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HENRIQUE
BRANDO ALBINO
ARQUITECTO
Henrique
Brando Albino, nasceu em Aljustrel no distrito de Beja a 5 de Janeiro de 1921 e
faleceu a 26 de Abril de 2003, na sua residência em Cascais.
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Foi
não só como Arquitecto e Designer, que se evidenciou, mas também como Homem,
pois lutou toda uma vida pelas causas da liberdade, solidariedade e justiça,
numa posição de constante anonimidade e por um modos vivendi fora do vulgar,
segundo os padrões de hoje, tendo desta forma e ao invés de muitos outros, que
procuraram e procuram a sua afirmação por meios superficiais e vazios de
conteudo, optado por uma vida plena de coerência nos seus ideais, de trabalho,
auto afirmação, credibilidade e grande seriedade.
Formado em
Arquitectura pela Escola de Belas Superior de Belas Artes de Lisboa, com uma
classificação final de 19 valores, atribuída pelo Mestre Arquitecto Cristino
da Silva, com a mais alta nota do seu curso no ano de 1951.
Foi técnico
do Ministério da Agricultura e Junta de Administração Interna nos anos 52 a
55, aonde o seu trabalho arquitectónico começava a mostrar traços da suas
capacidades e criatividade, projectou nesses anos, importantes registos, como o
Conjunto Habitacional na Av. Estados Unidos da América e o Edifício Espanha na
Av. António Augusto Aguiar no seu inicio de actividade liberal, para alem de
muitíssimos outros, também em Lisboa, durante toda a sua vida o que seria
fastidioso mencionar por agora.
Arquitecto
na Câmara Municipal de Cascais e Chefe dos Serviços de Urbanização nos anos
de 1955 a 1965, aonde não só projectou e executou o plano de Urbanização do
Bairro do Rosário, assim como as Estufas do Parque Marechal Carmona e o Pavilhão
do Dramático, de modo a evitar que na altura, aquele que era e é um Jardim
feito pelos Carmelitas, fosse devassado por interesses imobiliários(o que veio
a provocar a sua demissão), situação idêntica á actual, sendo desta feita,
a intenção de demolição desta estrutura pela edilidade actual, esquecendo,
talvez propositadamente, que aquela gigantesca e magnifica estrutura, construída
nos anos 60, representa muito para alem de uma infra-estrutura desportiva, um
monumento de elevação do Homem Humanista, e Profeta, um exemplo inequívoco da
Arquitectura Moderna, fundamentada em conceitos gestalticos aonde e que um pouco
por todo o mundo, ia florescendo, pela mão dos Grandes Mestres da Arquitectura
de então, donde entre os quais se salientava Félix Candela, (por quem tinha um
enorme fascínio) aplicando na sua implantação geodésica, uma orientação
zenital muito precisa, com características idênticas a alguns grandes edifícios
religiosos, utilizando conceitos estéticos, firmados numa simbologia bíblica,
implícitos na arquitectura desta “catedral”, mas de uma muito difícil
leitura ou nula, se desconhecermos essa amplitude.
Enrique
Albino (como gostava de assinar os seus livros técnicos e não só, desde inicio
da sua formação em arquitectura) foi de facto um mestre na utilização e
manipulação das leis da Arquitectura Clássica e arrojado como modernista,
sempre procurando obter um grande equilíbrio estético e volumétrico , tanto
nas suas Obras de Arquitectura, como Designer de Mobiliário, cuja actividade
evidenciou o pioneirismo, na utilização e aplicação da madeira de azinho,
numa linha de mobiliário de características contemporâneas, aonde mais uma
vez mostrou a sua genialidade e criatividade nesta área, tendo para tal,
projectado e edificado para esse efeito, uma instalação fabril (FORMA) em
pleno Alentejo, aonde demonstra mais uma vez o filantropismo e humanismo que lhe
corre nas veias, ao procurar simultaneamente, não só, o desenvolvimento da
terra que o viu crescer, como o suporte de muitas famílias na zona de Messejana,
nos anos 60,70 e 80.
Talvez o
seu trabalho mais emblemático, tenha sido o Painel de Octógonos para a Sala
VIP do Aeroporto da Portela e o mais relevante a nível particular, um conjunto
de mesa e cadeiras em azinho também desenhadas para o então Presidente da República,
Dr. Mário Soares, para alem de inúmeras outras peças e séries de enorme
qualidade estética e construtiva.
Após o 25
de Abril e com uma grave crise no sector, a FORMA foi forçada a fechar, tendo
EA voltado novamente e em full time á actividade de arquitectura, já nos anos
80, aonde continuou a demonstrar e aplicar todo o seu saber e virtuosismo, nos
mais diversos trabalhos projectados e executados, sempre com um respeito
constante pela envolvente paisagística e procurando um acompanhamento integral
em obra de todos os seus trabalhos, um pouco por todo o lado, com maior incidência
na zona de Cascais (Feira do Artesanato no Estoril, Projecto e acompanhamento do
Plano de Reabilitação do Centro Histórico de Cascais; Levantamento da
Fortaleza da Luz e Proposta de Restauro; Levantamento, Projecto de Restauro e
Execução da Fortaleza de Oitavos no ano ultimo de 2001, entre muitos outros),
no Alentejo (Monte na Herdade das Bernardas em Vila Nova de S. Bento, por
exemplo) e Algarve (Aldeamento Quinta Velha, Aldeamento da Ria Formosa, Conjunto
de Apartamentos no Golden Apart Hotel e Casa Martens no concelho de Tavira para
alem de muitíssimas outras intervenções).
É
convidado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Moderna para leccionar
como Regente da Cadeira de Projecto de Arquitectura em 1998 a 2000, tendo
exercido as suas funções de modo exemplar, obtendo dessa forma dos assistentes
e alunos que acompanhou, estima e respeito, devido ao profissionalismo, modo e
empenho como se entregava e ensinava, difundindo todos os seus conhecimentos práticos
e teóricos.
Inicia
em 2001, através da cerâmica e no seu Atelier em Cascais, um novo percurso e
projecto de vida, tendo em vista, a instalação de uma Oficina de Cerâmica, em
comunhão com o seu filho João Albino, novamente em Messejana no Baixo
Alentejo, dando-se posteriormente o seu falecimento.
Este
foi o percurso de Enrique Albino, que soube ser Homem, Filosofo, Pedagogo e
Filantropo, toda uma vida, que soube beber de uma fonte inesgotável de
sabedoria aonde a simplicidade, genialidade e criatividade lhe tiram a sede.
João
albino
. Cascais, 01 Junho de 2005
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