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Era uma vez um homem e uma mulher que
com muito trabalho foram amealhando uma pequena fortuna. Acontece que um
deles, segundo afirma aos transeuntes que por ali passam, tinha dois irmãos: um juiz e outro notário.
O que se seguiu não lembraria ao
diabo. No meio de uma impressionante produção de documentos legais, o
homem é dado como "morto" e enterrado numa vila alentejana. A
viúva, após ter casado com outro homem, acaba também por ser
enterrada em parte incerta. A filha do casal desaparece por artes
mágicas.
Acontece que o morto não estava
morto, conforme o próprio afirma a quem passa na rua. A viúva nunca se separou do defunto e nem
morreu, como faz questão de repetir vezes sem conta. A filha nunca
saiu de casa.
Um dia o morto-vivo precisou de
tratar de um documento, e constatou para seu espanto que não devia
estar ali, o seu lugar era algures num cemitério. Os seus bens esses
já haviam desaparecido para as mãos mais hábeis nestas coisas.
O problema é que o morto-vivo não
se calou, conforme afirma a quem se dispuser a ouvir ouvi-lo.
Mas como é que um morto podia vir agora ao mundo dos vivos
reclamar pelos seus direitos ? O caso tornou-se um quebra cabeças para
a justiça.
Polícia, segundo se afirma, terá prendido dezenas de vezes o morto-vivo e a sua
viúva que não é viúva, pois é suposto também estar morta. É dificil seguir a narrativa tão surreal a mesma é.
Os mortos-vivos,
pelos vistos terão continuado a
insistir e a reclamarem o seu lugar entre os vivos que pelos vistos não
querem nada com eles.
A justiça terá acabado
finalmente por
chegar à conclusão que os mortos-vivos estavam loucos. Poderia o caso ter
outro final com dois mortos-vivos a afirmar que estavam vivos?
Ainda hoje, os mortos-vivos
lá estão junto à entrada da Procuradoria Geral da República, e juram a pés juntos que estão vivos,
cujos documentos
oficiais parecem que "garantem" que eles estão mortos.
Dúvida ? Passe pela Rua
da Escola Politécnica e tenha a tétrica experiência de contactar com um
morto-vivo.