Vazadouros Ocasionais

Entulho de obras num lado, monstros e todo o tipo de lixo no outro. Rua Fernando Caldeira. Foto: 4/05/2022, 11h30

Se há tema recorrente nas redes sociais, o da higiene urbana é um deles. Talvez seja mesmo o primeiro. Na verdade basta um simples percurso pela freguesia para se encontrar não apenas lixo, mas verdadeiros vazadouros. A acumulação de lixo em alguns locais está profundamente enraizado nos hábitos quotidianos dos moradores. O termo adequado deveria ser, neste caso, vazadouros públicos permanentes na via pública.

Na maioria dos casos, como temos constatado são ocasionais, embora depois possam virar habituais. Um trabalhador da higiene urbana de Alvalade contou-nos que conseguira identificar dois grupos de promotores destes vazadouros. No primeiro grupo, nas suas palavras, estavam os moradores que não primam pelo respeito pelo próximo e o ambiente fora de portas. O estatuto social é irrelevante. Tratam-se dos vulgarmente dos denominados "porcos", sem ofensa para os ditos animais. No segundo grupo identificou as empregadas de limpeza que não vivendo no bairro, colocam sacos de lixo onde melhor lhes calhar. Na pressa de chegarem à casa ou a outro trabalho procuram rapidamente desfazerem-se dos sacos de lixo que trazem dos locais onde trabalham, e pouco lhes importa o sítio onde o deixam.

A proliferação destes vazadouros ocasionais quase sempre tem na base duas causas fundamentais: a falta de eficiência dos serviços públicos na limpeza e fiscalização, e a falta de civismo de moradores e das pessoas que aqui circulam ou trabalham.

Boas Entradas...

Após as festividades do Natal e da passagem de ano é habitual as ruas encherem-se de papéis, garrafas e outros objectos associados a estas festividades. Este ano não foi excepção. A novidade neste ano está na dimensão que foi atingida. Por toda a freguesia de Alvalade estão formadas lixeiras como há muito não se viam. Um vidrão na Av. da Igreja virou depósito de lixo. Falta de civismo ou deficiente serviço de limpeza? Foto: 05/01/2022

ECO Ponto - Contentores: Um perigo para a saúde pública?

Apesar da alteração do sistema de recolha de lixo nos bairros de Lisboa , a acumulação de lixeiras junto aos contentores prossegue.

O lisboeta está longe de primar pelo asseio na via pública, mas os serviços encarregues da recolha do lixo não ajudam nada a melhorar estes hábitos ancestrais. Mais

Perplexidades de um Fiscal Camarário

"Todos os dias é a mesma coisa". Apontado para o lixo amontado junto à Escola Básica de Santo António concluiu : "Este (lixo) vem de uma oficina. Retiraram a morada das embalagens para não podermos identificar os prevaricadores. As multas são agora mais pesadas...", confessava-nos com um ar desalentado ás 10h32 do dia 18 de Fevereiro de 2020, Vitor Domingos, fiscal do Posto de Limpeza da Rua Filipe da Mata. Olhando em redor para o vasto logradouro acrescentou "Tudo isto é ilegal...". Ao que inquirimos: "Não faz nada?.." A resposta veio pronta: "Só fiscalizo o lixo atirado para a rua, quanto ao resto é da competência da Polícia Municipal, da Junta de Freguesia, Câmara Municipal...". Enquanto enumerava as várias entidades com competência para agirem perante as ilegalidades não parava de encolher-se entre os ombros. Era dificil aceitar tanta omissão até para um fiscal camarário. Esta situação manteve-se ao longo do ano de 2020 e prolongou-se até 2021, ano de eleições autárquicas. Neste ano o local foi objecto de uma pequena intervenção que impediu a sua transformação num vazadouro. O problema é saber até quando o local continua limpo. A regressão pode ocorrer a qualquer momento.