Empresário nega Favores

"Se houver alguém que quiser fazer e explorar o parque de estacionamento faça favor. Eu fico muito satisfeito com isso e entrego à Câmara tudo o que me foi cedido." Com esta afirmação, Carlos Saraiva sintetiza a sua posição sobre as cedências de terrenos - "à superfície e em subsolo", esclarece - que negociou no ano passado com a autarquia.

De acordo com o empresário, a construção e exploração do parque subterrâneo e o arranjo de todo o espaço fronteiro à Universidade Moderna foi uma "imposição" que lhe foi feita pela Câmara e pelo Instituto Português do Património Arquitectónico, "como condição da viabilização do hotel". Carlos Saraiva acrescenta que, em certa altura, até escreveu à Câmara a dizer que "havia limites para as exigências" que lhe estavam a ser feitas. "Para mim o ideal era que a Câmara fizesse o parque de estacionamento e me deixasse a mim fazer o hotel."

Para justificar o pedido de cedência de um espaço público em torno do velho palacete que pretende transformar em hotel, o investidor sustenta que um estabelecimento de cinco estrelas "tem uma certa forma de estar" e implica "uma zona de defesa da sua vivência".

O pedido de cedência dos terrenos foi dirigido por Carlos Saraiva ao vereador do Trânsito, Machado Rodrigues, 15 dias depois de uma outra sociedade de que Saraiva é o principal sócio ter vendido ao autarca várias fracções numa urbanização vizinha, a preços muito inferiores aos do mercado (Ver PÚBLICO de 14/11/2001). A propósito deste facto, o empresário afirma que "o assunto do parque de estacionamento não tem nada a ver com o senhor vereador Machado Rodrigues" e acrescenta que o negócio das fracções por ele adquiridas foi combinado com os anteriores sócios da empresa proprietária [entre os quais se encontrava o ex-ministro Vera Jardim], muito antes de ele e os seus sócios terem comprado as respectivas quotas. "Eu limitei-me a herdar um acordo que tinha sido feito antes da construção do empreendimento", salientou.

J.A.C