Museu da
Cidade de Lisboa
Desde 2001 que temos denunciado o estacionamento ilegal frente ao Museu da Cidade de Lisboa, por parte dos funcionários do museu ( ! ). O local está bem servido de transportes públicos, a cerca de 10 metros existe um enorme parque de estacionamento e uma estação bicicletas partilhadas. Ao longo dos anos falamos com vários directores e dirigentes camarários, prometeram acabar com a impunidade, mas nada fizeram. A situação em fins de 2019 era a mesma de 2001: um caos e um mau exemplo para os municipes. A remodelação do Piso 0 caminha a conta gotas...
Mudança ?
Em 2013 a direcção do Museu da
Cidade mudou. A satisfação foi enorme. Esperava-se (e deseja-se) com alguma ansiedade que ocorressem mudanças profundas no
museu. A situação anterior era um verdadeiro crime público, tal era a dimensão
do laxismo e da incompetência.
Estacionamento
Durante muitos anos a Direcção do Museu
da Cidade transformaram a entrada num caótico parque de
estacionamento para os respectivos funcionários. Estes estacionavam por
todo o lado: na relva, canteiros de flores, passeios, etc. Por mais
estranho que pareça, neste local, existem várias placas indicando é
proibido estacionar. Os funcionários da CML acham e continuam a achar-se acima da lei.
Em caso de
incêndio os bombeiros encontrarão as entradas do Museu completamente bloqueadas.
Uma singular preocupação com as questões da sua segurança, a não ser que o
objectivo seja criar as condições para a destruição total dos seus
acervos.
Os visitantes apesar
de terem passeios, são obrigados a circular nas ruas.
Este é o exemplo
que a CML dá aos cidadãos nacionais e estrangeiros das regras de
estacionamento que vigoram na cidade: a bandalhice !
O interior do museu foi alvo de algumas (pequenas) mudanças entre 2013 e 2017, mas o estacionamento caótico e ilegal dos funcionários camarários continuou.
2003
|
|
|
O pequeno
largo em frente do Museu da Cidade foi transformado num parque privativo
dos funcionários da CML. 15/10/2003
|
As viaturas
dos funcionários camarários, a esmagadora maioria das que se encontram no
local, estão todas devidamente identificadas. 15/10/2003
|
Os
funcionários camarários estacionam preferencialmente nos passeios, mas também
no relvado e até nos canteiros, dando desta forma o exemplo aos visitantes.
15/10/203
|
2016
O espaço assinalado para os funcionários
estacionarem as viaturas estava quase deserto.
O espaço cujo estacionamento era proibido, mesmo à
frente do museu estava quase sempre repleto de automóveis de funcionários
camarários. Um habito que nenhuma direção do museu ou mesmo a Policia Municipal
de Lisboa consegue alterar. Foto: 29/01/2016
A entrada principal do museu está repleta de
automóveis de funcionários camarários, os quais dificultam a visita a um pequeno
jardim exterior. O próprio palácio Pimenta fica deste modo diminuído na sua
dignidade por aqueles que era suposto terem por missão dignificá-lo. Foto:
29/01/2016
2019
Tudo continua na mesma. Foto: 13/11/2019
O privilégio ( e o mau exemplo) continua. Foto: 13/11/2019
Organização
O caos do estacionamento estava em sintonia com a organização do museu. Quem o visitava esperava
encontrar um conjunto que peças representativas das várias épocas da cidade
de Lisboa, mas o que aqui encontrava eram peças avulso cuja ligação e contexto
histórico ninguém conseguia perceber. Uma situação inconcebível tendo em conta as três que dezenas de funcionários que
aqui trabalhavam.
Muitas das mais interessantes
peças do museu, por incrível que pareça, estavam amontoadas nas chamadas
"reservas", isto é, espalhadas por escadas, salas de trabalho, gabinetes,
etc., sem as mínimas condições de segurança e de preservação do acervo
patrimonial. Um crime!
Património
A "nora" do Museu da
Cidade foi durante longos anos um dos motivos mais interessantes
do edificio. Testemunhava a dimensão rural dos palacetes nos
arredores da cidade, mas também mostrava aos visitantes um dos
engenhos mais utilizados para tirar água nesta região do país. Neste sentido
foi sempre cuidadosamente preservada. Após 1984 foi votada ao abandono até se transformar numa ruína, rodeada de lixo por todos o lados. Facto só por si espelha a incúria como o património da cidade está
a ser tratado.
O que resta da
antiga Nora foi " artisticamente" rodeado de caixotes do lixo,
pedras, entulho de obras e tudo o que calha. A partir da rua é esta a
primeira visão que o visitante têm do conteúdo do Museu (foto: 2004). Uma imagem elucidativa da forma singular como a CML
preserva e expõe o património da cidade de Lisboa que lhe está confiado.
Ao
fundo, sempre enquadrada pelos omnipresentes caixotes do lixo e
entulhos variados, destaca-se a estátua original da Eça de
Queirós que esteve
num largo junto ao Chiado (foto: 2004).
Palavras para quê? O Eça já disse tudo sobre este tipo de gentalha que hoje trata a sua memória desta
maneira.
A ruina que se observa da rua. Foto: 13/11/2019
A ruina vista do Museu. Foo: 13/11/2019
É suposto que o Museu da
Cidade de Lisboa entre outras missões, tenha a de divulgar o património da
cidade em todas as suas dimensões. Só o conhecendo os munícipes estarão mais
predispostos preservá-lo e a valorizarem aquilo que a todos pertence. A
verdade é que este museu, nos últimos tempos, quase nada têm feito para corresponder a este
objectivo.
Indignidade
A
administração autárquica em Portugal, como ilustra este caso, tem constituido um dos principais obstáculos ao desenvolvimento económico, social e
cultural do país. O Museu da Cidade de Lisboa (Palácio Pimenta), em particular, tem prestado ao estudo e divulgação da história de Lisboa um serviço indigente.
Carlos Fontes |