Jornal da Praceta

Junta de Freguesia

de Alvalade

O primeiro jornal na internet  dedicado à informação e análise crítica da gestão autárquica 

 

 

                 Freguesia de Alvalade

 

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Resultados Eleitorais 2013 - Eleições para Assembleia de Freguesia de Alvalade

2013

2009

Partido % Votos Votos % Votos
PS 36,99 5.260 31,86 5.827
PSD/CDS/MPT 34,89 4.961 50,89 9.308
PCP/PEV 9,97 1.418 7,53 1.378
BE 5,58 793 5,61 1.028
Brancos 4,70 668 2,13 390
PAN 3,52 500 - -
Nulos 2,81 399 1,09 200

O PS ganhou as eleições para a nova Junta de freguesia de Alvalade, embora em relação a 2009 tenha tido menos votos, agregando os resultados da três anteriores freguesias.

O PSD/CDS perdeu mais de 50% de votantes. Um resultado excelente tendo em conta a infame qualidade dos candidatos apresentados por esta coligação.

O facto mais significativo foi uma abstenção superior a 50%, o aumento dos votos em branco e votos nulos. A maioria dos eleitores em Alvalade não se reconhece nas listas de candidatos que os partidos políticos apresentaram em Alvalade.

Em consequência destas eleições para a assembleia de freguesia de Alvalade, o PS obteve 8 mandatos, o PSD/CDS 8 mandatos, o PCP/PEV 1 mandato e o BE 1 mandato. Como nenhum partido obteve maioria absoluta, as decisões na assembleia de freguesia estão dependentes dos votos do PCP.

 

Candidatos à Junta de Freguesia de Alvalade 2013

Admitidos

É consensual que a democracia em Portugal está transformada numa farsa. A população limita-se de 4 em 4 anos a ser chamada a votar numa lista de candidatos escolhidos pelos diferentes partidos políticos, que ninguém sabe porque razão foram aqueles e não outros os escolhidos. O sistema está criado de tal forma que bloqueia ou dificulta a participação dos cidadãos independentes. Depois é o que se tem visto: autarcas cujo lugar mais apropriado para ocuparem era uma qualquer cela prisional, e nunca uma câmara ou junta de freguesia. Ultrapassando este pequeno pormenor, vejamos quais são os candidatos que já foram escolhidos pelos respectivos partidos:

Partido Socialista

O Partido Socialista (PS), apresenta-nos um médico dentista (formado em 2006) - André Moz Caldas -, também licenciado em direito (2011), que prepara actualmente uma dissertação de mestrado sob o tema: "A Magistratura dos Censores e a corrupção em Roma". Ideias para Alvalade (30 mil habitantes) ainda muito vagas.

PSD

No PSD, em fins de 2012, foi anunciado que o candidato do partido seria um militante de longa data (1984) - Paulo Veiga de Fonseca- , formado em Relações Publicas e Publicidade (1993), que se destacou pode ter sido director de campanha local de Passos Coelho (2010), actual primeiro-ministro. O candidato do PSD esteve envolvido na trafulhice com a edição e autoria de um livro  - “Freguesia de Alvalade 1959-2009” , cujo autoria efectiva é atribuída a  António Prôa, e que determinou o afastamento compulsivo de um autarca eleito do PSD para a Junta de Freguesia de S. João de Brito. Os meandros deste processo são impróprios de qualquer regime democrático minimamente decente.

Perante este passado, o PSD, resolveu já em 2013, avançar com outra candidatura, desta vez de uma mulher - Mariana Teixeira, uma antiga funcionária do partido. Esta madeirense estudo economia (Iseg), especializou-se em "Política Social". Diz que trabalhou em publicidade e jornais. Entrou para a CML com Santana Lopes (2002-2007). Depois de 2009 foi para a Assembleia Municipal de Lisboa, onde aterrou na "comissão permanente" onde abundam as negociatas com os construtores civis e a especuladores imobiliários. Ficamos com a pior das impressões a seu respeito, quando num jantar de promoção da sua candidatura, a vimos sentada ao lado de uma sinistra personagem da Junta de Freguesia de Campo Grande.

Quando a  candidata do PSD apresentou a sua lista eleitoral, confirmou-se o pior  dos cenários: Para seu "Secretário" faz-se acompanhar de Armando Estácio, antigo presidente da JF de Avalade. Como "tesoureiro" aparece -Valdemar Salgado, o antigo presidente da JF Campo Grande. Para fechar este inacreditável ramalhete surge como  "Presidente da Mesa"  Fernando Marques, o antigo presidente da JF de S. João de Brito.  Ao  rodear-se  destas sinistras personagens, próprias de um parque jurássico (inferior), a candidata do PSD presta um mau serviço a Lisboa e à democracia.

 
   

Dimensão da Barbárie

Os dois principais partidos políticos em Portugal, para só mencionar estes, foram os grandes responsáveis pelo principal problema que afecta Lisboa, e em particular a "nova" freguesia de Alvalade: o despovoamento.

A política seguida pela CML, secundada pelas juntas de freguesia, desde 1981, foi a de uma verdadeira expulsão dos habitantes de Lisboa. O espaço e os equipamentos públicos, como passeios, jardins, piscinas, bibliotecas, etc, foram completamente abandonados.

Enquanto decorria a sangria do despovoamento, presidentes, deputados, dirigentes e funcionários autárquicos, como tantas vezes denunciamos, andavam frequentemente envolvidos num autêntico saque do património público: negócios de terrenos camarários, licenciamentos especulativos, acumulação de reformas, criação de empregos parasitários para familiares, amigos e correligionários, etc.

Por incrível que pareça, algumas destas sinistras criaturas (corruptos e incompetentes), continuam a surgir nestas eleições autárquicas, nas listas dos principais partidos, em lugares elegíveis. Esta gentalha não tem um mínimo de vergonha pelo que fizeram à cidade e ao país.

População das três freguesias

  Alvalade Dif.% Campo Grande Dif.% S. João de Brito Dif.%
1981 15.078 - 14.653 - 26.728 -
1991 10.996 -27,1 12.146 -17,1 17.143 -35,9
2001 9.620 -12,5 11.148 -8,2 13.449 -21,5
2011 8.985 -6,6 10.511 -5,7 11.634 -13,5
 
 

 

Na freguesia de S. João de Brito, tradicionalmente governada pelo PSD/CDS, a população desde 1981 diminuiu mais de 50%, registando um elevado nível de envelhecimento. A freguesia de Alvalade, onde a maioria do eleitorado é igualmente de direita, a sangria apresenta valores idênticos.

A única excepção neste panorama é a freguesia do Campo Grande, onde a diminuição da população foi menos abrupta devido ao realojamento de moradores vindos dos antigos bairros de barracas.

 

Lisboa precisa de 53 freguesias? 24 ou 8 ? Porque não nenhuma?!

A primeira questão não é o número de freguesias, mas as suas funções legais não as inventadas. 

É fácil de constatar que são irrelevantes, dispensáveis e pouco democráticas, funcionando sobretudo como meros orgãos de propaganda dos vários partidos políticos, provocando um total afastamento dos moradores. Na maioria do casos servem apenas para alimentar uma horda de presidentes, secretários, funcionários, assessores e amigos dos anteriores. 

Alguns presidentes, mais dinâmicos, perante esta irrelevância institucional, encontram sempre formas muito imaginativas de esbanjar o dinheiro dos contribuintes em festas, passeios e outras actividades similares, ditas "sociais", "desportivas"  ou "culturais". 

A Junta de Freguesia do Campo Grande, por exemplo, durante um ano, no dia de aniversário de cada um dos seus fregueses, enviou-lhes um cartão luxuoso de desejos de "Feliz Aniversário". 

Não raro algumas Juntas procuram afirmar-se como verdadeiras "câmaras municipais", gastando grande parte do orçamento a promover a sua imagem pública. 

Uma análise democrática desta situação, recomendará provavelmente a extinção de todas as Juntas de Freguesia em Lisboa, e uma outra estrutura política da Câmara Municipal descentralizada e aberta aos cidadãos.

Campo Grande - Alvalade - São João de Brito

Antes da reforma de 1959, as três juntas estava unidas numa única (Campo Grande). Foi a construção do chamado Bairro de Alvalade, entre a Avenida do Brasil e a Linha de Comboio de "Chelas", que ditou a sua divisão. As três freguesias estão hoje profundamente envelhecidas, descaracterizadas, desapareceram grande parte das suas empresas, assim como o comércio tradicional.

A Junta de Freguesia de São João de Brito, afirma-se como um bastião da direita. Apesar das suas excelentes instalações, nunca se conseguiu afirmar. A esmagadora maioria dos seus moradores, quando inquiridos sobre a freguesia a que pertencem confundem-na com a de Alvalade.

A Junta de Freguesia de Alvalade, tem andado ao caídos um pouco por todo o bairro. As suas instalações são precárias e a sua atividade mínima. A sua mais valia é o nome e pouco mais. Os seus dirigentes chegaram ao ponto de editarem uma publicação com textos retirados do Jornal da Praceta sem mencionarem a fonte e autoria.     

A Junta de Freguesia do Campo Grande. Nos anos 90 envolveu-se num célebre caso da destruição de um jardim público para construir um parque privado de estacionamento, na Rua José Lins do Rêgo. A Junta acabou envolvida através do seu presidente, num caso repleto de ilegalidades, corrupção e tráfico de influências. Foi apenas no século XXI que a Junta resolveu afastar-se do processo, e em Junho de 2013, mandar arranjar (parte) do jardim que havia mandado destruir.

No geral estas juntas limitam-se a prestar pequenos serviços às populações: atestados de residência, intervenção de 4 em 4 anos anos nos processos eleitorais, organizarem passeios para idosos ao Santuário de Fátima, atribuição de alguns cabazes de Natal sempre aos mesmos carenciados, etc.

Os fregueses ou moradores não possuem qualquer ligação com estes orgãos locais. 

Não sendo possível extinguir as três Juntas de Freguesia, a única situação aceitável é integrá-las todas numa única, reduzindo para um terço os seus custos. 

 

"Alvalade" é o nome adoptado para a futura freguesia que resulta da fusão das freguesias de Alvalade, São João de Brito e Campo Grande.

O ideal seria extinção do actual modelo de freguesias, mas dada a enorme resistência dos bandos do costume, optou-se pela sua redução. Foi finalmente aprovada, em Lisboa, a redução de 53 para 24 freguesias (7/2011). Como era esperado, Santana Lopes (PSD), um dos responsáveis pela actual falência da CML, defendeu contra o seu  partido um número superior de freguesias. Mais

Durante o debate, foi admitida uma perigosa hipótese: o reforço de verbas para as futuras juntas, sob o pretexto que as mesmas terão no futuro mais competências. Trata-se de um enorme erro político, cujos custos as futuras gerações terão que suportar. O desvario vai continuar.

As freguesias urbanas deveriam ser reduzidas a simples círculos eleitorais para a eleição de deputados à Assembleias Municipais, onde nunca deveriam ter mais do que 40% dos votos, de modo a evitar que possam bloquear as decisões.  Desta forma garantia-se não apenas a efectiva representação dos municipes, mas também se clarificava as responsabilidades das câmaras municipais. As Juntas de Freguesia, um pouco por todo o país, são verdadeiras escolas de iniciação à ladroagem dos recursos públicos e tráfico de influências.

Carlos Fontes

 

 

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Para reflexão:

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