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Jornal da Praceta

Informação sobre a freguesia de Alvalade

(Alvalade, Campo Grande e São João de Brito ) 

Breve História da Freguesia de Alvalade e do Campo Grande

 

 

 

Alvalade, mais do que um nome

A nome de "Alvalade", topónio de origem árabe - al-balãt -, que significa "lousa", "laje", "pavimento de pedra ou calçada", mas também "estrado". O termo remonta ao século X. Em Portugal e Espanha sofreu várias modificações ao longo dos tempos e lugares.

Em Portugal, aparece em documentação medieval como Albalat, Alvalat, Albalad, Alvalad e Alvalade.

Em Espanha conhece também variações, tais como Albalá, Albalat, Albalate

Por toda a Peninsula Ibérica, encontramos muitas terras onde a presença árabe foi significativa as quais foi dado o nome de Alvalade. Em Luanda, os portugueses, criaram um Bairro inspirado no Bairro de Alvalade de Lisboa, a que deram o mesmo nome.

Portugal

Alvalade, freguesia de Santiago do Cacém

Povoação muito antiga. Abundam os vestígios da ocupação desta povoação desde o mesolitico. Visitar a estação arquelógica de Gaspeia, num troço do rio Sado (período mesolítico e neolítico). A ocupação romana foi muito intensa (Ver Monte do Roxo).

A atual povoação terá sido fundada por muçulmanos. A mais antiga referência escrita data de 933, quando o rei Ramiro II, de Leão, doou ao mosteiro do Lorvão, duas terças partes “d’esta Villa d’Alvalat et su senra."

Reconquistada em 1234, foi doada por D. Afonso III à Ordem de Santiago de Espada (1273). D. Manuel I concedeu-lhe um foral (1510). Possui dessa altura um pelourinho. A Igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição da Oliveira, tem uma interesante pintura atribuida a Bento Coelho da Silveira.

A Misericórdia de Alvalade passa a ter igreja própria em 1570, em estilo maneirista.

A inquisição foi aqui, como em todo o país, brutal na repressão aos cristãos novos. Isabel Raposa foi uma das vítimas conhecidas (séc.XVII).

A rede de circulação foi sendo construida muito lentamente. Data do século XVII a ponte que foi erguida na estrada que liga a Alvalade a Santiago do Cacém. O terramoto de 1755 fez-se em Alvalade enormes estragos. Muitas casas eram construídas de taipa.

Durante o período das lutas entre liberais e absolutistas (1828-1834), os senhores locais tomaram o partido de D. Miguel, o qual no seu trajecto de Évora para Sines, pernoitou na casa de Luis de Lança Parreira (31/5/1834), familiar de Simão Infante de Lacerda, comandante do Regimento de Lanceiros que escoltou D. Miguel na saída de Portugal. A este facto histórico é atribuído pelos historiadores locais, a causa de extinção do concelho de Alvalade (1836), e a sua integração no concelho de Messejana, o qual também acabou extintio em 1855. A freguesia de Alvalade foi então integrada no concelho de Aljustrel e depois no Concelho de Santiago do Cacém (1871).

A situação de Alvalade ao longo de todo o século XIX não terá sido muito risonha. A Misericórdia , por exemplo, foi extinta em 1861, dela subsiste apenas o edificio.

Em 1914 o comboio chegou a Alvalade, e com ele iniciou-se um novo ciclo económico e social. Sendo de assinalar a construção da ponte dos Arcos, projecto de 1945 do engenheiro Edgar Cardoso. Nos anos 40 e 50 registaram-se um forte incremento industrial que se traduziu no aumento da população.

Depois do 25 de Abril de 1975 muita coisa mudou em Alvalade, sobretudo nas condições de vida da população. Por todo o lado surgiram novas construções habitacionais, culturais, desportivas e outras, que se encontram atualmente vazias ou abandonadas.

O progresso social não foi, infelizmente, acompanhado por um melhor urbanismo e valorização do património e do meio ambiente. Toda a povoação carece hoje de um plano global de reordenamento urbano, que a torne mais agradável para quem nela vive, e valorize o pouco património que ainda lhe resta tornando-a mais apelativa para quem a visita.

As margens do Rio Sado, assim como da Ribeira de Campilhas, ao longo do percurso pelo território da freguesia, estão num lamentável estado. Abundam os focos de poluição. Alguns dos seus edificios históricos foram demolidos, como a casa onde pernoitou D. Miguel ou a Ermida de D. Sebastião (fins do séc. XV).

A população de Alvalade tem variado bastante ao longo dos séculos. Em 1532 tinha cerca de 580 habitantes. Em 1755 contabilizavam-se 1208. Em 1860 a população estava reduzida a 620 individuos. A tendência de diminuição inverteu-se tendo, em 1950, atingido 6.073 habitantes. Desde então voltou a perder população. No censo de 2011 registava apenas 2.098 habitantes. Apesar do seu reduzido número, não falta em Alvalade estruturas que podem ser potenciadas para dar a esta terra alentejana um outro futuro mais promissor.

Alvalade, freguesia de Lisboa.

A atual freguesia de Alvalade, constituida em 2013, através de três freguesias (Campo Grande, S.João de Brito e Alvalade), ocupa grande parte de uma vasta área nos arredores de Lisboa, que desde a Idade Média é conhecida por Alvalade. Por aqui passava um dos mais importantes caminhos que davam acesso à cidade, daí provavelmente o topónimo de Alvalade. Mais

Espanha

Devido a uma mais acentuada presença dos dos árabes no território que veio a constituir a Espanha (1492), existem muitas povoações com o nome de Alvalade, nas variantes de Albalá, Albalat e Albalate.

Alguns exemplos:

a) Albalá

- Albalá, Cáceres. O nome desta povoação até 1930 escrevia-se "Albalat".

- Albalá de la Vega, Palência. Pequena povoação.

b) Albalat

- Albalat (Makhada de Albalat), Romangordo, Cáceres. Importante fortaleza e povoação almoravida (dinastia muçulmana), nas margens do rio Tejo. Foi fundada no século X, no tempo de Abderramán III (891-961), para defender a linha do Tejo das investidas dos reinos cristãos. No século XII era mencionada como cabeça de comarca ou de provincia. Foi sucessivamente conquistada e perdida pelos cristãos, até que Afonso VIII de Castela (1155-1214) a conquistou definitivamente. Perdeu a sua importância estratégica para os muçulmanos e cristãos e acabou abandonada. As escavações iniciadas em 2009 tem revelado importantes achados arqueológicos.

- Albalat dels Àncs, Cabanas, Castellón (Valencia).

- Albalat de la Ribera, Valencia

c) Albalate

- Albalate del Arzobispo, Turuel. Importante povoação do antigo reino de Aragão.

- Albalate de Zurita (Castela )

Angola

-Bairro de Alvalade ( Maionga, Luanda). Nos anos 60 e 70 do século XX era o bairro mais chique de Luanda. Começou a ser construído no final dos anos 50, segundo o modelo do Bairro de Alvalade em Lisboa, que seguia o modelo da "cidade-jardim" de Ebenezer Howard. Trata-se de um bairro constituido de vivendas, com ruas são largas, no meio de espaços verdes. Alguns dos seus equipamentos eram notáveis:

- O Cinema Aviz (atual karl marx) inaugurado em 1961, projetado por Luis Garcia de Castilho e o seu irmão João Garcia Castilho.

- As Piscinas Olímpicas inauguradas em 1968.

- A Zona Verde (atual Parque José Martin), correspondente à Mata de Alvalade em Lisboa ou ao Jardim do Campo Grande.

Á semelhança de Alvalade em Lisboa, em Luanda este bairro também está muito próximo do aeroporto.

No bairro foram também construídos emblemáticos equipamentos, como o Hotelç Alvalade.

Tinha com limites a Zona Verde, a Rua José de Oliveira Barbosa, a Avenida Comandante Gika e a Rua Presidente Marien NGouabi (antiga Rua António Barroso).

Carlos Fontes

 

 
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