Assembleia Municipal Descentralizada
No dia 22 de Fevereiro de 2024, pelas 18H47, na reitoria da Universidade de Lisboa teve início mais uma sessão descentralizada da AML. Sete municipes inscreveram-se para falar, seis dos quais eram da Freguesia de Alvalade. Carlos Moedas, como é seu hábito, não compareceu. O que se passou é digno de ser registado. Os intervenientes tinham apenas escassos quatro minutos para dizeram ao que vinham.
Pedro Bastos, deu o mote do espaço público, ao referir os problemas de estacionamento ilegal, sinalização rodoviária e abusos na atribuição de disticos a famílias numerosas. Situações que reportou ao Bairro de S. Miguel, mas que são comuns a toda freguesia. A quem atribuir responsabilidades? À Câmara? Junta? EMEL? Civismo ?. O vereador da Câmara (Diogo Moura) prometeu resolver tudo com pilaretes e umas pinturas.
Regina Morais (na foto), embora acusando sinais de alguma debilidade devido à doença que disse sofrer, atacou forte. Convidou a CML a abdicar dos 3% dos lucros que recebe do Ginásio GO Fit para permitir que os moradores de Alvalade tenham de facto acesso às piscinas privatizadas no Jardim do Campo Grande. Aplausos! Manifestou a sua profunda indignação pelo abandono a que a CML e a Junta de Freguesia votaram os logradouros do "Bairro das Caixas". Estão transformados em lixeiras e por todo lado abundam de barracas. Os pequenos jardins à frente dos prédios precisam de ser limpos e cuidados. A questão é por quem. Em todo o caso, palmas ! As suas questões foram todavia ignoradas. Quanto à 6ª. Comissão da Assembleia Municipal ... é mesmo um caso de Polícia?
Ana Isabel Lopes e a Maria de Fátima Martins trouxeram à assembleia o famigerado caso do "Bairro de S. João de Brito". A primeira para denunciar desde 2018 a inércia da CML na regularização dos títulos de propriedade dos lotes. Acusou ainda a autarquia de discriminar os moradores. Deixou no ar a suspeita que uns tinham sido favorecidos em detrimento de outros. A "Dona Fátima", presidente da Associação de Moradores do "bairro", traçou um cenário deprimente do mesmo: os moradores, esmagadoramente idosos, estão isolados e deprimidos. A localização geografica, entre o aeroporto - 2ª. circular e a Avenida do Brasil, não ajuda contribuindo para a sensação de viverem num gueto. Falta tudo no "bairro": transportes, comércio, cafés, creche, lar de idosos, centro de convívio, etc. A grande esperança dos moradores, nas suas palavras, está agora concentrada no Clube de Rugby de São Miguel: esperam que o mesmo venha a adquirir as "valências" que os moradores necessitam... Após a intervenção, António Proa (PSD) foi encorajá-la nesta nova cruzada. A grande contribuição camarária para quebrar o isolamento são placas toponímicas: as ruas vão passar a ter os nomes escolhidos pelos desconsolados moradores.
Catarina Grilo trouxe á assembleia a urgência de colocar fim aos voos nocturnos, e deslocar o aeroporto para outro lugar. A questão reune, como é sabido, unanimidade entre os partidos com assento na assembleia. Foram inclusive aprovadas resoluções sobre este assunto, mas depois não aplicadas. Uma retórica vazia que levou o deputado do CDS a rir-se, como a foto acima documenta, quando o deputado d`Os Verdes apelou à proibição dos voos nocturnos.
Gonçalo Garcia, vinha dar uma aula de higiene urbana, demostrando a partir da janela sua casa no Bairro Fonsecas e Calçada, a incompetência dos serviços camarários. O que o deixa indignado ? - O lixo atirado para rua. O assunto foi recebido com indiferença. A vogal do actual executivo da Junta (2021-2025), responsável pela higiene urbana na freguesia, nem sequer sorriu. Como já reconhecera na revista da Junta, a higiene urbana piorou na freguesia. Era portanto um "não caso", dada a banalização desta prática na freguesia.
José Nunes, foi o único municipe que colocou uma questão fora da Freguesia de Alvalade: os desportos nauticos no Tejo. Desde Abril de 2022 este dirigente do centenário Clube Naval de Lisboa lidera o projecto para a constituição de um polo nautico no Cais Sodré. A CML reconhece a importância estratégica do projecto, prometeu inclusive apoios financeiros, nomeadamente para construção de um pontão, o problema depois tudo se arrasta, complica e nada avança. Força José Nunes, não desistas.
Alguns vogais da assembleia de freguesia de Alvalade, onde decorria a sessão, fizeram questão de marcar presença. O Nuno Lopes (Mudar Alvalade), não chegou a entrar na Aula Magna, olhou e foi-se embora. Tinha mais em que se entreter. O rapaz da Iniciativa Liberal, sentou-se no espaço para o público, longe dos olhares e aí se manteve firme em silêncio. O representante da extrema-direita, como deputado municipal, falou e disse: A CML orçamentou 5 milhões para a videovigilância, mas não pensa gastar nada em Alvalade. Uma freguesia, na sua avaliação, a braços com vandalismo e criminalidade na Avenida do Brasil (leia-se Murtas) e na Cidade Universitária. A CML esqueceu-se também dos "guardas nocturnos", elementos dissuasores da criminalidade. Atacou também o actual excutivo da Junta (PSD/CDS), sustentado pelo voto do Chega, por não cumprir nada do que prometeu. D`Os Verdes já falamos sobre o aeroporto. O PS, "delegou" a palavra no seu representante na assembleia municipal e presidente do Clube Rugby São Miguel em Alvalade. Limitou-se a corrigir afirmações produzidas na assembleia.
A Culpa é da CML !
A grande surpresa ficou para o fim, a intervenção anotada do presidente de Junta de Freguesia de Alvalade. Atirou-se à inércia e incompetência da CML liderada por Carlos Moedas para justificar a sua própria inação. A 18 meses do fim do mandato (2021-2025), mais de três dezenas de milhões do orçamento consumidos, apoiado por uma corte de assesores, a única obra que até agora realizou em Alvalade foram concertos, festas e festinhas.
Para demonstrar a incompetência da CML deu como exemplo, o projecto do parque de estacionamento junto à Avenida da Igreja, agora mudado para o Mercado de Alvalade Norte. Sem olhar a assistência afirmou: "Se tivessem dado à Junta as verbas para o fazer, já tinha sido inaugurado". Lá foi dizendo que a CML para o consolar, prometeu-lhe que as obras do parque arrancariam em 2024, assim como uma intervenção de fundo no mercado.
Carlos Moedas, aparentemente é o grande responsável por ainda não terem arrancado as obras em Alvalade, cuja competência foi delegada na actual Junta, num valor superior a 3 milhões de euros:
1. Requalificação da praça de Alvalade e do separador central da Av. de Roma;
2. Requalificação do Parque José Gomes Ferreira - Quinta do Narigão;
3. Requalificação dos espaços verde no Bairro de S. Miguel;
4. Requalificação do equipamento Centro Social Paroquial São João de Brito - "Um Teatro em cada bairro";
5. Reabilitação das instalações e auditório do Centro Cívico Edmundo Pedro;
6. Requalificação do espaço público do logradouro dos Coruchéus;
7. Requalificação do Campo de Jogos na Rua Teixeira de Pascoais. O leitor já percebeu que a única coisa que Carlos Moedas não foi um empecilho para a Junta, tem sido na realização de aulas de "programação, robótica e design", por ajuste directo, destinadas a alunos do 1º. ciclo dadas de tempos a tempos.
Pensamos terá sido também um entrave a não ter saído da invisibilidade, o "inovador" projecto do "Bairro Digital" destinado ao comércio com verbas do PRR.
O actual presidente da Junta, um ilustre seguidor da "política do espírito" de António Ferro, ainda não disse onde vai aplicar os 800 mil euros que desconhecia existir para reforçar o orçamento da Junta. Desconfiamos que os irá aplicar num MEGA-Concerto, a sua grande especialidade.
"Filosofou" pouco, disse apenas que os preconceitos eram maus conselheiros. Tinha a ideia comum que o rugby era um desporto de brutos, todos o molho e ao murro para apanharem um coisa que nem é totalmente redonda. Nesse sentido, quando tomou posse questionava-se sobre o dinheiro gasto no complexo desportivo para aí criar um campo de rugby. Pois bem, após conhecer o Clube de Rugby de São Miguel mudou de ideias. Está convertido. Nisto foi advertido para se calar, foi-lhe todavia concedido tempo para concluir: ao contrário de Carlos Moedas, não lembrou o 25 de Novembro, mas sim o 25 de Abril. Talvez por isto, recebeu uma salva de palmas de todas os deputados, com excepção da extrema-direita. Uma Entrevista Frustrada A insinuação feita pelo presidente da Junta de Alvalade que não "consegue" fazer obra em Alvalade, mas apenas promover espectáculo, levou-nos a tentar entrevistar o entrave: Carlos Moedas. Face à sua agenda sobrecarregadissima, aceitamos a sugestão. Entrevistá-lo na Procissão de Nosso Senhor dos Passos da Graça, no dia 25 de Fevereiro. Esta procissão, remota a 1385 aquando da Batalha de Aljubarrota. O cabido eclesiástico e o senado da Câmara fizeram o voto de todos os anos virem agradecer à virgem o sucesso alcançado e assim se fez até 1581. A procissão foi restabelecida em 1641, visitando no seu percurso as sete capelas dos passos, das quais só restam duas, as do Terreirinho e a de Santo André. Começa na Igreja de S.Roque (Jesuitas) dirigindo-se depois para a Igreja de S. Domingos (Dominicanos), Ermida de Nª. Srº. da Saúde terminando na Igreja da Graça.
Os transportes públicos que utilizamos não facilitaram, quando chegamos à Baixa já procissão estava a sair do largo de S. Domingos para a Ermida de Nª- Srª. da Saúde. Foi construida em 1505, na altura dedicada a S. Sebastião, mártir romano do final do séc. III. A construção da igrelia, no principio do século XVI, foi uma iniciativa dos artilheiros. Em 1570, Nº. Srª. da Saúde foi realizada a primeira procissão à virgem, cuja imagem se encontrava no Colégio dos Meninos Orfão junto à ermida, até que em 1661 os artilheiros aceitaram que a imagem fosse colocada na sua ermida. A de S. Sebastião foi para outra zona da cidade, onde acabaou por dar nome à paróquia. O leitor já percebeu que estes considerandos, servem para iludir a ausência da entrevista. A verdade é que a multidão que se formou frente à ermida não nos permitiu chegar à fala com o presidente. Um municipe embriegado insistiu a ter alguma protagonismo no acto solene que aqui ocorreu. A expectativa sobre o que poderia fazer, assim como predica evocativa no local sobre o significado desta procissão tornava desprositado a abordagem de outros assuntos.
A procissão começou o ingreme percurso pela Rua dos Cavaleiros, tendo à frente a imagem de Nª. Srª. da Saúde. Na capela do passo que aparece na fotografia, nós é que não queriamos ser perturbados. Só em ocasiões muito especiais, com esta, é que as portas se abrem. Houve um belo canto em latim de uma Verónica de voz doce que passou a acompanhar o cortejo rua acima.
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O leitor começa a entender a dificuldade do contraditório no jornalismo. Foi mais ou menos neste momento que começou a cair uma forte chuvada daquelas que até lavam os ossos depois da roupa encharcada.
Carlos Moedas, vinha acompanhado do vice-presidente da Câmara, da presidente da Assembleia Municipal entre outros e outras. A chuva continuava a cair sem parar.
No passo de Santo André, situado no local onde nasceu S. João de Brito (1647-1693),debaixo de chuva foi recordada a sua obra e a educação que recebeu no Colégio de Santo Antão (actual Hospital de S. José). Uma placa assinalo o restauro do passo e, 2020. Havia pressa em chegar à Igreja da Graça, ainda tinhamos um ladeira pela frente e a chuva mão parava. Se não sabe fica a saber que fazia parete de um colégio do ordem dos agostinhos, cujos monges criaram no século XIII o seu primeiro ermitério nas Olarias, e depois no Monte de S. Gens. Em 1271 começou a ser construído o antigo convento, sob a invocação de Nº. Srª. da Graça. No terramoto de 1755 grande parte do edificio ruiu, iniciando poiuco depois a sua reconstrução segundo on risco de Caetano Tomás de Sousa e Manuel Caetano de Sousa. Depois da extinção das ordens religiosas (1834), grande parte do edificio foi transformado num quartel entre outras funções. Após um longo período de abandono, graças ao turismo está a ganhar uma nova vida. Na sua cerca surgiu um excelente jardim público, e até no postigo ( uma abertura na muralha fernandina) temos hoje um elevador.
Na Igreja da Graça, um multidão compacta, abrigou-se finalmente da chuva. O local não era propício a conversas, muito menos de insinuações feitas em Alvalade sobre as trapalhadas de Carlos Moedas. | |