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Crianças a brincarem ou a conviverem na rua, atolhadas de automóveis, passou a ser encarado como algo de um passado longínquo que nos nossos dias é quase uma utopia. Assim não o entenderam três mães residentes em Alvalade: Guida Veiga (professora universitária), Ana Passos e Sousa (psicóloga) e Nádia Morais (tradutora). Não se limitaram a constatar que as crianças já não brincam na rua. Não se ficaram também pelo lamento de quanto isso é prejudicial para o desenvolvimento das crianças e para a própria comunidade, sairam da zona de conforto (passividade), e lançaram o movimento Vamos Brincar na Rua.
O primeiro evento, ocorreu no dia 24 de março de 2019 junto à Biblioteca dos Coruchéus, a que deram o nome de "Conversas de Brincar", contou com a participação de especialistas em educação, pediatria e motricidade. A ideia pegou e o entusiasmo não esmoreceu pelo contrário, reforçou-se com a adesão verificada. A partir daí, seguiram-se encontros mensais sempre num local diferente da freguesia, com uma média de 24 crianças. Esta mudança de locais permite a descoberta e exploração de novos espaços, mas também sensibilizar a vizinhança da necessidade de recuperar hábitos saudáveis que estão perdidos.
Desde a sua criação, o movimento Vamos Brincar na Rua já realizou cerca de 10 encontros. Infelizmente, foi suspenso em 2020 em virtude da pandemia. No ano da sua criação, foi integrado nas atividades da Associação Viver a Infância, fundada pelas criadoras do projeto, e que também é responsável pela Escola Lá Fora, um projeto de aprendizagem na natureza situado na Quinta das Conchas, no Lumiar.
Os encontros contaram com uma média de 24 crianças em cada edição e muitas famílias conheceram-se nos encontros, ou seja, permitiram a criação de vários laços entre famílias residentes em Alvalade. Os encontros suscitaram também grande interesse dos media e apareceram em jornais e reportagens.
Não falta quem pense que brincar na rua é perigoso. As promotoras deste movimento estão cientes deste receio. Neste sentido, os locais que escolhem para os encontros são todos "amigos de brincar", ou seja, locais com um elevado potencial de ludicidade, em locais seguros para as crianças. Além disso, estes encontros contam também com a participação das famílias. É sua convicção e, nossa também, que ao popular o bairro com mais crianças, estão a criar um bairro mais seguro. Sem receio das palavras afirmam que "Bairros com crianças que brincam nas ruas têm crianças e adultos mais saudáveis e felizes e são mais vivos e mais seguros."
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