O Museu de
Lisboa tem à sua guarda a segunda maior coleção de azulejos de Portugal. A única
vez que um parte do espólio foi mostrada ao público foi em 1984, numa exposição
na Estufa Fria, em Lisboa.José
Meco, comissário da Exposição, voltou agora a vasculhar o espólio
municipal e fez uma seleção representativa da história desta arte identitária de
Lisboa.
A exposição de forma retrospectiva começa com
alguns exemplares do século XV, numa altura que em Portugal eram correntes os azulejos hispano-mouriscos
provenientes de Sevilha.
No século XVI, os padrões dos azulejos revelam uma maior variedade
de motivos geométricos, e reflectem novas influências: a técnica
da majólica, ou faiança, originária de Itália e de Antuérpia. Influência que se
acentua com a vinda para Portugal de ceramista flamengos. Lisboa torna-se então no
principal centro ceramista de Portugal.
O século XVII a arte de azulejaria consolida-se e
adquire características próprias. Regista novas
influências, como a holandesa (azulejos de "figura avulsa"). Os Azulejos de Repetição, com a técnica do alicatado, permite inovar
na composição dos padrões. Os pintores inspiram-se em gravuras para criarem amplos painéis murais que
cobrem enormes superficies. No final do século
surge a pintura de azul cobalto sobre branco.
Silhar de Azulejos. Policarpo de
Oliveira Bernardes (1695-1778). Lisboa, 1720.
Figura de Convite, Lisboa. Século XVIII (2ª.
metade). Faiança em pintura a azul sobre branco.
Na primeira metade do século XVIII, Lisboa
torna-se na capital da azulejaria barroca. Surge então um conjunto de grandes
mestres, como António Pereira, Manuel dos Santos, António de Oliveira Bernardes
entre outros.
Figura de Convite. Real Fábrica de Louça, Rato. 1799
Nos séculos XIX e XX muitos foram os artistas
que produziram notáveis obras de azulejaria, mostrando a vitalidade desta
arte que desde à séculos está associada a Lisboa.
Painel de Azulejos (pormenor), "Por Minha Prima".
Jorge Colaço (1868-1942). Fábrica de Louça de Sacavém, c. 1916.
Painel Mural de Azulejos - O Mar (pormenor). Maria
Keill (1914-2012). Lisboa, Fábrica Viúva Lamego, 1958-1959.
Painel de Azulejos - Alto de Santa Catarina. Manuel
Cargaleiro (1927-), Lisboa, Fab. Viúva Lamego, 1969
A exposição termina com um vídeo que mostra os
azulejos com fonte de inspiração para outras expressões artísticas, como a moda. |