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Crime de Peculato ? Abuso de funções ?

(apropriação ilícita de bens públicos para uso privado)

 

 

Junta Freguesia do Campo Grande: Propaganda Partidária com recursos públicos. 

 

A menos de três dias do fim da campanha eleitoral, o actual executivo desta  junta de freguesia, pertencente  ao PSD, editou o boletim informativo da autarquia onde faz descaradamente o apelo voto no PSD !  Ao todo são 20 páginas profusamente ilustradas com fotos dos candidatos deste partido ( ver ).  O pretexto utilizado foi o de fazer um balanço da obra realizada, em plena campanha eleitoral e com dinheiros do erário público. 

 

Os candidatos da Oposição, identificados com o anterior executivo são criticados, e os eleitores  induzidos a darem o seu voto ao actual presidente se querem a continuidade da "obra" que está a ser realizada.   

 

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Este facto demonstra aquilo que frequentemente temos dito nas páginas deste jornal: muitos autarcas actuam na mais completa impunidade, com total desrespeito pelas regras democráticas. 

 

Um análise deste boletim permite-nos constatar que foi violada de forma grosseira a Lei Eleitoral dos Orgãos Autárquicos (Lei orgânica nº1/2001, de 14 de Agosto), nomeadamente o artigo 41º, que impõe o dever de neutralidade e imparcialidade das entidades públicas. Nela se determina de forma clara que os titulares de cargos públicos, não podem directa ou indirectamente intervir na campanha eleitoral praticando actos que possam favorecer ou prejudicar uma candidatura.  As penas estão previstas nos artigos 172º. e 184ª.

 

 

O expediente de propaganda usado no boletim foi uma entrevista fictícia a Valdemar Salgado, o actual presidente e candidato da Junta de Freguesia. Começa  a mesma por fazer um balanço critico do executivo anterior (PS/PCP), passando depois a promover a obra realizada e o seus projectos futuros dos actuais autarcas.  

 

Entre as poucas obras que mencionam há uma que é posta em destaque por este presidente/candidato:

 

O arranjo de 300  logradouros (pequenos quintais) pertencentes a particulares. Ao longo do último ano a Junta assumiu como a tarefa de os limpar e arranjar. Durante a campanha eleitoral, foram mesmo reforçadas as equipas que se dedicam a estes trabalhos. A confusão entre o público e o privado é total, para espanto de quem tem conhecimento destas acções.

 

No boletim, em diversos páginas, o candidato/presidente em exercício, adverte os moradores/eleitores que se querem que os seus quintais continuem a ser limpos no futuro, a única alternativa que lhes resta a darem-lhes o voto no dia 9 de Outubro. Este candidato seria o único que pode assegurar esta continuidade de limpezas. A palavra continuidade é sistematicamente repetida ao longo de todo o texto.

 

Perante estas práticas, o mínimo que se pode esperar é uma intervenção das autoridades competentes, de modo a restabelecer equidade e imparcialidade esperada dos orgãos do Estado democrático. 

 

Os métodos de propaganda usados durante décadas pela ditadura continuam 30 anos após o seu derrube. Tudo isto se passa perante o mais completo alheamento cívico dos cidadãos, para os quais as eleições se estão a transformar numa farsa.

 

Eleições Autárquicas 2005

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