Percursos

 

Campo de Alvalade

 

Do Campo Pequeno ao Campo Grande, passando por Entre Campos

 

( Percurso1)

Neste percurso vamos conhecer algumas das zonas mais mais antigas de Alvalade, onde no século XX se começou a delinear a cidade universitária e surgiram as primeiras células do Bairro de Alvalade projectado por Faria da Costa.

Avançamos de sul para norte pois foi nesta direção que Lisboa se expandiu. A atual freguesia de Alvalade começa a partir da linha do comboio que atravessa a Avenida da República.

Campo de Alvalade

Era conhecido desde o século XVI, o espaço público a que hoje damos o nome de Campo Grande. A palavra alvalade deriva do substantivo árabe albalade, que significa lugar habitado e murado. Diga-se, em abono da verdade, que a etimologia da palavra não é pacífica.

O percurso que hoje lhe propomos começa no campo, dito " Pequeno" e termina no extremo de outro conhecido por "Grande". Ambos fazem parte de uma vasta área da cidade que ainda em meados do século XX estava salpicada de quintas, poços, ribeiros, como a quinta onde foi construída a Rua José Lins do Rego, onde tem a sua sede o Jornal da Praceta. Prepare-se para andar a pé e viver de uma outra forma Lisboa.

Os Campos de Alvalade estão ligados a um importante acontecimento histórico, em 1323, o "recontro" entre o rei D. Dinis e o seu filho. A batalha não ocorreu derivado à intervenção pacificadora da Rainha Isabel, santificada pelo povo e recentemente pelo Vaticano.

Converse com os moradores, não tenha medo de os ouvir, pergunte-lhes onde ficam os lugares a seguir indicados. Tem aqui um excelente pretexto para meter conversa e conhecer a cidade.

Estátuas evocativas do "recontro" de Alvalade, em 1323, entre D. Dinis e o seu filho e futuro rei D. Afonso I. O adim foi inaugurado em 1995.

A batalha entre D. Dinis e o infante não ocorreu nos campo de Alvalade, devido à intervenção de Santa Isabel, rainha de Portugal. Monumento alusivo ao acontecimento histórico.

Campo Pequeno

Palácio dos Condes das Galveias.

Edifício do século XVII, antiga residência secundária dos Távoras. Passou para a propriedade dos Melos e Castros, cujo brasão encimava o seu magnifico portão de entrada. Adquirido pela CML (1931) passou a ostentar as armas da cidade. Aí se situa a Biblioteca Geral  da Câmara. Neste espaço de uma forma bastante irregular, ocorrem alguns eventos culturais assinaláveis.

Edifício sede da Caixa Geral de Depósitos

Atravesse a rua e visite a Culturgest, onde têm lugar alguns dos acontecimentos culturais mais importantes da cidade.  Neste edifício  inaugurado em 1993, existem dois auditórios e duas galerias para exposições. Não se esqueça de ver as pinturas de Júlio Resende e Júlio Pomar (1989) que figuram em oito enormes tapeçarias no gigantesco átrio central. Aproveite e dê um saltinho também à excelente mediateca. O edifício foi erguido no local da antiga fábrica de cerâmica Lusitânia, da qual resta apenas a chaminé de um dos seus  fornos. O projecto é do arquitecto Arsénio Cordeiro.

Caixa Geral de

O imponente edifício do banco público.

Praça de Touros do Campo Pequeno

Pelo menos desde o século XVIII aqui se realizavam corridas de touros. A actual praça data foi inaugurada em 1892, o autor do projecto foi António José Dias da Silva (1848-1912). É totalmente construída em tijolo e apresenta em estilo neo-árabe, com cúpulas semelhantes às de mesquitas. Tem uma área de 5.000m2 e um redondel de de 80m de diâmetro. Foi concebida para  8.438 espectadores. 

Praça de Touros

Alguns edificios "Deco" no Campo Pequeno merecem o nosso aplauso, a sua recente reabilitação preservou as suas fachadas. Foto: OPutubro de 2019.

Jardim do Marques de Marialva

Até aos anos 30 tinha um aspecto aberto, muito frequentado por aficionados das toiradas que aí se juntavam para as discutir. O jardim que envolve a Praça de Touros e foi inicialmente organizado em quatro espaços equilibrados.  Tornou-se mais recentemente num local de paragem e estacionamento de autocarros. Todo o espaço esteve duarante décadas votado pela CML ao abandono. Para não ficar na memória com esta imagem de degradação entre rapidamente na estação do metro e veja as intervenções  plásticas do escultor Francisco Simões. Este artistas inspirou-se na história desta zona da cidade, onde chegavam para abastecer os seus moradores os camponeses da região saloia com os seus produtos e evocou igualmente os touros e as touradas.

Desça a avenida da República na direcção do Campo Grande

Observe o viaduto e a nova estação de Entrecampos. O interior da estação do metro merece uma visita atenta. Ao contrário do que foi prática em outras estações, a renovação desta estação não destruiu os azulejos existentes. O projecto de renovação de arquitectura é dos arquitectos Carlos Sanchez Jorge e tem intervenções plásticas de Bartolomeu Cid dos Santos e de José Santa Bárbara. Duas figuras míticas da cultura portuguesa são postas em relevo: Camões e Fernando Pessoa. Faz-se igualmente uma sugestiva evocação à Biblioteca Nacional muito perto deste local.

Entrecampos

Feira Popular de Lisboa (encerrada em 2003)

Tratava-se de um espaço de diversão instalado aqui a título "precário" em 1961. Hoje não passa de um amontoado de barracas. O projecto de implantação da Feira, neste local,  foi da autoria do arquitecto Jorge Segurado. A CML cobrava desde então uma "renda" anual que revertia para a Caixa de Previdência dos seus funcionários. Esta feira ocupava a área do antigo Mercado Geral do Gado, fundado em 1888, segundo um projecto do arquitecto Parente da Silva. O mercado foi desactivado no final dos anos cinquenta do século XX. Os terrenos ou foram adquiridos ou expropriados para a construção da Central de Camionagem de Lisboa que nunca passou de um mero projecto. A família João Pereira da Rosa então proprietária do jornal O Século então falava mais alto que muitos ministros. 

Aspecto em Outubro de 2019 do local onde estava instalada a Feira Popular de Lisboa.

Monumento comemorativo da Guerra Peninsular

A primeira pedra foi lançada em 1908, mas só foi inaugurado em 1933. As construções envolventes retiram toda a dignidade ao monumento. 

Av. Estados Unidos da América

Faça um pequeno percurso a pé até ao cruzamento entre a Av.dos EUA e a Av. de Roma. Observe os edifícios concebidos por Jorge Segurado  e Pedro Cid, 1952/56) no "coração" do Plano de Alvalade (autoria de Faria da Costa). Este plano abrangia uma área de cerca de 250ha, para uma população estimada em 45 mil habitantes. Estava limitado a sul pela linha de comboio que passa a sul por Entre Campos e a norte pela Av. Brasil, a oeste pelo Campo Grande e a leste pela Av. Gago Coutinho. Tinha como ideias centrais:  a mistura de habitação social com habitação para rendimento, combinando zonas residenciais com fabris, eliminado o trânsito do interior dos bairros e organizando o espaço em torno de pólos agregadores: escolas, igrejas ou instituições públicas. Excelentes e inovadoras ideias que a desordem urbanística lisboeta se encarregou de destruir. O que resta pode dar-lhe, apesar de tudo, uma ideia do projecto inicial.

Avenida dos EUA (anos 60)

O estado de degradação desta avenida, em tempo um dos símbolos da Lisboa moderna, ultrapassa tudo o que se possa imaginar. As suas magnificas varandas foram fechadas com horríveis marquises. No alto destes edifícios para além de construções abarracadas até pombais se podem encontrar.

Campo Grande 

Este local pertencia ainda no século XVIII aos arrabaldes da cidade, embora fosse já uma freguesia, a de Reis do Campo Grande.

Jardim do Campo Grande

É hoje uma amostra de tempo idos. Foi um importante e corrido logradouro público desde o século XVI (1520). A partir de 1778 realizou-se aqui uma feira anual conhecida por Feira do Campo Grande ou das Nozes, a qual chegava a durar dois meses. O jardim começou a ser plantado durante o reinado de D. Maria I e, por ordem do ministro D.Rodrigo de Sousa Coutinho. Entre as arvores que forma então postas destacam-se os plátanos vindos de Creta, da Península Balcânica e dos Estados Unidos da América, as palmeiras que vieram das ilhas canárias, e os eucaliptos da Austrália. Em 1816 realizam-se aqui as primeiras corridas  de cavalos, tradição que se manteve até aos nossos dias nesta zona. Em 1836 o jardim passa para a CML. Em 1869 tem inicio da construção do lago. 

Em 1945, o arquitecto Keil do Amaral elabora um projecto de remodelação do jardim. As obras iniciaram-se em 1946 e terminaram em 1948, tornando-se um dos mais belos parques de Lisboa. Fruto de uma série de medidas camarárias, o jardim desde a década de oitenta do século XX foi-se degradando, ao ponto de ser local de encontro de marginais. A remodelação só se iniciou em 2013 e terminará em 2017...

As antigas piscinas do Campo Grande foram concebidas pelo arquitecto Keil do Amaral (1910-1975). A imagem data dos 70. Desde finais da década de oitenta do século XX as piscinas foram sendo abandonadas pela CML que as acabou de fechar, quando o que restava das suas instalações se tornou durante anos num local de prostituição masculina. A CML, revelando a sua total incompetência para gerir a coisa pública, cedeu o espaço para a construção de um ginásio privado.

Sam, campo Grande

Comece a visita prosseguindo na direcção do extremo norte do jardim, pelo passeios exteriores.

A estatuária do jardim foi desaparecendo. Assinale-se todavia uma fonte-escultura do cartoonista Sam, inaugurada em fins de 1993. Apesar de tudo não deixe de visitar jardim, mas tenha cuidado, não pise nenhuma bosta dos cavalos da GNR. A segurança do local foi reforçada devido aos constantes assaltos que aqui ocorriam.

jardim do campo grande 2016

Depois de dácadas ao abandono, o jardim dos Campo Grande começou finalmente a ser recuperado. Em 2013 foi inaugurada a parte norte, o que conferiu a toda a zona uma nova animação.

Edifício dos Serviços Centrais da CML

A ideia era interessante, mas como quase tudo nesta câmara, revela uma ausência de um cuidado planeamento.  Imagine que se esqueceram de incluir um refeitório adequado ao número de funcionários.  Resultado: os funcionários foram durante anos comer à Feira Popular, onde parece que lhes faziam descontos especiais.

Por incrível que pareça o edifício também viola o Plano Director Municipal (PDM), coisa que por estas paragens da cidade parece não fazer o menor sentido. 

Biblioteca Nacional de Lisboa

O edifício da autoria de Pardal Monteiro foi inaugurado em 1969 e mais não dizemos. Entre e veja porque é a Biblioteca Nacional.

Perto da esquina da Rua João Soares fica a residência do antigo presidente da república - Mário Soares. Se pretender mesmo ver um pouco do universo desta família visite o Colégio Moderno (fundado em 1935). Peça para ver o jardim projectado por Ribeiro Telles. No R/C do nº. 111 fica o que resta da antiga livraria Lácio, uma das melhores de Lisboa até meados dos anos 80 do século XX, depois foi morrendo até desaparecer (2014).

Galeria 111

Um espaço  incontornável nas artes plásticas de Portugal. Não deixe de a visitar.

reitoria da Universidade de Lisboa

Alameda da Universidade de Lisboa

Está no coração de um dos grande projectos dos anos quarenta: a criação de uma "cidade universitária"(projecto de Pardal Monteiro, 1956/61). No centro da alameda observe a simetria e o despojamento da Reitoria, ladeada pelas faculdades de Direito e de Letras.

Por detrás da Reitoria tem a "Cantina Velha" e Complexo Universitário de Lisboa. Desse local pode observar o Hospital de Santa Maria (Faculdade de Medicina) e se andar um pouco pode ver a Universidade Católica Portuguesa.

Para amenizar o ambiente entre na estação do metro da Cidade Universitária e aprecie a magnifica intervenção de Vieira da Silva, onde se destaca o guache "Abrigo Anti-Aéreo", de 1940, transposto para o azulejo por Manuel Cargaleiro ( o painel "Le Métro").

 Voltando à Alameda da Universidade enão se esqueça de ver a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (arq. M.Tainha, 1991. Prémio Nacional de Arquitectura de 1993) e à sua frente o arrojado edifício da Torre do Tombo. Observe  as construções imparáveis do ISCTE e da Faculdade de Farmácia e Medicina Dentária. Betão não falta por aqui, estão mesmo a "acimentar" o país.

A Alameda da Universidade foi requalificada (2013). Em ambos os lados foram construídas ciclovias. O aspecto geral é agora bem melhor que o anterior (um caos). No entanto, no lado norte, junto ao Horto do Campo Grande, devido à falta de vigilância policial, tudo começou a voltar à degradação anterior. Todas as barreiras e sistema de rega foi destruído, os candeeiros vandalizados, a ciclovia danificada. O relvado virou um parque de estacionamento !Em Abril de 2018 a CML colocou novos obstáculos e a situação melhorou, mas até quando ?

Faculdade de Ciências de Lisboa

Prosseguindo pelo Campo Grande, aprecie a densas construções desta faculdade e de não sei quantos institutos que aqui se têm instalado. 

Hipódromo de Lisboa

Os acessos ao hipódromo são surrealistas. Por vezes terá a sensação de se ter perdido e entrado por uma área de despejos de entulho. Não desespere. Acabará por encontrar o local onde se realizam importantes competições hípicas, cuja construção se iniciou nos anos vinte.  Não se esqueça de memorizar o caminho de regresso. 

Edifício da antiga Junta de Freguesia do Campo Grande

Uma casa "tipicamente" portuguesa, que durante anos conviveu com construções abarracadas. Tanto insistimos que a junta acabou por limpar o terreno.

A abertura do Centro Académico (antigo Caleidoscópio) foi um dos elementos que mais contribuiu para dar uma vida nova ao jardim do Campo Grande.

Caleidoscópio

Atravesse a rua para o lado  do jardim, junto ao lago pode encontrar a ruinas de um antigo centro comercial inaugurado em 1974. Acabou como muito coisa por entrar em total decadência e fechou. Abriu em 2017 como uma hamburgueria e centro académico.

Tenha cuidado com os botões que pressionar. Já aqui morreu uma criança electrocutada - o Rubem Cunha-, pela incúria de quem os devia verificar os botões e não o fez.

Museu da Cidade

Palácio Pimenta, também conhecido por Palácio de Galvão Mexias, foi adquirido pela CML em 1961. Edificado no princípio do século XVIII foi, segundo a tradição mandado construir por D. João V para a conhecida Madre Paula. Documenta a história da cidade de Lisboa, desde a pré-história até à implantação da República (1910). É enriquecido com um "Ensemble d`Époque" do século XVIII e uma maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755. É mesmo imprescindível a visita.

Não deixe também de protestar pelo estado de degradação da nora. Era o símbolo das antigas quintas desta zona da cidade. Estamos perante um fenómeno social já identificado como "avassaladora desmemorização". 

Atravesse a estrada por debaixo do viaduto, e mesmo que seja de outro clube não deixe de ver o novo estádio do Sporting Clube de Portugal - Campeão nacional de futebol em 2000.

Cansado?  Claro que não. Atravesse o jardim para o lado contrário.

Visite o palácio-museu da cidade de Lisboa, mas não deixe de protestar contra o facto dos funcionários camários terem transformado da frontaria do palácio num caótico parque de estacionamento privativo. A menos de 30 metros existe um parque camarário...

Colégio de S. Vicente de Paulo

Em termos arquitectónicos recuamos ao século XVII, mas os edificios são todos do final dos anos quarenta do século XX. Recomenda-se uma visita ao "colégio" para apreciar a excelente obra social que aqui é realizada. No local funciona uma escola de enfermagem, posto de vacinação, lar de idosos, infantário e até uma escola básica.

Museu Rafael Bordalo Pinheiro

Instalado num antigo "chalé" estilo português segundo um projecto de Álvaro Machado(1914). Foi doado à CML em 1924 pelo poeta Cruz Magalhães, que o organizou e abriu ao público em 1916. Aqui se reúne  a maior parte da obra de Bordalo desde as artes plásticas, artes gráficas, caricaturas à cerâmica que renovou e impulsionou através das faianças artísticas das Caldas da Rainha. Em anexo possui uma galeria de Exposições temporárias. Encontra-se presentemente em obras. Em frente deste pequeno edifício, no jardim, está o monumento a Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), da autoria de Raul Xavier, inaugurado em 1921.Tenha cuidado com o transito, vinte metros acima, várias pessoas já perderam a vida a atravessarem esta estrada. Transito e poluição é coisa que não falta desde lado do jardim. 

A CML, com a sua incúria habitual, autorizou a construção de um edifício nas traseiras do museu que colocou em causa as suas fundações. O Museu esteve fechado para obras de reparação durante 6 (seis) anos !

Fundação da Cidade de Lisboa

Construída sobre os escombros do antigo Asilo de D. Pedro V , para a infância desvalida (concluído em 1857). Nas caves deste edificio encontra-se a Biblioteca Victor Sá, pertencente à Universidade Lusófona. 

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Instalada na antiga Fábrica de Lanifícios dos Campo Grande (1838), mais tarde transformado num quartel, a sua expansão tem sido simplesmente vertiginosa. Será dos ares do jardim? Entre e observe a forma orgânico-caótica como o espaço se vai desenvolvendo.

Quebra Bilhas

Restaurante com tradições e boa comida. Este antigo retiro ligado à história do fado foi fundado em 1793, como "casa de pasto". Encerrou as portas em Abril de 2006, durante a gestão da CML de Carmona Rodrigues.  O edifício é propriedade da misteriosa organização católica Opus Deis. 

Palacete Beltrão

Mesmo ao lado do Quebra Bilhas, fica este palacete datado do século XVIII, onde a OPUS DEI tem uma organização denominada "Centro Cultural do Campo Grande". Há cerca de 30 anos que aqui está instalado, durante os quais ninguém se recorda de nenhuma actividade cultural que tenha promovido.  

Igreja do Campo Grande ou dos Santos Reis Magos

A igreja foi construída depois do terramoto de 1755. A que existia no local datava do século XVI e desabou nesse fatídico dia de 1 de Novembro.

O filósofo alemão I.Kant, num estudo sobre assunto, sustentou que uma das causas de tanta destruição e mortandade estava no mau planeamento e falta de qualidade das edificações.

A Igreja foi construída com verbas provenientes de donativos particulares, venda de bilhetes da Stª. Casa da Misericórdia e de taxas da "Feira das Nozes" instituída por D. Maria I, com essa finalidade. Trata-se de uma Igreja de planta rectangular, com uma nave, quatro capelas laterais, com coro e sobrecoro com baulastrada.

Rua José Lins do Rego

Entre na Av. do Brasil, e vire na primeira rua à sua direita (Rua Afonso Lopes Vieira). Ande até ao largo observe a entrada da Praceta, onde tem a sua sede o Jornal da Praceta, o primeiro jornal online de um bairro de Lisboa (fundado em 2001).  Palavras para quê.

 Não deixe de entrar num dos cafés e retorne à Rua Afonso Lopes Vieira, a primeira rua do Bairro de Alvalade. Aqui começava também a primeira das oito células do bairro, conforme o projecto de Faria da Costa aprovado em 1945 .

Enquanto percorre a rua analise a arquitectura social do Estado Novo. A concepção geral era a de uma "cidade jardim". A maioria dos logradouros à frente das casas estão hoje ao abandono, o pior é todavia o que acontece nas traseiras. Os logradouros foram ocupados por barracas ilegais e estão transformados em vazadouros de lixo. A CML demitiu-se completamente da situação.

No cruzamento com a Av. da Igreja (a maioria dos edificios são da autoria de Jacobetty Rosa e Fernando Silva (1945/48), aviste a meio a estatua de S. António na Praça de Alvalade, e no fundo a Igreja de S. João de Brito. Atravesse a rua, pela passadeira e prosseguindo em frente e entre na Rua Fernando Pessoa.

No novo cruzamento volte à esquerda e visite o Palácio dos Coruchéus e o centro de artes plásticas. Trata-se de um equipamento excepcional ao tempo (1971), e destinava-se a facultar espaços de trabalho aos artistas plásticos . O estado de degradação do complexo foi durante largos anos indiscritível. Aqui funciona de forma intermitente aquela que foi uma das mais importantes galerias portuguesas, a Quadrum, por onde passaram artistas como Ernesto de Sousa.

No regresso à Rua Afonso Lopes Vieira, entre no Conselho Nacional da Educação e na contígua "escola primária" onde tinha a sua sede a "telescola" (IMAVE, ITE).

No campo de alvalade tudo aqui parece respirar educação, mas nem sempre o que parece é. Muitos dizem uma coisa e fazem outra. 

Livraria Bulhosa

Começamos com livros e terminamos com eles. Escreviamos em tempos:"Entre veja e não se esqueça de visitar o agradável café desta magnifica livraria de Lisboa. É preciso ler para nos informarmos de forma conveniente, mais que não seja para não acabarmos enterrados em tanta areia que nos atiram para os olhos." Acontece que a Livraria fechou em Outubro de 2017. Só lhe resta fazer o esforço para não se deixar enganar.

Em breve novas sugestões

Carlos Fontes