Responsabilidade
Ecológica
Todos
temos responsabilidades sobre o estado em que se encontra o planeta. Não raro
somos assaltados pela pergunta: como foi possível chegar a esta situação ?A resposta, talvez, esteja na forma como encaramos a natureza, o que nos remete para os paradigmas.Modos globais de pensar que determinam a forma como agimos.
No Paradigma Naturalista o Homem concebia-se como fazendo parte da natureza, sob a qual reconhece não ter poder e cujo criador(es) reverência. A natureza era concebida como organismo vivo a que os homens devem respeito.
No Paradigma Mecanicistaque emerge a partir do século XVII ligado a uma concepção mecanicista da natureza, o grande objectivo conhecer a natureza para a dominar. A ideia de Progresso significa seu domínio e exploração exaustiva. Crença nos recursos ilimitados da natureza e no poder humano para o explorar. No princípio do século XIX surge a primeira dúvida no horizonte: o aumento desmesurado da população pode conduzir à escassez de alimentos, potenciadoras de guerras e pestes para o restabelecimento do equilíbrio natural.
Apesar de todos os alertas, a situação manteve-se sem grandes problemas até aos anos 60 do século XX. A partir daí acumulam-se os sinais que algo vai mal na trajectória que a Humanidade estava a seguir:
a) Degradação ambiental: A crescente procura de energia e de recursos para consumo degradou a paisagem, produziu enormes lixeiras e desequilíbrios ambientais
b) Desastres ecológicos: multiplicam-se os desastres com petroleiros, lançando a morte e destruição nas costas de muitos países.
c) Escassez de recursos naturais: A crise petrolífera de 1973 alerta o mundo para que as reservas petrolíferas eram finitas, mas também que as mesmas podiam ser usadas como armas de guerra;
Os dados do problema estavam à vista de todos: o aumento exponencial da população mundial. Em 1850 eramos 1,2 biliões; Em 1950 atingimos 2,5 biliões; No ano 2000 superamos os 6 biliões; Em 2011 já eramos 7 biliões. Ultrapassaremos os 10 biliões em 2050 !
Este aumento levou à criação de Megalólopes, produto de uma enorme concentração urbanaa e abandono dos campos. Nas actuais e futuras megalópoles aos problemas ambientais muitos outros tendem a gerar-se: habitação, saúde, emprego, educação, violência, falta de recursos (água potável, alimentos, etc). Entre 1995 e 2015 duplicou o número de cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Quase 80% das 29 megacidades, com um total de 471,2 milhões pessoas, situam-se em países em desenvolvimento da Ásia, América Latina e África. Tóquio lidera a lista de megacidades, com 38 milhões de habitantes. Mas, a partir daí surgem Delhi (25,7 milhões), Xangai (23,7 milhões), São Paulo (21,1 milhões), Mumbai e Cidade do México (21 milhões cada) e Beijing (20,4 milhões). A segunda megacidade do mundo desenvolvido é também japonesa, Osaka, com 20,2 milhões de habitantes. Nova Iorque ocupa a décima posição, com 18,6 milhões de pessoas. Paris é a 25ª da lista, com 10,8 milhões de habitantes, e Londres é a 27ª, com 10,3 milhões.
O aumento populacional provocou uma aumento brutal de recursos, mas também um aumento não menos brutal de desperdícios, lixeiras urbanas e residuos perigosos.
Esta situação está a provocar uma rápido esgotamento dos recursos naturais. Escassez de fontes de energia, como o petróleo, gera crescentes conflitos mundiais. Temos assistido também à deflorestação do planeta e a erosão dos solos férteis atingiu um ritmo insustentável, tornando-se à escala global uma crescente fonte de conflitos. O elevado consumo de alimentos (muito desigualmente distribuídos) estimulou a introdução de todo o tipo de práticas (manipulações genéticas, etc). A produção industrial de alimentos, nomeadamente de ruminantes (pecuária) está a contribuir para as mudanças climáticas.
As reservas mundiais de água potável, um bem imprescindível à vida humana, estão a diminuir desde 1970. A água potável representa apenas 3% da água que cobre 75% da superfície do planeta Terra.
A poluição, desflorestação, alterações climáticas estão a levar à extinção inúmeras espécies animais. Direitos dos animais ou deveres para com dos homens para com os animais? . Maus-Tratos. Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Biodiversidade.
Como se tudo isto não fosse suficiente, os desequilibrios ecológicos estão a provocar o aumento e dimensão dos desastres naturais.
O tão falado e sentido, aquecimento global, é fruto em grande parte de um modelo de desenvolvimento assente na utilização intensiva de recursos energéticos fósseis e desflorestação massiva do planeta. As consequências imediatas deste fenómeno são a extinção de espécies (redução da biodiversidade), maiores amplitudes térmicas, degelo dos pólos, subida do nível do mar, desertificação, etc.
Não é apenas a natureza que se mostra cada vez mais adversa à trajectória de desenvolvimento que tem vindo a ser seguida, a própria humanidade está em ruptura. O consumo de recursos é muito desigual a nível mundial. O sistema económico que impera proporcionam aos consumidores dos países mais desenvolvidos um consumo que não tem em conta as futuras gerações. A especulação que compromete o futuro Sociedades inteiras já estão em risco de sobrevivência. Os países mais pobres do planeta por terem menores recursos para enfrentarem estas situações são os mais atingidos por estas mudanças.
É por tudo isto que se passou a falar em Desenvolvimento Sustentável, uma ideia de dificil (impossivel ?) de concretização no atual sistema económico. Apesar de tudo, alguns sinais positivos tem surgido em muitos países. Nos últimos anos nos países mais desenvolvidos economicamente no mundo tem crescido os movimentos sociais que exigem uma nova política e ética global.
Proclama-se a necessidade de um novo equilíbrio com a natureza, uma utilização mais racional e menos perdulária dos recursos disponíveis. Apela-se à reutilização. A ideia chave é a da necessidade de uma maior responsabilização perante o legado que deixaremos às gerações futuras.
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