PJ Limpa (Sózinha
) CML Faz em breve dois anos que ocorreu uma das mais
prometedoras campanhas eleitorais para a CML. Como escrevemos neste Jornal,
qualquer observador por menos atento que estivesse, face às afirmações dos
candidatos Pedro Santana Lopes e Paulo Portas não teria dúvidas em concluir
que Lisboa e em particular a CML estava dominada por dirigentes e
funcionários corruptos. Estes intrépidos guerreiros prometiam
uma luta sem tréguas, nem conciliações para limpar a CML. Combate mais
corajoso não poderiam ser escolhido. Portugal é percepcionado como um dos países
mais corruptos da União Europeia. Estamos perante uma vergonha nacional. Mais do que um roubo
aos cidadãos, a corrupção na administração pública mina a própria
confiança nas instituições públicas, violando os seus princípios sagrados
de igualdade, imparcialidade e equidade. Os lisboetas
perante tão desejado desígnio não tiveram dúvidas em dar-lhes a maioria
dos votos.
Passados estes anos, os resultados deste combate são
demasiado modestos. A única limpeza que ocorreu na CML ficou a dever-se à
iniciativa da Policia Judiciária que em Maio de 2003 irrompeu pelas
instalações da Câmara no Campo Grande e na Rua da Cruz Vermelha para ouvir
11 funcionários suspeitos de corrupção. Na sua maioria estariam
alegadamente envolvidos em trafulhices com as obras de realojamentos. Casos
menores, típicos de funcionários de níveis inferiores. Face a um universo
de cerca de 9 mil funcionários, o que espantou foi o número de
suspeitos ser tão insignificante. De dirigentes só se ouviu falar de
um alegado pedófilo que trabalha nas instalações do Campo Grande. Nada
portanto relacionado com corrupção, a não ser de menores.
O desinteresse parece ser a única explicação para
tão magros resultados. O que terá conduzido a esta
inesperada situação? Paulo Portas, eleito
vereador em Dezembro de 2001, abandonou pouco depois, como se sabe, a CML.
Não se viu todavia livre das questões da corrupção. No Tribunal do
Monsanto foi chamado a depôr não como acusador, mas para esclarecer o
seu grau de envolvimento nos desfalques da Universidade Moderna. Saiu-se bem,
dizem. Santana Lopes aparentemente deixou cair a questão da
corrupção na autarquia. Remeteu-se sobre o assunto ao mais completo
silêncio. Alguns comentadores afirmam que a sua principal
preocupação desde meados de 2002 é não ser colado aos casos
que entretanto surgiram e que envolvem alguns dos seus amigos, como Isaltino
Morais. Como é sabido, este "autarca modelo", ao fim de alguns
mandatos amealhou o suficiente para ter nos bancos suíços uma choruda conta cuja origem nunca cabalmente esclareceu. A imprensa entretanto não pára revelar a enorme teia de interesses que instalou na Câmara Municipal de
Oeiras capaz de alimentar uma vasta comunidade de familiares, amigos, amigas,
etc.. Fontes próximas do autarca lisboeta aponta outra razão
de peso, para o ensurdecedor silêncio . Santana Lopes desde que foi eleito
presidente, o pouco tempo que tem disponível para
tratar dos assuntos da CML dedica-o a tentar parar o
desvario de alguns do seus vereadores, como Ana Sofia Bettencourt.
Como é do conhecimento público, Santana Lopes teve que exigir a
demissão desta vereadora pois a mesma estava a transformar a CML numa coutada privada,
com que alimentava uma pequena corte de apaniguados. Situação que se mostrou duplamente
incómoda:
- Dadas as proporções que assumiu o caso, se fechasse os
olhos, poderia ser acusado de trazer para a CML mais corruptos, em vez de os eliminar.
- Por outro, e mais importante que tudo, este desvario
estava a consumir enormes
recursos camarários, imprescindíveis para recordar aos lisboetas a existência
da sua pessoa e da sua candidatura a Belém. As campanhas eleitorais, como
se sabe estão cada vez mais caras.
Concluindo, o combate à corrupção na CML está pois
entregue quase que exclusivamente à PJ. Contudo, com a conhecida falta de meios
que possui, teme-se o pior.
Carlos Fontes
Director
do Jornal da Praceta
Nota:
Uma das formas de corrupção mais largamente difundidas e aceites nas
autarquias está no pagamento de almoços a funcionários camarários por
empreiteiros. Quando o seu número é elevado, o que já tem acontecido,
chegam a alugar-se camionetas para o seu transporte. |