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Judaísmo em Portugal
Carlos Fontes
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O debate que faltava
fazer
Auto de Fé na Plaza Mayor de
Madrid, em 1683. A quase totalidade dos condenados eram portugueses. |
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Portugueses
Vítimas da Inquisição em Espanha
Quando
se fala da Inquisição espanhola na América, raramente se refere que a maioria
das suas vítimas eram portugueses. Sabia que morreram mais portugueses em
Espanha vítimas da Inquisição do que em Portugal ? Mais
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Patriotismo dos
portugueses judeus
Está profundamente interiorizado na
mente dos historiadores portugueses, na sua grande maioria de formação
católica, a ideia que só os católicos são verdadeiramente portugueses. Os
que professam outras religiões são simplesmente tratados
como judeus ou protestantes. O objectivo não confessado é exclui-los do grupo dos portugueses. A verdade é que história destes excluídos
está repleta impressionantes exemplos de amor à pátria, mesmo depois de terem
dela sido obrigados a fugir.
A expansão portuguesa desde o
inicio (1415), contou com inúmeros judeos que deram a sua vida ao serviço deta
causa nacional. Mestre Abraão Negro, rabi-mor de D. Afonso V, por exemplo,
morreu na conquista de Arzila (1471), onde compareceu com os seus servidores, a
cavalo (2 ).
No período de ocupação de
Portugal pela Espanha, entre 1580 e 1640, os exemplos foram multiplos. No país
aparecem à frente de muitas revoltas contra os espanhóis. Em Espanha anunciam
castigos divinos pela ocupação, profetizando uma breve libertação. Nos
mares, como corsários ou piratas não dão tréguas ao Império Espanhol,
aliando-se a ingleses, franceses e holandeses. Ao saberem da restauração da
independência em 1640, promovem movimentos de apoio contra os espanhóis no
México, Perú, Colombia e na Argentina.
A maioria dos que fugiram nos
séculos XVI e XVII nunca esqueceu as suas origens, manteve, por exemplo, a
língua e costumes, praticando um forte endogamia. Mais. |
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Ideias básicas
sobre o Judaísmo
Uma das religiões
mais antigas e complexas do mundo, explicada de forma simples. Mais
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Bíblia de Cervera
Iluminura Hebraica
Era muito significativa a
presença de judeus em Portugal, no século XV. No final do século, para uma
população calculada em cerca de 1, 5 milhões, entre 10 a 20% eram judeus (7).
Uma das mais eloquentes
expressões culturais da sua presença foi a escola de iluminura hebraica de
Lisboa no final do século, e a criação das primeiras tipografias no pais em Faro, Lisboa e Leiria. Mais |
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Judeus Vítimas
da Inquisição em Portugal
Entre 1540 e 1821 a Inquisição
portuguesa, em todos os seus tribunais, instaurou 44.817 processos, executou
2.064 pessoas, das quais 600 foram em esfinge (estátua). Cerca de mil dos
mortos foram acusados de judaísmo. Mais
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O Mito da Raça
Hebreia
As ideias racistas
e sionistas no século XIX criaram a ideia que os judeus eram uma raça à
parte, que graças a um forte processo endogamico se manteve sem alterações genéticas desde
o século I quando foram expulsos da Palestina.
Trata-se de uma teoria racista sem qualquer fundamento.
As teorias racistas não são novas. No século XV os castelhanos
e aragoneses conceberam a ideia da "pureza de sangue": um católico se
tivesse um antepassado de religião judaica era impuro, como impuros eram os
judeus.
Portugal foi até
final do século XVIII, conhecido
como uma nação de judeus, tal era o grau de "impureza" do sangue dos seus
habitantes, ainda que fossem maioritariamente católicos...
Na
Idade Média, em Portugal, a conversão era suficiente para passar do judaísmo
para o cristianismo. A miscigenação era intensa. Duas leis portuguesas datadas
de 1211 referem o assunto: Uma proíbe ao pai judeu que deserde o filho que se
fez cristão. A outra proibe a conversão temporária, para evitar conversões
oportunistas.
No final do século XV e
principios do XVI são frequentes os casamentos de fidalgos com ricas herdeiras
judias.
O
regimento dos Ofícios Mecânicos de Lisboa, datado de 1572, estabelecia que a
metade dos eleitores deveriam ser descendentes de judeus. Em 1647, quase todas
as dignidades da Sé de Lisboa eram descendentes de judeus. No
estrangeiro, muitos portugueses católicos,
para não serem identificados como judeus
escondiam a sua nacionalidade.
Ao longo de séculos, podemos observar a um constante cruzamento entre
judeus e católicos, o que levou que ambos comunguem do mesmo património
genético em Portugal.
Inúmeros judeus converteram-se ao cristianismo, mas o contrário
também aconteceu com bastante frequência, cristãos que se convertiam ao judaísmo. Um
exemplo: Um frade pregador, irmão do célebre Simão Dias Solis, impressionado
pela forma como o mesmo fora julgado e morto, renunciou ao catolicismo,
refugiou-se na Holanda, tendo-se convertido ao judaísmo, adoptando o nome de
Eleazar de Solis.
Um estudo internacional sobre o património genético da população portuguesa,
corroborou aquilo que os historiadores à muito sabiam: Ainda hoje 37% tem material genético de antigos judeus da Palestina. A acreditar nos resultados deste estudo, temos que concluir que
existem mais "judeus" (biológicos) em Portugal do que em Israel !,
muitos dos quais aliás são de origem lusa... |
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As razões do
Ódio aos Judeus
Muitas têm sido as explicações
para o ódio que ao longo dos séculos os judeus foram vítimas na Europa.
A
intolerância dos católicos tem sido uma das causas mais apontadas, mas no caso
português provavelmente não foi a mais importante.
O ódio que a população
portuguesa, maioritariamente católica,
manifestava contra os judeus estava ligado a uma actividade exercida pelos
mesmos: a cobrança de rendas e empréstimo de dinheiro.
Embora fosse uma minoria os que exerciam esta actividade, mas a tendência foi para associar esta actividade
a todos os outros.
D. Afonso Henriques (1109-1185),
entre os vários judeus de que se rodeou, destaca-se Yahia Ben Rabb, o primeiro
tesoureiro das finanças do reino, abrindo uma tradição que se prolongou
durante vários séculos.
A Igreja Católica encarava estas
actividades como desprezíveis, associando-as aos valores materiais e à
usura.
A verdade é que o Estado, a Nobreza
e a própria Igreja viviam de rendas e do aluguer das rendas, para as quais
necessitavam de cobradores.
Em épocas de crise económica, o
ódio contra os poderosos é descarregado nos seus cobradores fossem eles de
religião judaica ou cristã.
Em 1497, a "conversão" à
força ao catolicismo, da esmagadora maioria dos portugueses judeus, acabou por
manter nas mesmas mãos a cobrança de rendas e impostos. O ódio da
população, sobrecarregada de rendas e impostos, virou-se a partir de então
contra os denominados "cristãos novos", antigos judeus.
A crise económica do inicio do
século XVI, por exemplo, começa com o assassinato, em 1503, do cristão-novo João Rodrigues de Mascarenhas, cobrador de impostos, e termina, em 1506, com a
matança de muitos cristãos-novos no Rossio (Lisboa). |
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A Casa de
Bragança e os judeus
Os
Duques de Bragança viviam rodeados de judeus (mercadores, serviçais, etc). Uma
das suas principais fontes de rendimento eram as rendas da judearia de Lisboa. O facto menos conhecido é que a própria Casa
de Bragança, a casa Real de Portugal, tem na sua origem um portuguesa judia.
O
mestre de Avis, futuro rei D. João I, teve um filho bastardo de uma
judia - Dona Inês Pires Esteves, filha única de Mendo da Guarda ou Pêro
Esteves, o "Barbadão".
A
alcunha de "Barbadão" terá derivado do desgosto que Pêro Esteves
sentiu por assistir na cidade da Guarda a este romance impossível da sua filha
judia com um cristão (Mestre de Avis). Terá então jurado não cortar as suas
barbas. Como muitos outros judeus, "converteu-se" ao cristianismo,
mantendo-se todavia fiel às suas crenças.
Inês
Esteves entrou para o Convento de Santos, cujo governo lhe será confiado. Foi
neste convento em Lisboa, que Colombo conheceu e se casou com Filipa Moniz
Perestrelo.
Pêro
Esteves está sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Mileu, em Veiros (Avis, Alentejo), povoação onde nasceram duas crianças deste amor impossível:
- Dona Brites, que se casou com um nobre inglês, conde de Arundel.
- D. Afonso (1377 ou 1380) que foi o 8º conde de Barcelos e 1º duque de
Bragança. O iniciador da poderosa Casa de Bragança, após se casar com Dona
Beatriz Pereira, filha de D. Nuno Alvares Pereira.
Dadas
estas ligações aos judeus, não admira que D. João I tenha sido um dos seus
protectores, impedindo inclusive que fossem convertidos à força.
A
Casa de Bragança mostrou-se ao longo do século XV, sempre muito próxima dos
judeus, mas uma inábil política de casamentos com castelhanas acabou por
incutir no país o virus da intolerância religiosa. |
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Nobreza Judaica
Os judeus em Portugal não apenas
tinham acesso à corte, a altos cargos na mesma, mas também podiam ter
direito ao tratamento de "dom", usarem brasões, fazerem doação de
bens, constituir morgadios e terem outros privilégios próprios da nobreza.
D. Fernando, por exemplo, concedeu dois dos mais importantes morgadios do
reino ao judeu Moisés Navarro. Mais |
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A Alegada Maior
Agilidade Intelectual dos Judeus em Relação aos Cristãos
Não existe
provavelmente nenhuma crença religiosa que não afirme a sua superioridade. O
judaísmo não é diferente neste aspecto. Os seus crentes sempre se assumiram
de alguma forma como superiores, porque transportam consigo o fardo de serem
supostamente descendentes de um grupo de eleitos, escolhidos por Deus. Se isto
pode aumentar a auto-estima dos crentes, não os torna intelectualmente mais
ágeis.
A partir do século XIX,
nomeadamente em Portugal e Espanha, muitos historiadores têm atribuído ao judaísmo uma
maior capacidade de
estimular as capacidades intelectuais dos seus crentes. Em abono desta tese
apontam uma série notável de escritores, cientistas, comerciantes e
banqueiros judeus.
É um facto que ao
contrário dos católicos, os judeus sempre foram estimulados a
lerem e a interpretarem os textos sagrados, o que estimulou o desenvolvimento
das suas competências intelectuais. A Igreja Católica, e em especial a
Igreja portuguesa, sempre foi avessa à difusão da cultura letrada e ao
estudo dos textos sagrados pela população. Ao crente pouco mais se pedia do
que obedecesse aos padres, e seguisse o que estes lhe diziam. Os próprios
padres católicos nunca primaram pela sua cultura ou conhecimento da
religião. A maioria desconhece a Biblia e os grandes pensadores da Igreja
Católica.
A prova da
importância que teve os estudos bíblicos, para a difusão da literacia, está nos países protestantes.
Como é sabido, o estudo do textos sagrados, promovido depois do século
XVI pelos cristãos evangélicos (protestantes), acabou por produzir uma
verdadeira revolução nas regiões onde se implantaram. O aumento da literacia acabou por estimular o
desenvolvimento económico destas regiões, que facilmente suplantaram aquelas
onde os católicos predominavam.
Existe um outro
factor a considerar. O judaísmo na Europa foi sempre uma religião
minoritária, sendo os judeus sujeitos a duras condições de existência. Ao longo dos
séculos os seus crentes foram confrontados com criticas que colocavam em
causa os fundamentos da sua religião, obrigando-os de certa forma a
desenvolverem o espírito crítico e argumentativo. O facto
de se dedicaram a actividades económicas que que proporcionava grande
mobilidade terá ajudado a reforçar estes estímulos intelectuais. Mais |
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Inquisição em
Portugal
A
Inquisição em Portugal não pode ser desligada do contexto peninsular. Os reis
de Castela e Aragão nunca pararam de pressionar os reis de Portugal a seguirem
o seu exemplo, matando ou expulsando os judeus.
Desde
a independência de Portugal, em 1128, que os reis portugueses deram mostras de
uma enorme tolerância para com o judaísmo. D. Afonso II, por exemplo,
continuou a permitir que os judeus tivessem escravos cristãos. D. Afonso III e
D. Dinis atribuíram-lhes privilégios que negavam aos cristãos: não os
obrigavam ao pagamento do dizimo à Igreja Cristã, dispensando-os inclusive do
uso de sinais distintivos. No reinado de D. Fernando e de D. João I, enquanto
em Castela e Aragão, os judeus eram perseguidos em Portugal eram tomadas
medidas especiais para a sua protecção. Com D. Afonso V, os judeus desfrutam
de uma grande protecção, liberdade e apoio real.
O
judaísmo estava profundamente disseminado na cultura em Portugal, nunca se
afirmando como uma cultura distinta.
A
situação dos portugueses judeus altera-se bastante com D. João II, devido a
um facto da maior relevância. Num curto espaço de tempo entram em Portugal,
mais de 100 mil judeus fugidos de Castela e Aragão (1492). Ocorre então um
enorme aumento populacional em muitas localidades do país, alterando o próprio
equilíbrio entre cristãos e judeus. Portugal passa a ser conhecido como uma
nação de judeus, uma ideia muito difundida internacionalmente até final do
século XVIII. Mais |
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Portugueses
vítimas da Inquisição em Itália e na Flandres (Bélgica)
Muitos dos que fugiram às garras da
Inquisição em Portugal acabaram vítimas da Inquisição espanhola e italiana. Mais |
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Apelidos dos
Portugueses Judeus
Os portugueses
judeus tinham os mesmos nomes que qualquer outro português da sua época. Não
procuravam ser diferentes, mas assumiam-se como iguais. Mais |
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Geografia do
Judaísmo em Portugal
Em Portugal, no
final do século XV, o judaísmo estava largamente difundido por mais de 160 localidades,
em muitas das quais possuía grande número de
praticantes.
Algumas
das comunidades cuja implantação do judaísmo que iremos analisar: Alcácer
do Sal, Aljezur, Alcoutim, Alvito, Alvor, Alenquer, Aveiro, Argozelo, Barcelos, Beja, Belmonte, Braga, Bragança,
Borba, Buarcos,
Cacilhas, Caminha, Chaves, Carção, Castelo Rodrigo, Coimbra, Covilhã, Celorico da Beira, Castro
Marim, Crato, Elvas, Évora, Escarigo, Estremoz, Faro, Freixo de Espada à Cinta, Fundão, Funchal, Guarda, Guimarães, Gouveia,
Garvão, Idanha, Lagos, Lamego, Leiria, Linhares da Beira, Lisboa,
Pinhel, Porto, Castelo Branco, Castelo Vide, Covilhã, Condeixa, Lamego,
Marvão, Meda, Medelim, Melo, Miranda do Douro, Monsanto, Mogadouro, Monsaraz,
Mourão, Olivença, Oleiros,
Ourique, Odemira, Óbidos, Porches, Portalegre,
Pernes, Penamacor, Portimão, Ponta Delgada, Salzedas, Santarém, São João da Pesqueira, São
Vicente da Beira, Serpa, Setúbal, Tavira, Tomar, Torre de
Moncorvo, Torres Vedras, Torres Novas, Trancoso, Viana do Castelo, Vila Flor,
Vila Nova de Famalicão, Vila
Nova de Foz Côa, Vila Real, Vilar Formoso, Vilarinho dos Galegos, Viseu. Mais
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Judaísmo e
Sionismo
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O Grande Saque
A
Inquisição em Portugal esteve sempre envolvida em constantes conflitos entre
os clérigos portugueses e o papa, os quais só muito raramente diziam respeito
a questões doutrinais. O problema recorrente era a possibilidade do confisco
(roubo) dos bens dos condenados, uma das principais razões da existência e
perpetuação da própria Inquisição. Mais |
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Influência do
Judaísmo na Cultura Portuguesa
A
língua portuguesa regista uma enorme quantidade de palavras de origem árabe, e
comparativamente muito poucas de origem hebraica. No entanto, a influência do
judaísmo é enorme na cultura portuguesa, porque mais disseminado e integrado. Mais
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O Drama dos
Portugueses Judeus na Literatura Mundial
Os Auto de Fé em Espanha e Portugal
chocavam todos os livres pensadores. Muitos foram os que durante a barbárie e
depois dele escreveram sobre os horrores da Inquisição.
Montesquieu (1689-1755)
deixou refere o caso português em duas obras imortais: O Espírito das Leis e as Cartas Persas. Na primeira, no capitulo XII, denuncia o fanatismo da
Igreja Católica. Na segunda, nas cartas LX e LXXVIII, faz um dos seus mais
famosos discursos humanistas e iluministas.
Voltaire, tem no romance
"Cândido" (Cap. VI), um dos mais célebres episódios da inquisição
portuguesa. A cena passa-se em Lisboa, envolvendo dois padres da Universidade de
Coimbra, que discutem sobre as virtudes de queimar pessoas para evitar
terramotos. Mais |
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Iconografia dos
Judeus
Os judeus sempre se procuraram
distinguir dos crentes de outras religiões. Viviam em bairros próprios
(judiarias ou guetos), possuíam os seus tribunais, formas particulares de
prepararem os alimentos, etc. Tinham também sinais distintivos
inconfundíveis, uns eram auto-impostos, outros foram-lhe impostos pelos
cristãos.
Rodela Amarela. Esta rodela,
em geral amarela, foi aprovada no IV Concílio de Latrão de 1215, convocado
pelo papa Inocêncio III. Os judeus já usavam estes sinal no peito,
nomeadamente em França, onde eram obrigados usá-lo no início do século XIII.
Em Portugal, no século XV, eram em princípio obrigados a usar "sinais
vermelhos de seis pernas cada um, no peito, acima do estômago"
(Ordenações Afonsinas, Livro II, Título 86).
Barbas e Rabichos de Cabelo.
Trata-se de um prescrição da Tora: "Não cortareis o cabelo arredondando
os cantos da vossa cabeça, nem danificareis a ponta da tua barba",
Levítico, 19,27. Os judeus ortodoxos não cortavam o cabelo detrás das
orelhas.
Chapéu pontiagudo. O
concílio de Viena de 1267 impõe aos judeus o uso obrigatório de um chapéu
pontiagudo, com a forma de um funil invertido. Este chapéu acabou por ser o
sinal identificativo mais comum dos judeus em Portugal. Mais. |
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Intolerância
Religiosa: Ninguém tem as mãos limpas
Alguns dos mais ferozes
perseguidores dos judeus eram descendentes de judeus. A história do judaísmo
em Portugal está repleta destes exemplos. No reinado de D. Afonso V, por
exemplo, um dos que mais se evidenciou no anti-judaísmo foi o mestre Paulo,
antigo judeu. No reinado seguinte, destacou-se nesta propaganda outro antigo
judeu, mestre António, de Tavira, físico e afilhado de D. João II. Mais.
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Bibliografia
sobre o Judaísmo em Portugal
A presença do judaísmo em Portugal
tem sido uma constante na sociedade portuguesa, o que se reflecte de forma
expressiva, numa extensa bibliografia. Mais |
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Diáspora dos
Portugueses Judeus
Desde 1497 milhares
de portugueses cristãos novos, muitos dos quais eram judeus, saíram do país
indo povoar e desenvolver muitos reinos. Depois do estabelecimento da
Inquisição, em 1536, o seu número não parou de aumentar.
A maioria dos que
saíam pretendiam apenas começar uma vida nova, longe dos olhares da Igreja
Católica, que via em todos eles um judeu.
Muitas testemunhas
da época, afirmam que só na primeira metade do século XVII, cerca de 25% dos
portugueses saíram do país.
Espalharam-se pelas
regiões muçulmanas do Mediterrâneo, como Marrocos (Fez, Tetuão), Tripoli,
Tunes, Argel, Egipto, Teberiades (Palestina), Chipre, Salónica, Damasco e Turquia (Constantinopla...).
Nas praças
portuguesas de Ceuta, Arzila, Safim, Tanger, Azamor e Mazagão fixaram-se
também em grande número.
Em Itália formaram
grandes comunidades sobretudo em Ferrara, Ancona e Nápoles, e em menor dimensão em
Veneza, Ragusa, Ancona, Florença, Roma, Bolonha ou Pisa.
Em França as
comunidades portuguesas no século XVI eram significativas em Baiona, Bordéus, S. João
da Luz, La Rochelle, Toulouse, Nantes, Montauban, Lião, Ruão e Paris.
Na Flandres
(Bélgica) a comunidade era enorme em Antuérpia. A partir daqui expandiram-se
Amesterdão, Roterdão e Haia e outras cidades dos Países Baixos. O seu poder e influência
foi enorme.
Na Alemanha
constituíram uma importante comunidade em Colónia, Lubeque e Hamburgo. Mais a
norte fixaram-se também em Gdanks (Polónia). Na Inglaterra fizeram de
Londres o seu centro.
Nos principais
centros urbanos de Espanha, mas também nos seus domínios na América,
proliferavam as comunidades de católicos e de judeus. Mais
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A Longa Guerra
Social: Católicos contra Cristãos Novos
Em Portugal até
finais do século XV foram raros ou nulos os tumultos da
populaça contra os judeus. Tudo mudou depois de 1497, quando D. Manuel I impôs
a conversão forçada dos judeus aos cristianismo.
Os cristãos novos serão a partir
daqui alvo de vários motins por parte dos católicos (cristãos velhos) para os
matar. Vários episódios marcaram esta guerra social: os motins de 1504 (Lisboa), 1505 (Évora), 1506
(Lisboa), 1524 (Évora), 1531 (Lisboa), 1605 (Lisboa), 1630 (Lisboa, Coimbra,
Santarém, Portalegre, Torres Novas, Évora e Braga) e 1671 (Lisboa). Por detrás deles estiveram sempre clérigos da Igreja Católica,
a maioria dos quais espanhóis ligados
à Ordem de S. Domingos, os "cães de Deus".
A propaganda contra
os cristãos novos acusou-os de quase tudo: os seus antepassados judeus mataram
Jesus Cristo, traziam epidemias, provocavam terramotos, eram falsos,
especuladores, tinham rabos como os macacos, etc. Mais |
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