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Olha quem são eles !
Foto: 7/08/2021
Poucos minutos passavam das 10h00 quando nos deparamos na Rua José Lins do Rego, com José Borges (presidente da junta de freguesia) acompanhado de José Ferreira responsável pelo pelouro das finanças e espaço público e equipamentos. Uma das razões da visita estava ali diante dos nossos olhos: a conclusão de um acesso pedonal à Avenida do Brasil. No dia anterior outro foi também aberto ligando em rampa a Avenida dos EUA ao Largo António Patricio. Uma presença que aproveitamos para uma curta entrevista sobre o mandato de 2017-2021 e as propostas que o PS para um novo mandato. Foi uma conversa animada que decorreu no café Estaminé.
A primeira pergunta não se fez esperar: Como está o conflito com Os Estrelas ? " Não há nenhum!". Lá nos foram dizendo que o clube não cumpriu o acordado, inclusive recusaram-se a apresentar contas obrigando a Junta de Freguesia a cessar os apoios financeiros. Não o fazer seria incorrer numa ilegalidade. Apesar disto, a Junta continuou a apoiar o clube cedendo instalações para a sede no Centro no Cívico Edmundo Pedro. Quando ao processo judicial do Clube com a CML, o qual ainda decorre, o mesmo é alheio à Junta. A Câmara e a Junta de Freguesia da Penha de França sentiram-se desados por acordos não cumpridos, obras não realizadas e reclamam a devolução de verbas concedidas. A CML, todavia, continua a ceder gratuitamente a piscina do BSB para os praticantes inscritos no clube.
Já agora que falamos de embrulhadas, como está a situação do campo para os escuteiros no Parque José Gomes Ferreira?. A resposta foi brevissima: a Associação de Escuteiros de Portugal, que havia estabelecido o protocolo com a CML, desistiu da ideia porque o impacto ecológico e financeiro na sua exploração era tremendo. Ficamos também a saber que a vedação erguida numa zona do parque visa evitar a situações indesejáveis (prostituição, tráfico de droga).
Explorando a oportunidade da presença de José Borges, fizemos eco de algumas das criticas sobre a atuação da Junta: - Qual o sentido de andarem a requalificar os espaços verdes, pequenos e grandes jardins para depois os donos dos cães os espatifarem?. Não preferivel fiscalizerem e penalizarem aqueles que com os seus "animais de estimação" andam a destruir bens comuns, propagando doenças e impedindo as crianças de brincarem nestes espaços? A uma pergunta tão embrulhada, os dois membros do atual executivo da Junta, em unissono optaram pelo discurso da pedagogia. "Desde que montamos dispensadores de sacos para as fezes dos cães, os funcionários encarregues da higiene urbana, constatam menor quantidade fezes nos passeios". Com o tempo e muita persistência, acreditam que deixarão de destruirem os jardins e adoptarão comportamentos mais civilizados. A mesma tolerância seguem na aplicação do novo regulamento higiene urbana que obriga os donos de esplanadas a manterem limpo o espaço envolvente. Ninguém até hoje foi multado, porque confiam que esta prática na limpeza acabará por ser adoptada pela simples persuasão. Esta é pelo menos a crença do actual executivo da Junta.
Uma vez que tinhamos falado na penalizavam dos que diariamente emporcalham as ruas e destroiem espaços e equipamentos públicos saltamos para a questão da segurança: -Temos menos policias na Esquadra do Campo Grande, logo temos mais criminalidade?. Os nossos interlocutores afirmam que ao contrário da percepção de muitos dos fregueses a pequena ou grande criminalidade não aumentou em Alvalade. Não escondem que alguns procuram incutir um sentimento de insegurança entre os fregueses, decrevendo Alvalade nas redes sociais um bairro devastado por conflitos violentos como na Síria, refere José Borges.
As mortes que ocorreram nos dois últimos anos foram casos isolados. Apesar disto ressalvaram que a "Cidade Universitária" constituem um caso particular. Nesta zona é preciso uma forte intervenção (videovigilância, ocupação de espaços com residências universitárias, maior restrição na venda e consumo de bebidas alcoolicas, etc). Quanto ao número de efectivos da 18º. Esquadra, José Ferreira fez o seguinte reparo: Antes de 2013, a "super-esquadra" do Campo Grande abrangia uma vasta área de Lisboa e tinha portanto um número mais elevado de efectivos policiais. Depois deste ano, as esquadras de Lisboa foram reorganizadas. A 18ª do Campo Grande ficou com uma área de ação reduzida à freguesia de Alvalade, e portanto o número de efectivos foram diminuidos. A Junta , acrescentaram, presta um apoio permanente a esta esquadra na realização de obras, oferta de viaturas, etc.
A conversa já ia longa, mas continuamos a inquirir: Uma Junta com 126 trabalhadores ainda precisa de tantos assessores?. A pergunta provocou uma imediata reação: "Tantos ?!", disse com um ar espantado José Borges. Ripostamos: - É o que se afirma. Dizem-nos que podiam ser substituídos por mais pessoal na higiene urbana (46 trabalhadores). "São apenas 4, dois do PS e os restantes do PCP", um deles é jurista. Não gostamos da palavra "apenas", mas atendendo à dimensão da Junta e diversidade de áreas de intervenção, enfim...
Quando aos famigerados logradouros, um inacreditável exemplo da impunidade e apropriação ilegal de espaços públicos, foi-nos assegurado que a requalificação era para continuar. Não ficamos satisfeitos com a resposta. Como era possivel continuar a deixar de pé algumas construções ilegais, quando a maioria foram já derrubadas? Perante esta desigualdade tratamentos, o atual executivo remete-se para a sua piedosa pedagogia: espera que um dia os usurpadores de terrenos públicos os venham a libertar, após uma tomada de consciência do "bem comum". Entretanto, como não são ingénuos, s, notificaram as várias situações aos serviços juridicos da CML e à Policia Municipal.
E por falar em consciência cívica, a talhe de foice perguntamos pela Comissão Social da Freguesia de Alvalade (CSFA) se ainda "mexia". Em tempos foi apregoada como Comissão Social que tinha o maior número de entidades em rede na cidade de Lisboa. Numa resposta tortuosa, lá nos foram dizendo que a CSFA é sobretudo um "ponto de encontro", o trabalho em "rede" nem sempre é vísivel, os estabelecimentos de parcerias levam tempo porque exigem um conhecimento mútuo, etc. José Borges, acrescentou um enigmático objectivo, o de trazer para o "miolo da freguesia" as pequenas organizações, supostamente dar-lhes visibilidade .
A questão das parcerias, mas sobretudo uma alegada ausência delas, constitui uma das principais criticas que tem sido feitas ao atual executivo da Junta de Freguesia. Segundo várias vozes da oposição a Junta assume-se como uma empresa produtora de eventos culturais, promotora da economia local ou mesmo do desporto. Age isoladamente e não em parceria com importantes entidades locais que atuam nessas áreas. A razão, segundo a oposição, seria para manter o controlo dos eventos. Uma politica que faz disparar o número de funcionários, os custos e diminui a sua repercussão publica, e não promove o desenvolvimento das entidades locais. José Borges, algo irritado, afirmou: "É falso!" e de memória referiu uma série de exemplos. Assegura que procuram de forma ativa incentivar o associativismo local, nomeadamente criando locais onde as associações possam funcionar. O Centro Cívico Edmundo Pedro é sede 23 ou 24 colectividades, afirma José Ferreira.
Ideias para um novo mandato?. Pedimos três ou quatro ideias estratégicas. José Borges começoupor dizer que uma das prioridades será a continuação da requalificação do espaço público melhorando a mobilidade, no binónimo percursos pedonais e estacionamento. A outra é uma forte aposta na cultura, tirando partido da existência de três universidades, mas sobretudo do enorme potencial criativo e intectual existente na freguesia. Aqui e trabalham muitos dos mais talentosos artistas, escritores e cientistas do país. É esta "imagem de marca" de Alvalade que queremos promover. Orgulhoso da freguesia José Ferreira afirma: "Somos a capital da capital". A outra linha estratégica é a continuação da requalificação dos logradouros, pondo fim à ocupação ilegal dos espaços públicos. Por fim, apontaram para o apoio ao comércio local, cuja existência , variedade e qualidade é essencial para a vida de quem aqui vive e trabalha. A "naturalização" do chamado "Bairro S. João de Brito" cujo acompanhamento das obras será outra das grandes prioridades da Junta de Alvalade.
Não pense que esta animada conversa terminou aqui. Este é apenas um breve resumo do muito que registamos num sábado de manhã, na Rua José Lins do Rêgo, onde se situa a sede do nosso jornal.
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