|
Jardim do Campo Grande: Abandono (I)
Proliferavam pelo jardim barracas e lixeiras Durante longos anos o jardim e
os equipamentos do Campo Grande foram votados ao mais com abandono. A
recuperação tem sido muito lenta e avança ao ritmo dos ciclos eleitorais. De
quatro em quatro anos é reabilitada mais uma parte do jardim.
As barracas e o lixo eram uma constante na ilha
concebida por Keil do Amaral no jardim do Campo Grande. Impressionava o estado
de degradação de um jardim que já foi cartaz turístico de Lisboa.
O desleixo dos serviços camarários dos espaços
verdes foi inqualificável, dando os seus dirigentes e técnicos contínuos
exemplos da mais completa desadequação às funções que lhes estavam
confiadas.
A situação calamitosa em que caiu o Jardim do
Campo Grande é paradigmática da incúria camarária.
Faz espécie que nenhum dos responsáveis por este
espaço tivesse reparado no estado de degradação em que se encontrava a "Ilha" ,
onde se situava um "Café" com esplanada e se alugavam barcos.
Na "Ilha" proliferava por todo o lado construções
abarracadas e os destroços de remodelações anteriores (cadeiras e mesas
partidas, entulho, barrotes, chapas metálicas, tubos do gaz, caixotes de lixo
abandonados, etc). O lixo abundava por todos os cantos, e como se não bastasse
tudo isto, o espaço foi privatizado pelos funcionários camarários (?) que
o transformaram num comedouro e horta para o plantio de couves e outros
vegetais.
A "Ilha"
A
"Ilha" ilustra o estado de abandono de todo o jardim. A
incúria era total. .
O
lago do Campo Grande, construído na primeira metade do século XIX, continua a ser um dos locais mais emblemáticos
de Lisboa. . Nas suas águas continua a espelhar-se a vida da
cidade. Embora longe da procura que despertou noutros tempos, aos
domingos ainda é possível encontrar aqui pares de namorados e
algumas famílias menos endinheiradas.
No principio
do século XX, numa das margens do lago surgiu um botequim para a
venda de bebidas. Era o centro de uma aprazível jardim, onde a família real muitas vezes vinha passear. Os passeios de barco no
lago faziam as delicias dos lisboetas.
.
.Keil do Amaral nos
anos 40 dirige a sua remodelação, aumentando-lhe a superfície
para o dobro. Num dos lados construiu um restaurante e na
ilha um café, com uma ampla esplanada. Nos anos 60, o restaurante
foi substituído por um centro comercial. Depois começou a degradação
que se prolonga até aos nossos dias.
Café Concerto
Em 2002, numa iniciativa de apoio aos
deficientes na Alameda das Palmeiras no Jardim do Campo
Grande é instalado um "café concerto". Devia ser acarinhada, mas infelizmente
foi logo alvo de actos de
vandalismo.
...
Tudo o que
se possa dizer sobre o estado de degradação que atingiu este jardim
depois de 2002 era pouco. A situação ultrapassava todos os limites, e no entanto nunca faltaram
dirigentes, nem
jardineiros afectos à sua manutenção.
A política seguida foi sempre a do seu
abandono deliberado. O edificio do
Caleidoscópio, inaugurado em
Novembro de 1474, foi em 1979 concessionando a uma empresa que não tardou em
transformá-lo numa ruína. A CML alheou-se durante anos da situação.
A esplanada da "ilha" tornou-se numa imundície, povoado de
barracas. As piscinas do Campo Grande à semelhança das Piscinas dos Olivais e as
da Avenida de Roma foram também votadas ao abandono pela CML.
Apesar dos inúmeros protestos dos frequentadores do jardim e
destes equipamentos públicos, os bandos de mafiosos que têm governado a CML
estavam apostados na sua ruína.
O objectivo destas mafias que actuam nas
câmaras era, como sempre foi, o das grandes obras de recuperação de
edifícios e equipamentos públicos que são deliberadamente votados ao abandono.
Depois de se encherem com o negócio da sua reconstrução, ainda têm o negocio das
concessões para a exploração dos equipamentos públicos acabados de
recuperar.
Esta é a razão porque as câmaras
municipais desprezam os trabalhos de manutenção dos equipamentos e espaços que
lhes estão confiados.
A CML abandonou e condenou à ruina as grandes
piscinas da Lisboa, como a do Jardim do Campo Grande ou a dos Olivais.
A ladroagem que tem dominado a CML, tinha em
vista com esta "operação", a transferência dos respectivos terrenos e a
concessão d a exploração de novas piscinas por privados.
António Costa (PS), mal foi eleito presidente da
CML, em 2007, tratou logo de fazer o negócio. No Jardim do Campo Grande
um cartaz anunciava a abertura de um concurso
internacional para a requalificação das piscinas.
O projecto inicial será
completamente alterado, de forma a permitir rentabilizar o espaço. Meses depois
ficamos a saber que a exploração das piscinas do Campo Grande seriam entregues
a uma empresa privada, a Igesport (espanhola).Os moradores que as
quiserem frequentar, no futuro terão que pagar passes entre 25 e os 45 euros
(2011).
A empresa espanhola, como é habitual nos negócios
com a CML, após ter ficado com a concessão e os terrenos pelo prazo de 40 ano
não tardou a fazer novas exigências iniciar as obras, protelando o inicio das
obras.
No verão de 2013 o
que restava das antigas piscinas continuava transformado num espaço de prostituição
masculina.
A verdade é que após sucessivos atrasos, e muitas
negociatas pelo meio, em Novembro de 2013, a Igesport anunciou que iria começar
a construção das
novas piscinas do Campo Grande, mas tudo permaneceu na mesma. As obras
apenas arrancaram em 2015.
Jardim do Campo Grande :
Prostituição
e Tráfico Droga
O Jardim do Campo Grande e a Cidade
Universitária desde 2002 foi-se transformando na principal local da prostituição
masculina na cidade de Lisboa. O Jornal da Praceta dedicou ao tema uma
permanente
atenção, sem denunciando o facto das autoridades competentes nada fazerem para
reporem a ordem.
Quando começava a escurecer,
assistia-se nesta zona a um verdadeiro corrupio de prostitutos e dos seus
clientes. O aumento da
prostituição fez disparar a criminalidade, nomeadamente o tráfico de droga, os
roubos e assaltos violentos.
No
dia 13 de Julho de 2007, a agência Lusa fez eco de uma campanha de há dois
anos do Jornal da Praceta. A antiga piscina do Jardim do Campo Grande está
transformada num local privilegiado para encontros sexuais e abrigo de toxicodependentes.O resta desta piscina e outros equipamentos dos existentes
no jardim estão ao abandono, sendo alvo de saques e destruição. A incúria
e demissão da CML é completa.
" Campo Grande: De piscina de referência a ponto de encontros sexuais e abrigo de toxicodependentes.
13 de Julho de 2007, 12:00
Cristina Fernandes Ferreira, Agência Lusa
" Lisboa 13 Jul (Lusa) - Fechada há quase um ano, a antiga piscina do Campo Grande, em Lisboa, é hoje local privilegiado para encontros sexuais e abrigo de toxicodependentes, onde o lixo e a vegetação conquistam cada vez mais espaço.
Projectada na década de 50 por Francisco Keil do Amaral, foi durante anos piscina de referência dos lisboetas principalmente durante o Verão, quando era retirada a cobertura e funcionava como espaço ao ar livre.
Usada em tempos pelo Sporting Clube de Portugal, servia ainda para a prática de natação durante o Inverno até que em Setembro de 2006 foi encerrada por falta de condições de utilização, nomeadamente dos balneários.
Actualmente, ferros, bidões, tubos, oleados, cadeiras partidas, caruma de pinheiros e latas de refrigerantes ocupam o recinto, que recentemente foi vandalizado.
"Isto está tudo abandonado, a rede foi cortada há dois meses e desde aí isto tem servido para virem para aqui com os rapazes fazer já se sabe o quê", disse à agência Lusa um jardineiro que trabalha no Campo Grande há mais de duas décadas, referindo-se aos encontros sexuais que ali têm lugar.
Embrenhado na tarefa de cortar a já alta vegetação que protege a piscina dos olhares de quem passa, o jardineiro - que recusou identificar-se - acredita que um espaço mais exposto desencorajará tais práticas, pelo menos durante o dia.
João Donato, 80 anos, reformado, considera "absurdo" e "inacreditável" o estado de abandono e de degradação a que chegaram as instalações da antiga piscina.
"Chegam-se a ver casais, sobretudo de homens, em actos sexuais em pleno dia. É inacreditável", disse à agência Lusa.
João Donato lidera a indignação do grupo de quatro reformados que passa os dias no Campo Grande em torno de uma mesa de cartas a jogar a sueca.
Vítor Silva, 72 anos, outro elemento do grupo, revolta-se com o chão "pejado" de preservativos nas imediações da piscina e em várias áreas do jardim.
Contactada pela agência Lusa, fonte da Comissão Administrativa (CA) da Câmara Municipal de Lisboa disse "desconhecer completamente" que o recinto da piscina esteja a ser usado para encontros sexuais.
A presidente da CA "já tinha solicitado o corte do matagal em torno da piscina do Campo Grande", disse a fonte, adiantando que a Comissão Administrativa vai agora mandar reparar a cerca e "envidar todos os esforços para pôr termo a esta situação" junto da Polícia Municipal.
Sobre a reabilitação da piscina, a fonte do executivo camarário disse à Lusa que há um projecto para a reabilitar e transformar num espaço ao ar livre "enquadrado na recuperação" daquela zona, mas tudo depende agora do novo presidente que sair das eleições de domingo, a que concorrem 12 candidatos.
Fernando Ricardo, funcionário público, 52 anos, antigo utente da piscina, não esconde a tristeza que a degradação do espaço lhe provoca.
"Quando me lembro de que há 10/15 anos vinha para a piscina, custa-me, dói-me ver aquilo fechado e naquele estado de abandono", referiu à Lusa.
Residente no Bairro das Colónias, Fernando Ricardo tinha na piscina e no jardim do Campo Grande "uma referência" na animação da capital, particularmente durante o Verão.
Este funcionário público, que trabalha naquela zona há cerca de um ano, passa frequentemente a sua hora de almoço no Campo Grande, um jardim que, segundo diz, em 40 anos beneficiou apenas da construção de um parque infantil e de um circuito de manutenção.
"O jardim está num estado de abandono terrível, muito sujo, há papéis, fezes e urina por todo o lado, um cenário que só chama mais marginais. Não me admira que a piscina seja um refúgio de droga", considerou.
Lamenta o fim do serviço de aluguer de bicicletas e o encerramento dos ringues de patinagem e dos campos de ténis, estruturas que traziam gente ao jardim.
Mas as queixas dos utentes do Campo Grande estendem-se também à falta de casas-de-banho, à degradação dos equipamentos (bancos, mesas), à falta de bocas de incêndio e de pontos de água, à insegurança e aos assaltos e roubos.
"As torneiras e os lavatórios dos balneários foram roubados, rouba-se tudo aqui, até mesmo as ninhadas de patos que nascem no lago", explicou à Lusa João Donato.
O lago é outro dos pontos críticos do jardim, já que, segundo o concessionário da Esplanada do Lago, uma das poucas estruturas que continua a funcionar, há sete anos que a água não é mudada e os tradicionais barcos apenas ao domingo registam alguma actividade.
O comerciante diz que tem hoje 10 por cento dos clientes que tinha há oito anos, uma realidade que atribui por um lado à perda de hábitos dos lisboetas e por outro à falta de atractivos e ao estado de conservação do jardim.
A Junta de Freguesia do Campo Grande, liderada pelo social-democrata Valdemar Salgado, considera imperativo interromper o ciclo de degradação e insegurança.
Valdemar Salgado considera que as intervenções no jardim têm seguido "uma política de remendos" sendo necessária uma acção de fundo que passe, entre outras coisas, por garantir o acesso seguro dos utentes e pela selecção das espécies arbóreas a preservar, de forma a tornar o espaço mais visível à população.
Em 2003, a Junta de Freguesia apresentou à Câmara um projecto para fazer do Campo Grande um "parque urbano actualizado", que prevê a revitalização dos espaços desportivos e dos lagos já existentes, a instalação de um Cybercafe, um mega-espaço jovem e um anfiteatro para a terceira idade.
Prevê ainda a criação da "Lisboa das Crianças" um conceito à semelhança do Portugal dos Pequeninos, um Centro de Educação Rodoviária e uma Feira de Coleccionismo.
Com as eleições à porta, Valdemar Salgado promete apresentar o projecto ao novo executivo para "estimular a autarquia a olhar a sério" para o Campo Grande."
CFF. Lusa/Fim".
Nada nesta notícia
é novidade, nem sequer a surpresa dos responsáveis actuais camarários pelo
que está a acontecer no Jardim do Campo Grande. Há muito que vivem noutro
mundo.
Pedofilia
O Campo Grande tem sido, desde 2002,
referido a propósito de dois casos ligados à prostituição masculina de
menores. Este seria um dos locais onde o conhecido locutor Carlos Cruz
alegadamente recolheria as crianças para práticas pedófilas. É também aqui
que o alegado pedófilo Jorge Ritto possui uma das suas residências no país. Não
longe deste local, mais precisamente no Hospital Júlio de Matos, outro alegado
pedófilo fazia análise às crianças para verificar se as mesmas estavam ou não
contaminadas pela Sida.
|
|
|