Chafarizes de Alvalade
O vasto
património da extinta Freguesia de Alvalade (criada em 1959), ainda está
por estudar e classificar, o que não é o caso da Chafariz de
Entrecampos. Localizava-se no principal na Real Estrada que vinha atravessava a Calçada da Carriche, Lumiar, Campo Grande e a atual Rua de Entrecampos. Ao longo deste percurso foram surgindo vários chafarizes: Mouras (Lumiar), Campo Grande e o de Entrecampos.
O Chafariz das Mouras (actual Avenida das Linhas de Torres) foi inaugurado em 1815, mas revelou grandes dificuldades ne abastecimento regular de água. Acabou por ser fechado e as suas pedras utilizadas noutro local: o chafariz do Largo do Correio-Mor, na Rua de São Mamede.
O Chafariz do Campo Grande terá sido inaugurado em 1816, mas padecia do mesmo problema do chafariz das Mouras. A partir de 1835 a CML passou a administrar o Aqueduto das Águas Livre o que permitiu corrigir vários problemas no abastecimento de água. O Chafariz do Campo Grande em 1851 foi remodelado passando a receber àgua da conduta que abastecia o chafariz de Entrecampos. Sobreviveu até aos anos quarenta do século XX. A CML abriu depois no passeio mesmo em frente do local onde o mesmo existia, um pequeno chafariz que ainda se conserva e continua a dar de beber a quem tem sede.
O actual chafariz no Campo Grande. Foto: 03/11/2021
O Chafariz de Entrecampos data de 1851, e foi realizada pela
CML, tendo para a mesma contribuído os moradores deste local. Na
parte inferior pode ver-se um grande tanque para os animais beberem.
A extinta Junta de Alvalade em 1993 resolveu forrar o chafariz com azulejos de muito
discutível qualidade, deixando ao abandono todo o espaço envolvente, o qual rapidamente se tornou num vazadouro público. Os edifícios em adiantado estado de degradação no local serviam de sinistro cenário.
Em 2004 fizemos uma campanha denunciando a situação. A Junta e a Câmara Municipal prometiam agir mas nada faziam. Apenas em Janeiro de
2016 a CML se dignou limpar o local !
Os azulejos estão (felizmente) a cair aos pedaços. No muro de protecção da linha do comboio, em 2019, a artista Vanessa Teodora fez uma vistosa intervenção plástica, em curso de vandalização. Foto: 21/02/2020
O espaço previsto para um pequeno jardim foi empedrado servindo hoje de parque de estacionamento de motociclos. Foto: 21/02/2020
A Protecção do património pela CML
A intervenção da Câmara
Municipal de Lisboa no local é reveladora da forma como actua em toda a
cidade:
- Promoveu a descaracterização
da envolvente do monumento ! Aquilo que era um espaço com uma identidade
própria evocativa de um percurso bem conhecido na história da cidade foi sendo transformado num local incaracterístico.
O espaço envolvente foi transformado num depósito de
automóveis para cargas e descargas.
Quem por ali passava deparava-se com lixo e matagal onde devia de existir um espaço verde bem cuidado.
O largo foi transformado num campo de jogos
Mesmo por detrás do
muro do Chafariz de Entrecampos, o visitante deparava-se com um espectáculo
tipicamente lisboeta: uma lixeira, onde não faltam também automóveis e
"jeeps" do último modelo...
As fotografias diziam tudo sobre a forma como autarquia
trata o património da cidade.
Pote de Àgua
Junto a outra importante estrada de acesso a Lisboa (Estrada da Charneca ou da Portela) existia uma quinta com este nome. Tudo nos leva a crer que também aqui pessoas e animais podiam abastecer-se do precioso liquido. |