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Cesário Verde em Alvalade
Um grupo de alunos da Escola Secundária Rainha Dona Leonor, no final do ano lectivo de 2017/8, andou pelas ruas e mercados de Alvalade. Com o "Livro de Cesário Verde", lendo um poema aqui e ali, foram vendo as coisas com outros olhos e sentiram odores tão intensos que lhes será dificil esquecer.
De Tarde
Naquele "pic-nic " de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas !
Cesário Verde
Papoulas num logradouro em Alvalade
Hortas urbanas em Alvalade
Flores....
Trapadeiras....
Buganvílias.... Nespereiras....
"Súbitamente - que visão de artista! -
Se eu transformasse os simples vegetais
À luz do sol, o intenso clorista,
Num ser humano que se mova e exista
Cheio de belas proporções carnais?!"
in, Num Bairro Moderno, Cesário Verde
Voltamos ao Mercado de Alvalade, às frutas, hortaliças...
"Que de fruta! E que fresca e temporã,
nas duas boas quintas bem muradas,
em que o Sol nos talhões e nas latadas
bate de chapa, logio de manhã !
O laranjal de folhas negrajantes,
(porque os terrenos são resvaladiços )
desce em socalcos todos maciços,
como uma escadaria de gigantes.".
in, Nós, Cesário Verde
... e voltamos também à rua para apreciar os limões ! |
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