Curso de Educação Para a Cidadania Formação Cívica
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Introdução (.. |
Lisboa é, no contexto europeu, uma capital singular em termos de civismo dos seus habitantes. As regras mais elementares para uma harmoniosa vida em comum, num espaço citadino são aqui sistematicamente ignoradas. Um grande número de lisboetas servem-se de poderosos instrumentos,como os automóveis e os animais de estimação. Os passeios destinados aos peões estão atulhados de automóveis, sendo estes obrigados a andar nas ruas. Os carros invadem e destroem os jardins públicos, estacionam nas passadeiras para peões, nas paragens dos transportes públicos, bloqueiam as entradas dos hospitais, edifícios de apartamentos e até dos próprios parques de estacionamento, tornando desta forma um suplicio a vida dos transeuntes, especialmente os mais idosos e deficientes. Não contentes, apesar das campanhas em sentido contrário, continuam a alimentar bandos de pombos que se tornaram numa nefasta praga para a cidade: corroem os monumentos e propagam doenças. As crianças estão impossibilitadas de brincar em espaços relvados ou em parques infantis, pois os mesmos tornaram-se em locais privilegiados para os cães defectarem sendo aqui conduzidos pelos seus orgulhosos donos.. Grupos de jovens dedicam-se a pintar edíficos públicos e privados, estações de transportes públicos, estátuas, sinais de transito, painéis informativos com o único objectivo de assinalarem a sua presença. Estes e muitos outros exemplos são objecto de inúmeros lamentos quotidianos da população nos orgãos de comunicação social. As culpas desta situação são atribuídas por inteiro à ineficiência dos serviços camarários, os quais por sua vez acusam os munícipes de não cuidarem da cidade onde vivem. Duas coisas são consensuais: muitos lisboetas não assumem a cidade como algo que lhes pertence nem tomam os outros em consideração nos seus actos quotidianoss. Falta CIVISMO. A agravar esta situação, refere-se também os graves problemas de integração social de um elevado número de imigrantes das mais diversas proveniências do mundo, assim como duas importantes minorias éticas de portugueses, os ciganos e os de origem africana. Neste ponto, as questões da falta de civismo interligam-se com os problemas do acesso à CIDADANIA. Foi a pensar em tudo isto, que resolvemos iniciar um curso sobre educação para a cidadania/formação cívica, apoiados em experiências concretas de um bairro de Lisboa, mas que podiam ser igualmente as de qualquer outro bairro não importa a cidade ou o país. Ao longo das próximas semanas iremos abordar um vasto conjunto de assuntos, assim como apresentar exemplos e pistas para intervenções cívicas que contribuem ao nível local para a criação de um mundo melhor. |
Carlos Fontes (2007) |