túnel das Amoreiras, que veio a ser
chumbado pelo tribunal; 2. A cedência ao desbarato do património
municipal a dois grandes clubes de futebol de Lisboa (SLB e SCP); 3. A
continuação de uma desastrada política de transito na cidade, deixando a
cidade pior do que estava quando chegou à CML; 4. A decisão de avançar
para a destruição do jardim da Rua José Lins do Rêgo, para aí construir um
absurdo parque de estacionamento subterrâneo;
Como vice-presidente e vereador, ao contrário de Santana
Lopes, revelou-se avesso aos debates públicos, preferindo cozinhar as decisões nos
bastidores entre amigos e assessores. É nestes ambientes recatados que se sente
bem. Quando questionado a esclarecer as razões que fundamentavam as suas decisões
políticas, remeteu-se ao mais completo silêncio. Um exemplo: Os moradores de Rua
José Lins do Rêgo tentaram durante largos meses obter um esclarecimento, ou
mesmo uma simples informação sobre uma afirmação que havia feito na
comunicação social referente ao famigerado parque, mas nada conseguiram apurar
junto do seu gabinete. A verdade é que ao mesmo
tempo que se recusava a recebê-los, o processo do parque era convenientemente expurgado de
documentos inoportunos e manipulado de modo consagrar uma decisão que o
próprio Santana Lopes veio depois a considerar infundada.
Como ministro da obras públicas
(Abril de 2003 a Julho de 2004), o balanço realizado pelo jornal Expresso não podia ser pior: Parou tudo onde se meteu:
a mudança do aeroporto para a Ota, as portagens nas SCUTs, o lançamento de novos troços de auto-estradas,
etc. Os espanhóis são os únicos que ficaram até agora contentes , dado que
lhes cedeu tudo o quiseram. A sua grande decisão em dois anos
de governo, resume à encomenda de um estudo para um túnel sob o rio Tejo,
destinado ao metropolitano de Lisboa. A sua grande obra efectivamente realizada foi uma re-edição de
um livro datado dos anos 40 do século XX, sobre o sistema condutas de águas pluviais na
cidade de Lisboa.
A verdade é que o anunciado regresso de Carmona à
CML está a colocar em polvorosa os moradores do Campo Grande. Houve já quem
não se contivesse e num acesso de fúria - zás ! -, desse uma grande martelada no
"redil" que o mesmo patrocinou na Rua Afonso
Lopes Vieira, destinado a albergar o estaleiro para a destruição do jardim da
Rua José Lins do Rêgo. Tratam-se de gestos impensados e inúteis, nomeadamente
devido à perda de energia que provocam. Por muito repulsa que lhes provoquem os
incompetentes, corruptos e safados que se pavoneiam pela CML, a verdade é que
não podemos concordar com este comportamento de alguns moradores de andarem a
dar marteladas em chapas metálicas até pelo barulho que provocam às tantas da
noite.
Lisboa, 13 de Julho de 2004
MP - Sub-Director do Jornal da Praceta |
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Oh Não !
(Julho / 2004)
O país entrou em estado de
choque, com a mera possibilidade de ter como primeiro-ministro o actual
presidente da CML e como ministro dos negócios estrangeiros o ex-vereador
Paulo Portas. Andando pelas ruas de Lisboa, no dia em que se confirmou esta
hipótese (28 de Junho de 2004), ninguém queria acreditar no que
os deuses estavam a urdir. Num povo habituado a lidar com os fados da vida,
cantando-os num tom alegre ou magoado, mas sempre mantendo a mesma
determinação, o desânimo não podia ser maior. "Oh não
!", dizia um lisboeta sucumbindo perante a notícia avançada pelos
vários canais de televisão.
Porquê este pavor que se
apossou dos portugueses tanto à esquerda como à direita? O assunto merece uma reflexão
ponderada de todos os que vivem nesta cidade. A situação em nada honra os lisboetas.
Como é possível que estes dois políticos, eleitos para a CML nas eleições autárquicas de Dezembro de
2001, sejam actualmente considerados pela esmagadora maioria dos portugueses como um perigo para o próprio país?
Várias são as respostas
possíveis para esta humilhante situação em que se encontram os lisboetas,
dado que lhes deram cerca de 800 votos a mais do que aos seus opositores, mas
que foram suficientes para os elegerem.
Primeiro: Avaliação
Os portugueses fazem uma avaliação muito negativa da sua "obra "
na CML e não gostariam ver a mesma serem repetida ao nível do país. Temem
que a sua acção à frente do país coloque em causa a sua própria
sobrevivência. Tem razão para pensarem deste modo?
a) Paulo Portas. É verdade que logo a seguir a
ter sido eleito vereador (Dezembro de 2001) não tardou a abandonar a CML.
Nada fez, mas também ninguém esperava que nada fizesse por Lisboa.
Limitou-se a fazer promessas durante a campanha eleitoral e depois de eleito
desligou-se do cargo para o qual tinha sido eleito. Os que o substituíram
(Henrique de Freitas, Faist, etc) revelaram-se uma desastre no cumprimento
das suas funções autárquicas, acabando sucessivamente por abandonar o
barco quais ratos de um navio prestes a afundar-se. Pior era impossível,
temos de reconhecer.
b) Santana Lopes é sabido
que promete muito e nunca se cansa de o fazer, parecendo mesmo que é a única
coisa que sabe fazer. Mestre na política-espectáculo, transformou a gestão
autárquica num espectáculo com que alimenta as primeiras páginas do jornais. A sua vida privada, convenientemente exposta, fornece por
sua vez abundante material para as revistas "cor de rosa" fazendo
a delícia daqueles que se vêem obrigados a lê-las quando têm que
frequentar os cabeleireiros, dentistas, médicos, etc. O que sobra das suas
promessas á frente da CML são cartazes, muitos cartazes anunciando coisas
mirambulantes que nunca foram cumpridas nem sequer tentadas, como o
rejuvenescimento da população da cidade. Por todos estes motivos só
podemos estar de acordo com José Pacheco Pereira (Publico, 1/7/2004) quando
afirma que os resultados desta política populista são simplesmente ruinosos (
ver ).
Segundo: Transparência.
Portugal ocupa, como é
tristemente sabido, um dos piores lugares na União Europeia em termos de
corrupção. O que temem agora os portugueses ?
Na verdade Santana Lopes e Paulo
Portas durante a campanha eleitoral afirmaram repetidas vezes que iriam
combater a corrupção que grassa na CML. Anunciaram o fim do sistema das
cunhas, do compadrio e até do amiguismo, defenderam sem tibiezas o mérito
e a competência. Por força das circunstâncias, Santana acabou ficar
sozinho neste combate contra a corrupção, mas rapidamente se percebeu que
não era essa a sua guerra. Ás clientelas já instaladas na CML, novas
clientelas se vieram juntar. Assistiu-se a algo inacreditável neste
contexto: O presidente da CML a pôr na ordem uma vereadora do seu partido
que resolvera transformar o erário público em pertences pessoais. A
comunicação social não tardou em fazer eco do que estava a acontecer na
CML, cada vez mais inundada por bandos mafiosos cujo único
elemento relevante no currículo para justificar o lugar que ocupavam era o
o de serem amigos do presidente ou de um qualquer vereador.
Terceiro:
Sucessões
A situação é particularmente
dramática, quando se equaciona a questão das diversas sucessões: primeiro de Durão Barroso (morador no Campo Grande)
e depois de Santana Lopes na CML. Ver este último como primeiro-ministro de
Portugal, pelos vistos era um cenário que nem o mais ignorante e distraído dos
portugueses era
capaz de perspectivar. Não faltam argumentos aos que se opõem a esta hipótese, a começar
pelo facto da escolha de um primeiro-ministro não poder ser
uma questão resolvida apenas no seio de um partido político, onde um grupo de
amigalhaços decidem entre si quem vai ficar à frente de Portugal. Recorde-se
que Santana Lopes não se submeteu a nenhuma eleição para este cargo, sendo
apenas eleito para presidir à CML.
O problema não se reduz todavia ao
país, arrasta também Lisboa. Um exaltado cibernauta escrevia aterrado com
os cenários que se desenham para a cidade."
Já imaginaram os que irão substituir Santana Lopes na CML ? Os que o
rodeiam já deram provas mais do suficientes da sua total inaptidão para os
respectivos cargos. Se o lisboetas não querem saber da sua cidade, nós
como portugueses, estamos preocupados com o futuro da capital do
país!". Ânimo Como lisboetas, não
podemos deixar de nos indignar com imagem que está a ser da veiculada da cidade
por mais reles que sejam os seus dirigentes
autárquicos. Todos sabemos que em Lisboa reina o populismo e a incompetência
perante a mais completa indiferença da maioria dos lisboetas. Reconhecemos que
Pacheco Pereira tem razão. Fazemos todavia um pedido: por favor não diminuam
ainda mais a auto-estima dos lisboetas.
Não podemos entrar numa situação
de total desânimo. É preciso recordar que na história milenar de Lisboa, os
seus habitantes já viveram situações de idêntico descalabro na
administração municipal, como foi aquela que se seguiu ao terramoto de 1755 ou
durante a guerra civil (1828-1834). Mas uma coisa é certa: os lisboetas sempre
encontraram energia para as superar, fazendo renascer das cinzas uma nova cidade,
onde apesar de tudo, gostamos de viver.
MP - Sub-Director
do Jornal da Praceta
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