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EDITORIAL

 

O Triunfo da Demagogia 

O comum dos lisboetas vive hoje uma situação de profunda perplexidade. Ele não sabe no que deve acreditar, se naquilo que os seus olhos vêm, se no que se afirma diariamente na televisão.

A sua qualidade de vida na cidade piora a olhos vistos, mas o actual presidente da CML à força de tanto aparecer na televisão e nos jornais procura-o convencer do contrário. Segundo este autarca nunca a cidade foi melhor gerida, nem nunca se  viveu melhor. Os lisboetas tem pois todos os motivos e mais alguns para se sentirem no paraíso, respirarem felicidade. A suprema felicidade será todavia atingida quando Lisboa tiver dois estádios de futebol construídos de raíz e um Casino ! 

A demagogia deste tipo de discursos torna-se mais evidente quando analisamos  situações concretas ao nível dos bairros. Neste nível a demagogia é facilmente confrontada com a evidência dos factos.

Um caso paradigmático é o do Parque de Estacionamento Subterrâneo da Rua José Lins do Rego. O mais elementar bom senso recomendaria a suspensão da sua construção e a escolha de uma das alternativas apontadas pelos moradores.

Os serviços da CML e reputados especialistas contratados pela própria Câmara manifestaram-se contra a sua localização. Apontaram graves problemas que poderão resultar da sua construção no local, nomeadamente o aumento da precaridade das construções envolventes, o desvio dos lençóis friáticos na zona, a sua elevada vulnerabilidade aos sismos, etc. O anterior presidente da CML- João Soares - face a estes e outros estudos deu razão aos moradores e suspendeu a sua construção. Santana Lopes, o actual presidente, prometeu durante a campanha eleitoral acabar com a construção de parques estacionamento subterrâneos em jardins públicos.

Como se tudo isto não bastasse, a comunicação social denunciou as negociatas que envolviam a construção destes parques, tendo mesmo sido lavantado um inquérito criminal ao vereador que os promoveu. Os moradores também nunca viram as suas dúvidas esclarecidas sobre as negociatas que envolviam o referido parque. 

Acontece que um ano após se ter instalado na CML, Santana Lopes dá o dito por não dito e faz aquilo que antes condenou.

Dir-se-á que o caso não tem novidade nenhuma, a maioria dos autarcas procede de modo semelhante. Alguns estão mesmo a contas com a polícia, um muito carismático e popular fugiu inclusivé para o Brasil para não ser preso. A verdade é que nenhum deles tem tanta cobertura mediática, nem sequer se anda a pavonear ser um  candidato "natural" à presidência da república. A única dúvida que temos neste ponto é sobre a República que Santana Lopes anda a pensar: a das Berlengas ou a das bananas ?.

Carlos Fontes

Quem Ganha com o Descalabro das Autarquias?

Os municípes deste país vivem hoje uma situação, paradoxal: Por um lado, sentem mais confiança nas autarquias do que no Estado, dada a sua maior proximidade. Por outro, temem-nas, dada a forma danosa como são frequentemente geridas, reflectindo-se estes efeitos não apenas a nível local, mas também em todo o país.  Mais

 

 

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