UL - Junta de Freguesia
Alvalade
Uma das ações mais positivas da Junta de
Freguesia de Alvalade (JFA), saída das eleições autárquicas de 2013, foi o de
tentar um diálogo com a Universidade de Lisboa.
Tratou-se sempre de um "diálogo" difícil,
nomeadamente por questões partidárias. A antiga junta do Campo Grande, por
exemplo, entre 2002 e 2013, encaravam a UL como um antro de comunistas, pelo que
evitavam qualquer diálogo. Para os seus membros (PSD, CDS-PP), a UL não existia,
apesar de ocupar a maior parte da área da antiga freguesia do Campo Grande.
A JFA, na fase ativa de André Caldas (PS)
na freguesia (2013-2015), desenvolveu uma série de iniciativas de aproximação
institucional com a UL, iniciativas que já começaram a perder folgo, com
prejuízo para todas as partes. Uma questão a acompanhar !
UL- Junta do Campo
Grande
" Não existe em Portugal uma
freguesia que tenha mais universidades e escolas superiores, como a Freguesia do
Campo Grande, no entanto, nas publicações da Junta esta realidade está
estranhamente ausente. Apenas se evoca as antigas feiras de gado, as hortas, os
retiros e, por razões várias, o "Bairro das Caixas" construído pelo
Estado Novo. As raras referências que são feitas a estes estabelecimentos de
ensino são em tom de lamento pela sua existência.
O último prospecto turístico
editado pela Junta (2000) chega ao ponto de afirmar que a única utilidade da
Universidade é contribuir para a manutenção do restaurante típico
"Quebra Bilhas" (?!).
Curiosamente, consultando as numerosas publicações
dos estabelecimentos de ensino aqui estão sediados, nos últimos vinte anos, apenas
identificamos uma única publicação que explicitamente se refere ao Campo
Grande. Trata-se de uma revista de estudantes da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, datada dos anos oitenta, justamente intitulada
"Campo Grande". Folheando-a não encontramos uma única menção ao
local em termos físicos ou históricos. Todos se procuram ignorar.
Está também a desaparecer a vivência
do local por parte de muitos milhares de alunos e professores que aqui estudam
ou trabalham.
O Campo Grande está a tornar-se num mero sítio de passagem. Não
existe hoje em todo o bairro um único local que seja de frequência habitual de
estudantes, muito menos de professores.
A partir de 1959 era fácil identificar
muitos deles, como a esplanada das piscinas do Campo Grande, a esplanada
do lago (Campo Grande ), a esplanada do ringue de patinagem (Campo Grande), o
Café Gôndola (Campo Grande), o Caleidoscópio (Campo Grande ), o Café Borges
(Azinhaga de Malpique, actual Rua João Soares), o Itau ( Rua de Entrecampos),
etc. Das várias livrarias que existiam no bairro, apenas subsiste a
"Lácio", muito decadente.
É certo que abriram duas novas, mas estão longe de constituírem
um ponto de encontro para estudantes ou professores. As muitas "residências
" ou "quartos" particulares para estudantes estão igualmente a
desaparecer.
Perante a ausência de ofertas locais atractivas, estes
estabelecimentos de ensino criaram no seu interior cafés, esplanadas, salas de
estudo, livrarias onde decorre cada vez mais a vida dos professores e
estudantes. Após o seu encerramento todos partem para outros locais mais aprazíveis
sem que entretanto estabeleçam qualquer relação com o bairro. O Campo Grande
torna-se num sítio sem história.
A CML muito tem contribuído para
esta situação ao abandonar os equipamentos que possui no Campo Grande. A Junta
é melhor nem falar, ainda vive no tempo das hortas e retiros."
Carlos Fontes (2003) |