Jornal da Praceta


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Caleidoscópio - Centro Académico da Universidade de Lisboa

Pelas 11.15 do dia 3 de Outubro de 2016, com a presença do reitor da Universidade de Lisboa, o presidente da CML e o vereador dos Espaços Verdes (José Sá Fernandes) foi finalmente inaugurado o Centro Académico da UL. O ligeiro atraso na inauguração ficou a dever-se ao represente dos estudantes...

Nos discursos oficiais seguiram-se as habituais promessas e desejos. O presidente da CML anunciou que ainda durante o mês de Outubro arrancariam as obras de requalificação da parte sul do Jardim do Campo Grande. O reitor da UL, anunciou que a Cantina 2 (Av. das Forças Armadas) seria transformada numa nova residência para estudantes. O vereador dos Espaços Verdes, o grande impulsionador da obra, pediu que nas paredes do Centro Académico fosse estivesse escrita a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Caleidoscópio, 3/10/2016

Caleidoscópio, 3/10/2016

Para a História

"Numa das suas muitas sessões de propaganda, a CML assinou, a 11/10/2010 um protocolo em que cedia à universidade de Lisboa o antigo "centro comercial" Caleidoscópio para a sua posterior transformação num "centro académico" que funcionaria durante 24 horas. O reitor a altura - Sampaio da Nóvoa - foi particularmente convincente nas suas palavras. A verdade é que ninguém levou a sério a promessa.

Meses depois, a 24/3/2011, com grande aparato mediático ambas entidades anunciaram que as obras se iniciariam dentro em breve. O projecto de requalificação do Caleidoscópio é da autoria do arquitecto Pedro de Oliveira, contemplando espaços para associações académicas e ambientalistas, auditório (80 lugares), um grande salão para exposições, uma vasta área de estudo, centro de documentação e outras valências

A única empresa que se mostrou interessada em explorar o espaço foi a McDonald’s  (2012), mas mesmo assim as obras não arrancaram, estando previsto um investimento de 2 milhões de euros.

Entretanto, iniciaram-se as obras de requalificação da zona norte do Jardim do Campo Grande, com base num projecto de Rosário Salema, ficando concluídas no final de 2013.

Em 2014 não havia sinais de obras, e o edifício está cada vez mais degradado e saqueado.  As obras de recuperação do edifício só se iniciaram a 13 de Julho de 2015, financiadas pela McDonald’s. O restaurante abriu no dia 11 de Abril  de 2016 com "McDrive" da McDonald`s em Portugal. Por todo o jardim e Alameda da Universidade podem agora ver-se abandonados  copos, sacos, palhinhas e restos de comida do McDonald`s.

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Caleidoscópio, Junho de 2016

Caleidoscópio, Junho 2016

O Centro Académico continuou sem data marcada para abrir... o que só veio a acontecer no dia 3 de Outubro de 2016!

Caleidoscópio, Outubro de 2015

 

 

Uma História Turbulenta

No espaço onde existiu um "Salão de Chá", o arquitecto Nuno San Payo projectou em 1971 um edificio hexagonal, cuja inauguração ocorreu em 1974. O Caleidoscópio era um centro comercial, com um espaçoso restaurante e um cinema sob a direção de Lauro António (1974-1994).

Em 1979 começa a fase negra do Jardim do Campo Grande e do Caleidoscópio: Nuno Krus Abecasis, apoiado pelo CDS-PP e o PSD, ganha as eleições para a CML. O Caleidoscópio e outros equipamentos adjacentes (campos de jogos, barcos, cafés, etc) são concessionados a uma empresa privada - Empresa Turística do Campo Grande. 

A manutenção do jardim do Campo Grande é descurada pela CML, sendo cada vez mais frequentado por marginais. Os roubos, o tráfico de droga, a prostituição e os crimes, incluindo assassinatos que ocorriam no jardim, afastam todos aqueles que tinham por hábito visitá-lo. Mais

A empresa que explora o Caleidoscópio, passa a alugar a terceiros todos os seus espaços, os quais entram num rápido processo de degradação:

O cinema (inaugurado a 1 de Novembro de 1974, tinha capacidade para 299 espectadores) desapareceu em 1994.

Painel cerâmico de Maria Emília Silva Araújo

Num último esforço de recuperação do espaço, em 1994, abre uma livraria - Livraria Escolar Editora. A degradação do Caleidoscópio e o abandono do jardim dos Campo Grande afastam a sua possível clientela, e acaba por fechar portas em 2010

A clientela do restaurante vai desaparecendo, até que completamente decadente encerra as portas em 2005.

A Discoteca Nell`s, famosa pelas noites africanas nos anos 80, acaba por ser dominada por bandos de marginais. Em  2007 dois dos seus seguranças são baleados, e no ano seguinte o Fisco encerra este estabelecimento nocturno, por falta de pagamento às finanças desde 2004...

Rúben Cunha (1983 -1997), a tragédia

O abandono do jardim do Campo Grande e zona envolvente pela Câmara Municipal de Lisboa acabou por vitimar mortalmente um jovem.

No dia 7 de Julho de 1997, Rúben Cunha, um jovem com 14 anos de idade, quando civicamente accionou o botão de um semáforo junto da passadeira do Caleidoscópio foi electrocutado.  Faleceu três dias depois devido a lesões cerebrais graves. O semáforo à semelhança de outros equipamentos públicos na zona estavam votados ao mais completo abandono por parte da CML.  Mais 

Se com João Soares à frente da CML (1995-2002) nada aconteceu na crescente degradação do Jardim do Campo Grande, com Santana Lopes (2002-2005) e Carmona Rodrigues (2005-2007) nada também se alterou. A CML, em 2003, gastou rios de dinheiro em ações de propaganda prometendo uma revolução no jardim e no Caleidoscópio, mas nada aconteceu. Mais

A única mudança concreta ocorreu já durante a presidência de António Costa (2007-2015). O vereador José Sá Fernandes, em 2009, põe um ponto final ao longo processo de degradação que consumia o Caleidoscópio e outros equipamentos adjacentes, iniciando os contactos para sua transferência para a Universidade de Lisboa. "

 

   

 

 

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