Lisboa: uma
cidade controlada por bandos de mafiosos?
O que se escreve na imprensa
portuguesa sobre Lisboa, é de tal ordem que estamos perante uma situação similar
à que ocorria em Itália, antes do terramoto político que assolou este país.
1. Um vereador
da CML, ainda em
exercício de funções, e a quem já foi movido movido um inquérito-crime por
um negócio de contornos pouco claros, é apontado como estando ligado directa ou
indirectamente a negócios privados em áreas onde possui poder de decisão: os
parques de estacionamento. (Público). Um outro começa a ser apontado,
Fontão de Carvalho, pelo facto de ser genro, ao que parece, de um dos
maiores construtores civis portugueses (Alves Ribeiro).
2.
Um antigo dirigente da CML (Miguel Portas) afirma publicamente, que possui provas sobre o pagamento
que esta câmara fez a uma empresa privada, de milhões de contos por uma
obra cujo custo não ultrapassava as
centenas de milhares de contos (Expresso.online).
3.Empresas municipais como a
EMEL ou a EPUL são apontadas como exemplos de uma completa falta de
transparência na gestão de dinheiros públicos (Expresso).
4.Jovens lisboetas acampam junto
à CML para denunciarem a corrupção que terá existido num concurso para
atribuição de casas, apontando o dedo a presidentes de juntas de freguesia (Público).
5.A construção na cidade
parece obedecer apenas a uma única lógica: a da especulação imobiliária.
Lisboa está desde há décadas dominada por redes mafiosas de construtores,
que operam em conivência com os serviços camarários (Expresso).
6. Um dos candidatos (Santana
Lopes) não pára de sugerir ligações do seu principal opositor (João
Soares) aos "lobbies" da construção civil. Primeiro afirmou que
este favoreceu nos licenciamentos camarários os seus amigos e até irmãos da Maçonaria (o
presidente das CML é um confesso "maçon" da Grande Oriente
Lusitano). Segundo, afirma que tem as "mãos limpas" (não está
corrompido), ao contrário do seu opositor que faz a campanha com dinheiros
de construtores civis. Terceiro, que se for eleito, a primeira prioridade
é fazer uma auditoria às contas da CML, tal é a extensão da corrupção
que irá encontrar.
7. O Presidente da CML é
apontado como tendo favorecido a Fundação do seu próprio pai
transferindo para a mesma recursos públicos. E por último, de ter aumentado de
forma também ilícita o património do Colégio Moderno propriedade da sua
família (Diário
Digital entre outros).
8. Dirigentes desportivos afirmam
que o Presidente da CML lhes terá prometido milhões de contos para a
construção de estádios de futebol, sem que o mesmo seja capaz de esclarecer a
validade desta promessa (Expresso).
9.Para cúmulo, um candidato a
primeiro ministro (Paulo Portas) afirma que em Lisboa o que se discute não é a
existência de corrupção na CML, mas sim a sua dimensão. Esta pode ser
classificada, por vezes, de pequena, média ou grande. A sua questão está apenas
na necessidade de introduzir rigor na aplicação dos vocábulos.(Expresso).
10. Como se tudo isto não
bastasse, organizações internacionais apontam-nos como os mais corruptos
na União Europeia, afirmando que a corrupção atinge profundamente a
máquina do Estado e em particular as autarquias (vários jornais).
Colocadas as questões neste
ponto, é natural que qualquer cidadão, se interrogue o que anda a fazer a
Procuradoria Geral da República, o Presidente da República, a Polícia
Judiciária, a PSP, etc.
Carlos Fontes, Lisboa, 2001 |