Céu de Dezembro de 2023

Durante o mês de dezembro de 2023, os planetas Saturno e Júpiter estão visíveis logo ao anoitecer, mas põe-se cada vez mais cedo. Saturno, virado a Sul ao anoitecer, passa abaixo do horizonte por volta das 23h00 no início do mês, mas põe-se às 21h30 no fim do mês. Quanto a Júpiter, que parece uma “super-estrela” virada a Este, ao anoitecer, põe-se às 5 da manhã no início do mês, mas por volta das 3 da manhã no fim de dezembro.

No início do mês, Mercúrio junta-se ao lote dos planetas visíveis ao anoitecer. Como este nunca está muito longe do Sol, no céu, só está visível mesmo a seguir ao pôr-do-Sol. A meio do mês, volta a cruzar em frente da nossa estrela e deixa de ser visível.

Quanto ao planeta Vénus, continua visível como “estrela da manhã”, mas já em rota de aproximação ao Sol, no céu. No início deste mês nasce por volta das 4 da manhã e no fim de dezembro, já mais perto das 5 da manhã.

No dia 5, a Lua atinge o quarto minguante e na madrugada do dia 9, um fino minguante passa a 4 graus do planeta Vénus.


Nesse mesmo dia, o mais famoso nómada do Sistema Solar atinge o afélio (o ponto de maior afastamento do Sol), a umas impressionantes 35 unidades astronómicas (cerca de 5 mil milhões de quilómetros) de distância. Por isso, a partir de dia 10, o cometa Halley começa a sua viagem de regresso ao interior do Sistema Solar, que o trará às redondezas do Sol (e da Terra) em meados de 2061.

Às 23h32 do dia 12, a Lua atinge a fase de lua nova. No dia 14 está num crescente muito fino, que se põe logo a seguir ao pôr-do-Sol, pelo que não afeta as observações do pico da “chuva” de meteoros das Geminíadas, que está previsto ocorrer por volta das 19h00. Esta “chuva” tem até 150 meteoros visíveis por hora no máximo (em céus escuros) e produz meteoros bastante brilhantes. Sem Lua, a noite de 14 para 15 de dezembro será das melhores do ano para ver rastos brilhantes a cruzar no céu (se a meteorologia o permitir).

Esta “chuva” deve o seu nome à constelação de Gémeos, onde está situado o radiante (o ponto de onde parecem emanar todos os meteoros). Tem a sua origem no rasto do objeto 3200 Phaethon (Faetonte), que não se sabe se será um asteroide ou o núcleo rochoso de um cometa "morto". Na mitologia grega, Faetonte era filho do deus Sol, Hélios.
No dia 17, a Lua passa a cerca de 3 graus do planeta Saturno e no dia 19 atinge a fase de quarto crescente.

No dia 22, a Lua passa cerca de 4 graus do planeta Júpiter. Às 03:27 desse dia, ocorre o solstício de Inverno (no hemisfério Norte). Esta é das noites mais longas do ano:

O Sol, no Porto, nasce às 7:57 e a pôe-se às 17:09, com o dia a durar 9 horas e 12 minutos. Em Bragança o dia dura 9h09min (das 7:51 às 17:00), em Coimbra 9h18min (das 7:53 às 17:11), em Lisboa 9h28min (das 7:51 às 17:19), em Faro 9h37min (das 7:42 às 17:19). Já no arquipélago dos Açores (Ponta Delgada), o dia dura 9h33min (das 7:55 às 17:28), enquanto na Madeira (Funchal), o dia dura 10 horas certas (das 8:06 às 18:06).

Solstício deriva da palavra em latim Solstitium, que significa “Sol parado” e está associada à ideia de que o Sol, ao atingir a sua mais alta (verão) ou mais baixa (inverno) posição no céu, fica estacionário. Isto verifica-se na duração do dia, que é, ao minuto, praticamente a mesma nos 4 dias imediatamente antes e depois do solstício.

Finalmente, para encerrar o ano astronómico de 2023, no dia 27 ocorre a lua cheia.

Boas observações, boas festas e votos de um 2024 mais pacífico.

Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

Figura 1: Simulação da órbita do cometa Halley, com indicação da posição do afélio, no dia 9 de dezembro de 2023. (Imagem: NASA/JPL-Caltech Small bodie database)

Figura 2: O céu virado a Este, às 19h30 do dia 14 de dezembro de 2023, com indicação da localização do radiante da chuva de meteoros das Geminíadas.

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