Céu de Fevereiro de 2024

Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

Já devem ter reparado que os dias estão a ficar maiores. O Sol amanhece cada vez mais cedo e anoitece cada vez mais tarde. Isto é bastante notório durante fevereiro – se no dia 1 o Sol, no Porto, nasceu às 07:46 e se pôs às 17:50, no dia 29 irá nascer às 07:10 e pôr-se às 18:25, ou seja, ganhamos 1h11min de luz do dia. Há algumas diferenças de Norte para Sul, com Bragança a ganhar 1h13min durante este mês, e a Madeira apenas 57 minutos. 

Saturno está quase a deixar de ser visível. Ao anoitecer do dia 1 está mais ou menos virado a sudoeste, a 15 graus acima do horizonte. Mas com o planeta em rota de aproximação ao Sol, no céu, e o Sol a pôr-se cada vez mais tarde, Saturno vai deixar de ser visível por volta do dia 15. A conjunção de Saturno (altura em que o planeta está mesmo na direção do Sol), ocorre no dia 28, e o planeta só volta a estar visível no céu a meio de abril, ao amanhecer. 

Também Vénus se prepara para deixar de estar visível durante alguns meses. Este planeta, que este mês está visível a Este ao amanhecer, também se está a aproximar do Sol, no céu. Apesar disso, por ser o segundo objeto mais brilhante do céu à noite, ainda se observa ao raiar do dia, pelo que só deve desaparecer por completo no início do próximo mês. 

Júpiter continua a ser a “superestrela” que não cintila (isto é, que não “pisca”), bem alta no céu, virada a sul ao anoitecer do início do mês, mas que lentamente migra para sudoeste, onde começa a noite no fim de fevereiro. 

Quanto a Marte, começa novamente a ser visível, ao amanhecer, no fim deste mês. No entanto, não será fácil de ver, pois o planeta está a uma distância de 2,24 unidades astronómicas, ou cerca de 335 milhões de quilómetros da Terra. Com uma magnitude de apenas 1,3 e com o Sol a nascer cerca de meia hora depois, o que ofusca o planeta, este vai parecer ainda menos brilhante. Ainda por cima, o amanhecer ocorre cada vez mais cedo, pelo que Marte só estará a uma altura confortável para observação lá para o meio de maio. 

No dia 2 a Lua atinge o quarto minguante e dia 7, um fino minguante passa a 8 graus de Vénus, ao amanhecer. 

No dia 9, atinge a lua nova e dia 10 é o ano novo chinês Este é um calendário lunar, que começa na lua nova que ocorre entre os dias 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Por seguir a Lua, os meses deste calendário são definidos pelo tempo que passa entre duas luas novas – cerca de 29,5 dias, o que faz com que fique rapidamente desfasado. Por isso, é preciso acertá-lo, inserindo um mês extra a cada dois ou três anos, que pode aparecer intercalado entre quaisquer outros meses “normais”. 

Dia 14 a Lua passa a 5 graus de Júpiter e dia 16 atinge o quarto minguante. No dia 18, o nosso satélite está na constelação do Touro, mesmo por cima do “retângulo” de Orion, uma das constelações típicas do inverno. 

Dia 20, às 05h54min, não será um ovni que estará a passar no meio da “frigideira” da Ursa Maior. A cerca de 50 graus de altitude, virado a noroeste, a “superestrela” em movimento é a Estação Espacial Internacional (ISS). Durante quase 5 minutos esta dirige-se para o horizonte, a nordeste. No pico de brilho, terá uma magnitude de -3,6, isto é, será quase tão brilhante como o planeta Vénus, que no dia 22, Vénus passa a 0,5 graus de Marte. 

No dia 24, ocorre a primeira “mini lua cheia” de 2024, isto é, o oposto de uma “super lua cheia”. Enquanto estas últimas acontecem quando a lua cheia calha próximo do perigeu (ponto de maior aproximação entre a Terra e a Lua), uma “mini lua cheia” ocorre quando o nosso satélite está no apogeu (o ponto de maior afastamento entre Terra e Lua). Esta é uma de duas mini luas cheias deste ano (a seguinte é já em março). 

Em média, uma mini lua é pouco menor (cerca de 6,5%) e menos brilhante (cerca de 13%) do que uma lua cheia normal, mas quando comparada com uma “super lua cheia”, a diferença chega aos 14% de tamanho e 30% de brilho. 

Boas observações.

“Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa