Uma História Turbulenta
No espaço onde existiu um "Salão
de Chá", o arquitecto Nuno San Payo projectou em 1971 um edificio hexagonal,
cuja inauguração ocorreu em 1974. O Caleidoscópio era um centro comercial, com
um espaçoso restaurante e um cinema sob a direção de Lauro António (1974-1994).
Em 1979 começa a fase negra do
Jardim do Campo Grande e do Caleidoscópio:
Nuno Krus Abecasis, apoiado pelo CDS-PP e o PSD,
ganha as eleições para a CML. O Caleidoscópio e outros equipamentos adjacentes
(campos de jogos, barcos, cafés, etc) são concessionados a uma empresa privada -
Empresa Turística do Campo Grande.
A manutenção do jardim do Campo
Grande é descurada pela CML, sendo cada vez mais frequentado por marginais. Os
roubos, o tráfico de droga, a prostituição e os crimes, incluindo assassinatos
que ocorriam no jardim, afastam todos aqueles que tinham por
hábito visitá-lo. Mais
A empresa que explora o
Caleidoscópio, passa a alugar a terceiros todos os seus espaços, os quais entram
num rápido processo de degradação:
O cinema (inaugurado a
1 de Novembro de 1974,
tinha capacidade para 299 espectadores)
desapareceu em 1994.
Painel cerâmico de Maria Emília Silva Araújo
Num último esforço de recuperação
do espaço, em 1994, abre uma livraria - Livraria Escolar Editora. A
degradação do Caleidoscópio e o abandono do jardim dos Campo Grande afastam a
sua possível clientela, e acaba por fechar portas em 2010
A clientela do restaurante
vai desaparecendo, até que completamente decadente encerra as portas em
2005.
A Discoteca Nell`s, famosa
pelas noites africanas nos anos 80, acaba por ser dominada por bandos de
marginais. Em 2007 dois dos seus seguranças são baleados, e no ano
seguinte o Fisco encerra este estabelecimento nocturno, por falta de pagamento
às finanças desde 2004...
Rúben Cunha (1983 -1997), a
tragédia
O
abandono do jardim do Campo Grande e
zona envolvente pela Câmara Municipal de Lisboa acabou por vitimar
mortalmente um jovem.
No dia 7 de Julho
de 1997, Rúben Cunha, um jovem com 14 anos de idade, quando
civicamente
accionou o botão de
um semáforo junto da passadeira do
Caleidoscópio foi electrocutado. Faleceu três
dias depois devido a lesões cerebrais graves. O semáforo à
semelhança de outros equipamentos públicos na zona estavam votados
ao mais completo abandono por parte da CML.
Mais
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Se com João Soares à frente da
CML (1995-2002) nada aconteceu na crescente degradação do Jardim do Campo
Grande, com Santana Lopes (2002-2005) e Carmona Rodrigues (2005-2007) nada
também se alterou. A CML, em 2003, gastou rios de dinheiro em ações de
propaganda prometendo uma revolução no jardim e no Caleidoscópio, mas nada
aconteceu. Mais
A única mudança concreta ocorreu
já durante a presidência de António Costa (2007-2015). O vereador José Sá
Fernandes, em 2009, põe um ponto final ao longo processo de degradação que
consumia o Caleidoscópio e outros equipamentos adjacentes, iniciando os
contactos para sua transferência para a Universidade de Lisboa. " |